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Uma biblioteca pública não é um espaço dedicado somente ao empréstimo de livros. Há quem frequente o local como uma forma de lazer, ou seja, pelo prazer de estar naquele ambiente. Embora recente pesquisa da Federação do Comércio (Fecomércio) do Rio de Janeiro revelar que 70% dos brasileiros não leram um livro em 2014, ainda existe pessoas que nadam contra a maré e usam intensamente o ambiente bibliotecário.

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A Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco possui um acervo que contempla mais de 270 mil títulos, além de mais de 370 mil volumes de periódicos, nacionais e estrangeiros, classificados em mapas, manuscritos, iconografias e folhetos. O espaço está localizado no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife, e recebe pessoas de todos os lugares. “Para cá, vêm desde moradores de rua a pesquisadores internacionais renomados”, afirmou a chefe da unidade de atendimento ao público, Andréa Batista.

A biblioteca se torna muito mais do que um ambiente de empréstimo de livros. Oficinas, cursos, locais de convivência, salas de leitura de jornais, salas de leitura em Braille e laboratórios de informática podem ser usufruídos pelos frequentadores.  A partir da próxima terça-feira (12), reeducandos da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) irão participar do projeto “Incluir é Preciso”. “Nele, os socioeducandos vão participar de projetos de inclusão social por meio da tecnologia”, explicou Andréa.

Apaixonados pelo ambiente bibliotecário


O frentista Flávio Reginaldo Rafael, de 24 anos, estuda, todos os dias, desde seus 20 anos, na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco. O jovem contou que passa o dia todo no local estudando para concursos. “Eu comecei a vir aqui com meus amigos para estudar para a ESA [Escola de Sargentos das Armas] quando Eu tinha 20 anos. Acabei reprovando três anos e não posso mais fazer, então estou me preparando agora para o concurso da PM [Polícia Militar]”, explicou Flávio. 

Ele disse que escolheu o lugar pela calmaria. “Em casa eu não posso estudar com tranquilidade. Chega um amigo ou um primo para conversar, televisão com volume alto, música do vizinho... Tudo isso atrapalha muito”, completou Flávio Reginaldo. 

Quem também não troca o ambiente da biblioteca é o vendedor Devaldo Oliveira Costa, de 62 anos. Desde seus tempos de colégio (ele lembra, com certa dificuldade, nos anos 70) que o setor de recepção virou a extensão da sua casa. “Eu venho estudar aqui, sou formado em direito e tenho pós-graduação em direito penal. Adoro esse ambiente calmo e tranquilo, sempre fui bem atendido e em uma biblioteca sempre se têm valores a agregar”, explicou, Devaldo, o motivo de sua paixão.

O vendedor chegou a afirmar que passa mais de cinco horas diárias dentro das instalações de Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco. “Se abrisse, eu estaria aqui, também, nos sábados e domingos”, brincou Devaldo. 

Apesar de gostarem do ambiente da biblioteca, os dois frequentadores também apontam defeitos nas instalações. “Os banheiros e os bebedouros, por exemplo, vivem interditados”, comentou Flávio Reginaldo. O frentista sugeriu que tais defeitos seriam consequência das atitudes dos próprios usuários. “As mesmas pessoas que usam são as que quebram os sanitários, gastam excessivamente o papal higiênico, tiram os equipamentos do bebedouro”, disse. Já Devaldo apenas sente falta de uma lanchonete. “Uma ‘lanchonetezinha’ aqui seria ótimo, não é?”, brincou.

Dificuldades

A chefe da unidade de atendimento ao público, Andréa Batista, afirmou que a Biblioteca Pública de Pernambuco passa por diversas dificuldades.  Segundo a gestora, as verbas encaminhadas pelo Estado não são suficientes. “Muitas vezes temos que procurar um incentivo externo para conseguir custear e manter nossas instalações”, explicou.

O novo laboratório de informática, por exemplo, onde os socioeducandos da Funase irão ter suas atividades, é uma parceria com a Instituição Bill Gates com o Comitê para Democratização da Informática (CDI) de Pernambuco. 

Andréa também reclama da ação dos próprios usuários. “Muitas vezes fazemos a reparação de banheiros e bebedouros, por exemplo, e no outro dia já está quebrado novamente. Recentemente consertamos o vaso sanitário e na semana seguinte roubaram a tampa. Assim não há manutenção que suporte”, comentou. “Por isso, ações de conscientização estão sendo desenvolvidas dentro das nossas instalações para que os frequentadores vejam que tudo aqui é de todos e destruindo alguma coisa da biblioteca seria como acabar com nossos próprios membros”, finalizou a gestora.

Bibliotecas fechadas

Em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, a Biblioteca Pública Municipal Silvino Lopes encontra-se inativa. No Recife, as bibliotecas de Casa Amarela e Afogados também não estão em funcionamento. Todas as três unidades alegam reforma das instalações e modernização dos acervos.

Onde encontrar bibliotecas públicas

Recife

Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco

Endereço: Rua João Lira, s/n – Santo Amaro

Telefones: (81) 3181-2642 / Fax: (81) 3181-2640

Horário de funcionamento: das 8h às 19h45 (janeiro)/das 8h às 20h45 (demais meses)

Biblioteca Popular de Casa Amarela (fechada para reforma)

Previsão de reabertura: primeiro semestre de 2016

Endereço: Rua Major Afonso, s/n

Biblioteca Popular de Afogados (fechada para reforma)

Previsão de reabertura: primeiro semestre de 2016

Endereço: Rua Jacira, s/n

Moreno

Biblioteca Municipal João Dourado Filho

Endereço: Rua Ormenzinda Vasconcelos, s/n – Centro

Horário de funcionamento: 8h às 17h (intervalo 12h às 13h30)

Bonança

Biblioteca Municipal Severina Julieta de Holanda Vasconcelos

Endereço: Rua Cláudio Joaquim, s/n

Horário de funcionamento: 8h às 17h (intervalo 12h às 13h30)

Paulista

Biblioteca Pública Municipal Silvino Lopes (fechada para reforma)

Endereço: Rua Rufino Marques, nº 14 – Centro

Previsão de reabertura: primeiro semestre de 2016

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