Inspirados na natureza e nos pioneiros da aviação do começo do século XX, cientistas americanos anunciaram nesta quarta-feira a criação da primeira "água-viva voadora", que pode ser o 'drone' (avião não tripulado) do futuro.
Esta aeronave em miniatura e ultraleve, com peso de apenas 2,1 gramas, é o primeiro dispositivo capaz de realizar um voo estacionário e se deslocar no ar batendo as asas em um movimento que imita o nado das águas-vivas, explicaram seus inventores.
##RECOMENDA##"A princípio procurávamos fabricar um robô insetoide alternativo ao helicóptero", contou à AFP Leif Ristroph, que trabalha no laboratório de matemática aplicada da Universidade de Nova York.
"Finalmente, conseguimos um resultado um tanto estranho: uma água-viva", destacou.
A água-viva desde sempre fascinou os engenheiros pela forma de se deslocar, tão simples quanto eficaz, resultado de milhões de anos de evolução. São basicamente dois movimentos (contrações) alternados de seu corpo em forma de sino, que propulsionam o animal com saltos sucessivos.
Os engenheiros americanos conseguiram reproduzir esse movimento para fazer voar seu robô de quatro pequenas asas com 8 centímetros de comprimento, com forma de pétalas de flor.
Um motor minúsculo, ligado a um mecanismo denominado virabrequim, que faz com que o robô bata as asas com uma frequência de vinte vezes por segundo.
O resultado é um "ornitóptero" que se mantém no ar com grande estabilidade sem a necessidade de gastar energia para corrigir seu equilíbrio.
"Quando tocado, ele se estabiliza sozinho", sem ajuda, explicou Ristroph.
Para mudar a direção de seu voo, basta fazer com que bata as asas mais rápido do que o resto.
Bastõezinhos de fibra de carbono para a estrutura, plástico leve e transparente para as asas; todos os materiais necessários para sua fabricação estão disponíveis em qualquer loja de aeromodelismo.
Além da água-viva, os cientistas também estudaram os projetos dos pioneiros da aeronáutica, que com suas máquinas voadoras tentavam imitar os insetos, embora não dispusessem então dos meios técnicos necessários.
"Em parte, nos inspiramos em filmes do começo do século XX para nossos primeiros testes de voo. Eram muito criativos nesta época, estavam cheios de boas ideias, mas também de algumas ruins", disse Ristroph.
A água-viva voadora é, por enquanto, apenas um protótipo de laboratório, mas a Universidade de Nova York já fez um depósito legal deste invento.
A próxima etapa será integrar uma bateria e um comando à distância, já que o protótipo por enquanto dispõe de um cabo.
Resta muito trabalho a fazer para aperfeiçoar sua capacidade de manobra e o consumo de energia mas, segundo o encarregado, as aeronaves "aladas" serão muito comuns no futuro.
"Obviamente, poderão ter aplicação militar, para a vigilância por exemplo, mas espero que encontremos também aplicações civis" para estes 'drones', acrescentou.
"Já imagino a possibilidade de soltar um 'enxame' de uma centena destas criações para medir a contaminação do ar em uma cidade", deu como exemplo.
Este invento foi apresentado na revista Journal of the Royal Society Interface, publicada pela Academia Britânica de Ciências.