Lançado recentemente pela Motorola, o Milestone 3 é como o “Novo Fusca” (New Beetle): mantém o espírito dos modelos originais, mas por dentro é uma criatura completamente nova. Com um processador dual-core e uma enorme tela de 4 polegadas, ele é mais próximo de aparelhos como o Atrix (também da Motorola) do que de seus antecessores.
O design é muito similar ao dos dois primeiros modelos, preto e quadradão com um teclado deslizante sob a tela. E apesar dela, o Milestone 3 não é muito maior que seus ancestrais: Em comparação com o Milestone 2 são cerca de 4 mm a mais na largura e 7 mm na altura, num total de 64.1 x 123.3 x 12.9 mm. O peso também subiu, para 184 gramas (15 g a mais).
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O teclado é bastante confortável, o melhor entre todos os aparelhos da família. O layout é o mesmo encontrado no Milestone 2, com setinhas substituindo o “direcional” que ficava à direita do teclado no original. Uma mudança importante é a adição de uma quinta fileira de teclas, com números: antigamente, para digitá-los era necessário usar combinações com a tecla ALT e as letras da fileira superior.
Outra mudança que pode passar desapercebida à primeira vista: há um conector HDMI Tipo D (também conhecido como “mini HDMI”) na lateral esquerda. Com ele, é possível conectar o aparelho a uma TV de alta-definição e espelhar na TV tudo o que acontece na telinha. Bom para assistir filmes em HD armazenados na memória interna (a saída é em 1080p, ou “Full HD”) e para jogar. E o cabo já vem incluso na embalagem.
Hardware e desempenho
Quando soube que o Milestone 3 é equipado com um processador dual-core de 1 GHz, logo imaginei que se tratava do mesmo Nvidia Tegra 2 usado no Atrix e em tablets Honeycomb como o Xoom. Mas na verdade ele é um Texas Instruments OMAP4, acompanhado por 512 MB de RAM e 16 GB de memória interna, expansível a 32 GB com cartões microSD. A GPU é uma PowerVR SGX540, mesma utilizada no Galaxy S original, o que garante um ótimo desempenho em gráficos 3D e multimídia.
A tela de 4 polegadas tem resolução de 540 x 960 pixels (chamada pela Motorola de qHD), mesma do Atrix e do iPhone 4, coberta por um painel de “Gorilla Glass”, mais resistente a riscos que o vidro comum usado em outros aparelhos. A cor e nitidez da imagem são excelentes, com ótimos ângulos de visão. Entretanto, notei um certo efeito “fantasma” na imagem: as bordas de objetos em movimento tendem a borrar, algo mais notável durante a reprodução de vídeos.
Nos testes de desempenho o Milestone 3 não fez feio. Chegou a 2639 pontos no Quadrant e 2654 pontos no teste de produtividade do Smartbench 2011, atrás apenas do poderoso Galaxy S II. Mas ganhou dele no teste de desempenho em jogos no Smartbench 2011, com 2497 pontos (contra 2168 no aparelho da Samsung). Por fim no NeoCore, que testa o desempenho gráfico (especialmente em jogos) o Milestone 3 chegou a admiráveis 57.3 FPS.
Já em testes mais práticos, rodei jogos sofisticados como Need for Speed: Shift e Spider Man: Total Mayhem sem problemas. Também consegui rodar vídeo em HD (720p) no formato MKV usando o MX Player e a opção “Soft Decoder (Fast)”, já que o formato não foi reconhecido pelo player nativo. Decodificação de vídeo via software, sem ajuda da GPU, é uma tarefa computacionalmente intensa, e o sucesso demonstra o poder do processador OMAP4.
Fotos e vídeo
Inicialmente tivemos problemas com a câmera do Milestone 3, que produziu fotos com séria distorção de cor, fruto de um bug no aparelho que testamos. Recebemos um outro aparelho da Motorola, e a revista PC World produziu um extenso teste de câmera.
Software
O Motorola Milestone 3 roda a mais recente versão do sistema operacional Android: é a 2.3.4, codinome “Gingerbread”, que tem como destaque a possibilidade de fazer videochamadas usando o aplicativo do Google Talk. E como de praxe em aparelhos da Motorola, ele também roda o software Motoblur, projetado para facilitar o acesso e compartilhamento de conteúdo em múltiplas redes sociais.
O usuário tem à disposição 5 telas iniciais, onde podem ser colocados widgets e atalhos para seus aplicativos favoritos. Não encontramos uma opção para adicionar ou remover telas, como em outras interfaces. Há vários widgets à disposição, de listas de tarefas e previsão do tempo a um painel que lista seus contatos mais frequentes, e eles podem ser redimensionados à vontade, o que dá mais flexibilidade na hora de organizar as telas.
Fora os aplicativos padrão do Android, há pouca coisa pré-instalada pela Motorola, o que é bom. Há um cliente Citrix, para acesso remoto ao desktop de um PC corporativo, um cliente DLNA, para facilitar o compartilhamento de fotos, músicas e vídeos com TVs e aparelhos que suportem este protocolo, o MOTOPRINT, para facilitar a impressão de arquivos em impressoras conectadas a uma rede, o pacote Office QuickOffice, com editor de textos, planilha de cálculo, software para apresentações e leitor de PDFs, e versões de demonstração de alguns jogos.
Descobri dois recursos muito úteis do MOTOBLUR: o primeiro é uma espécie de “trava”, que bloqueia o aparelho caso o SIM Card seja removido ou substituído. Nesses casos, é necessário digitar seu nome de usuário e senha do MOTOBLUR para continuar usando o aparelho. Com isso, se o aparelho for perdido ou roubado, quem o “encontrar” não conseguirá usá-lo, nem terá acesso aos seus arquivos e informações.
O outro é o “Portal do Telefone”, que já existe em alguns outros aparelhos da Motorola: basta conectar o Milestone 3 à mesma rede Wi-Fi que seu PC para poder acessar, usando um navegador, as mensagens, fotos e arquivos nele armazenados. É possível ler e responder a mensagens SMS, alterar configurações (como o ringtone ou papel de parede), ver e até editar (recortar e girar) fotos feitas com a câmera e até mesmo copiar arquivos da memória do smartphone para o PC, e vice-versa. Tudo isso sem nenhum fio.
Bateria
Testei a bateria do Milestone 3 na prática, como já foi feito em outros aparelhos. Deixei a busca por redes Wi-Fi ligada, Bluetooth e GPS desligados, brilho da tela no automático e o usei no dia-a-dia. Durante alguns dias usei cerca de 2 horas e meia de 3G por dia (em períodos de uma hora pela manhã, meia hora no almoço e outra hora no fim do dia), tirei algumas fotos, fiz e recebi poucas chamadas, instalei alguns aplicativos e deixei o aparelho em espera na maior parte do tempo, conectado a uma rede Wi-Fi na redação com atualização de Twitter e GMail em segundo plano.
Nesse perfil de uso, recebi um alerta de 15% de bateria restante após cerca de 12 horas de uso em média, o que dá uma autonomia estimada em cerca de 14 horas. Notem que quase não fiz chamadas durante o período de testes (duas ou três por dia, no máximo, todas curtas), portanto quem fala bastante poderá ver uma autonomia menor.
É suficiente para um dia de trabalho, mas quem faz uso mais intenso de seu smartphone terá de andar com o carregador na bolsa. Mas há uma boa notícia: a Motorola inclui na caixa do Milestone 3 um carregador veicular, assim você poderá “completar o tanque” no caminho de casa para o trabalho, e vice-versa.
Veredito
Recentemente vi alguém apelidar o Milestone 3 de “Atrix com teclado”. Apesar de diferenças no hardware e em alguns recursos (como a ausência de uma Lapdock) o apelido é adequado: ele é poderoso como seu “primo”. Quem procura um smartphone Android e não abre mão de um teclado QWERTY tem no Milestone 3 uma boa opção.