Tópicos | Audiênci pública

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Jornalistas pernambucanos que vivenciaram o período da ditadura no Brasil participaram de audiência pública promovida pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC). Durante o evento realizado nos dias 16 e 17 de dezembro, na Fundação Joaquim Nabuco, sete profissionais de comunicação relataram experiências de retaliação sofridas durante o período militar (1964-1985). De acordo com o cientista político e integrante da Comissão, Manoel Moraes, a ideia é levar à discussão a violação de direitos humanos praticadas contra os profissionais de jornalismo, no respectivo período, apresentando experiências das próprias vítimas, seja referente a qualquer tipo de ‘agressão’ sofrida ou presenciada e ainda abordar como essa repressão afeta os dias atuais.

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“Nessa relatoria temática, trouxemos profissionais de épocas distintas que puderam apresentar experiências em cada período da ditadura militar. Uma das principais formas de repressão foi a censura e ela ainda tem forte influência nos dias atuais. Quando você tem uma imprensa garroteada, que não pode escrever sobre políticos do contexto, acaba empobrecendo a democracia.O que está em jogo é a liberdade do profissional, que na sua natureza quanto jornalista tem direitos, os quais precisam ser preservados para garantir que não tenhamos uma ditadura, seja qual for a forma dela, militar ou comercial”, pontuou Manoel Moraes, ressaltando que muitas empresas de comunicação censuram os profissionais para atender interesses comerciais. “O Noblat apresentou na mesa de ontem dados sobre a industrialização da informação, onde se manipulam dados e produzem profissionais que são reprimidos pela lógica do mercado”, concluiu. 

Participaram dos debates desta quarta (17), a jornalista Helena Beltrão, o cartunista  Laílson de Holanda e o secretário de imprensa do Governo de Pernambuco, Ivan Maurício. Ao relatar as experiências vividas, o secretário afirmou que conseguiu burlar a ditadura com a forma de escrever. “Escrevi durante 10 anos sem ser censurado. Por exemplo, às vezes escrevia uma matéria sobre o palhaço e em meados do texto contava a realidade brasileira. Desta forma consegui com que meus artigos fossem aprovados”. Mas Ivan Maurício também relembrou a pressão que sofreu na época, quando recebia no meio do dia uma ligação em tom de ameaça, ao ser informado dos passos dos filhos por desconhecidos. 

A censura na atualidade também foi abordada pelo secretário de imprensa. De acordo com Ivan, a ditadura ainda deixa suas marcas, pois através de ferramentas tecnológicas, como Google maps a privacidade alheia acaba sofrendo intervenção. “A censura nos dias atuais é mais complexas, mais sutil. Ela é mais tecnológica, mais completa e mais rápido”, pontuou. 

De acordo com cartunista Laílson Holanda, a censura se faz presente nos dias atuais, pois através da pressão exercida pelo meio econômico e político, a democracia pode ser afetada e transformada em tirania. “A democracia leva a vontade da maioria. Mas para conquistar o desejo da maioria, algumas pessoas se utilizam do velho expediente do pão e do circo, onde oferecem benefícios em trocas dos seus interesses. Com isso a qualidade da administração da democracia vai se deteriorando e pode surgir, de repente, um grupo ou individuou que assume o poder e transforma aquilo numa tirania”, afirmou, declarando que para manter a democracia é necessário que a população tenha consciência dela e lute para manter a igualdade. 

 

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