Tópicos | Átila Jacomussi

A Câmara dos Vereadores de Mauá (SP) aprovou hoje (16) a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito da cidade, Atila Jacomussi. Em sessão extraordinária, o plenário acolheu denúncias por crime de responsabilidade com pedido de cassação de mandato eletivo do prefeito. Ele tem dez dias para apresentar defesa após ser notificado.

O prefeito só será considerado afastado definitivamente do cargo caso haja a aprovação de, no mínimo, dois terços dos 23 vereadores do município. O processo deverá demorar cerca de três meses. Jacomussi está preso desde dezembro de 2018, quando foi detido na Operação Trato Feito da Polícia Federal (PF).

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A operação apurou que nove empresas pagavam vantagens ilícitas a agentes públicos e políticos para compra de apoio na Câmara Municipal, obtendo contratos superfaturados. A investigação demonstrou que o esquema criminoso, liderado pelo prefeito, movimentou cerca de R$ 500 mil por mês. De acordo com a PF, entre 10% e 20% dos valores de cada contrato fechado com a prefeitura eram destinados ao pagamento de propinas.

Os contratos envolviam aluguel de veículos oficiais, reforma de parques, serviços de limpeza e sinalização viária na cidade, envolvendo o pagamento de propina a 22 dos 23 vereadores da cidade, comprados em troca de apoio político.

“No decorrer das investigações foram identificados os pagamentos para 22 dos 23 vereadores da prefeitura de Mauá e esses pagamentos eram efetuados para a obtenção de apoio político para o prefeito, para aprovação de seus projetos e, inclusive, o prefeito foi objeto de dois [processos de] impeachment após a deflagração dessa operação. Quase a totalidade dos vereadores acabou votando a seu favor”, disse o delegado regional de investigação e combate ao crime organizado Marcelo Ivo de Carvalho em dezembro, após a prisão do prefeito.

O escritório do advogado que defende o prefeito, Daniel Leon Bialski, foi contatado pela reportagem, mas até o momento, não se manifestou.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, mandou soltar o prefeito de Mauá, Átila Jacomussi (PSB), alvo da Operação Prato Feito, que mira supostos desvios em contratos para o fornecimento de merenda escolar. O magistrado acolheu pedido liminar da defesa para suspender o decreto de prisão preventiva. Gilmar determinou que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região determine medidas cautelares diversas da prisão ao prefeito.

Na casa de Jacomussi, a PF encontrou R$ 87 mil em espécie, dos quais R$ 80 mil estavam escondidos na cozinha, dentro de uma panela. Ele foi denunciado por lavagem de dinheiro. Além de Jacomussi, também foi preso preventivamente o secretário de Governo e Transporte de Mauá, João Eduardo Gaspar, este flagrado com R$ 588.417,00, 2.985 euros e US$ 1.300 - ele também é alvo de denúncia.

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No mesmo dia da prisão de Jacomussi, a Prato Feito também encarcerou o prefeito de Mongaguá, Artur Parada Prócida (PSDB), flagrado com R$ 4,61 milhões em sua casa e mais US$ 217 mil, tudo em dinheiro vivo.

Ao soltar o prefeito, Gilmar sustentou que "a prisão provisória continua a ser encarada como única medida eficaz de resguardar o processo penal".

"Assim, tenho que o risco à ordem pública, conveniência da instrução processual e a garantia da aplicação da lei penal podem ser mitigados por medidas cautelares diversas. Não vejo, no caso, razões a justificar a restrição da liberdade de locomoção do paciente", anotou.

Defesa

O criminalista Daniel Bialski, advogado que defende Átila Jacomussi, disse que "a decisão da Suprema Corte reconhece a arbitrariedade e excesso da prisão preventiva, decretada sem motivação válida e baseada em sofismas inverídicos".

"Como foi exibido nos pedidos, o prefeito não praticou qualquer ilicitude e nunca teve envolvimento com fatos ligados à operação da Polícia Federal", sustenta Bialski. "Felizmente, a Suprema Corte vem mantendo sua jurisprudência que a prisão é a exceção e não a regra."

Para o criminalista, "nestes moldes, a liberdade agora concedida, reforça os argumentos da defesa".

"A decisão nos dá maior força para provar a inocência de Átila Jacomussi no curso do processo."

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