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O consumo de bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos de frutas artificialmente adoçados, está vinculado a um risco maior de desenvolvimento de certos tipos de câncer, advertiram cientistas em um estudo que será publicado nesta quinta-feira (11).

A ingestão deste tipo de bebida explodiu no mundo todo nas últimas décadas e estes produtos altamente calóricos já tinham sido associados a um risco elevado de obesidade, que por si só já é reconhecida como um dos principais fatores de risco de desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.

Uma equipe de pesquisadores na França quis avaliar as associações entre o consumo de bebidas açucaradas e os riscos de câncer em geral, assim como alguns tipos específicos de tumores malignos, como de mama, próstata e intestino. Eles pesquisaram mais de cem mil adultos, com idade média de 42 anos, sendo 79% mulheres.

Os participantes, que foram acompanhados por um período máximo de nove anos, preencheram pelo menos dois questionários sobre sua dieta em 24 horas, validados online, calculando seu consumo diário de açúcar e bebidas adoçadas artificialmente, assim como 100% de sucos de frutas.

Os cientistas mediram a ingestão diária de bebidas açucaradas em relação a bebidas diet e compararam os dados aos casos de câncer nos registros médicos dos participantes do estudo durante o período de acompanhamento.

Eles descobriram que uma ingestão de apenas 100 ml por dia de bebidas açucaradas estava associada a um aumento de 18% no risco de câncer e um aumento de 22% no risco de câncer de mama.

Tanto bebidas adoçadas quanto sucos de fruta tiveram associação de risco similar.

Durante o acompanhamento, os pesquisadores descobriram 2.193 casos de câncer diagnosticados, com idade média de diagnóstico aos 59 anos.

Os autores do estudo, publicado na revista médica BMJ, reforçaram que seu trabalho se baseou em observação e, portanto, não poderiam estabelecer a causa dos prognósticos de câncer.

Mas o tamanho da amostra foi grande e eles a ajustaram para um número de outros fatores de influência.

Segundo os autores, com base em suas descobertas, taxar as bebidas açucaradas poderia ter um impacto significativo nos índices de câncer.

"Este estudo amplo e bem desenhado se soma à evidência existente de que o consumo de bebidas açucaradas podem estar associadas com um aumento do risco de alguns cânceres", afirmou Graham Wheeler, estatístico sênior do Cancer Research UK, a respeito do estudo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta terça-feira (11) aos governos que aumentem o imposto sobre as bebidas açucaradas para combater o problema da obesidade no mundo, onde um adulto em cada três está com excesso de peso. A OMS afirma que esta medida poderá reduzir o consumo desses produtos e, por conseguinte, salvar vidas.

Em um novo relatório, a agência da ONU afirma que existem provas contundentes de que novos impostos cobrados sobre as bebidas açucaradas, como refrigerantes, "reduziria proporcionalmente seu consumo". Um aumento de 20% dos preços desse tipo de bebida teria uma redução do consumo da ordem de 20% e um aumento de 50% reduziria o consumo pela metade, segundo a OMS.

"Se os governos impuserem impostos a produtos como as bebidas açucaradas, poderão reduzir os sofrimentos e salvar vidas", declarou Douglas Bettcher, que dirige o departamento de prevenção da OMS para doenças transmissíveis.

Em escala mundial, o número de casos de obesidade duplicou desde 1980. Em 2014, mais de 1,9 bilhão de adultos - pessoas de 18 anos ou mais - estavam com excesso de peso, e deles mais de 600 milhões eram obesos.

Em 2015, 42 milhões de crianças com menos de 5 anos tinham excesso de peso ou eram obesos. Ao mesmo tempo, o número de adultos que sofrem de diabetes passou, em 35 anos, de 108 milhões em 1980 a 422 milhões em 2014, segundo um primeiro relatório global da OMS publicado em abril.

Em 2012, a diabetes matou 1,5 milhão de pessoas no mundo, ao que é preciso acrescentar 2,2 milhões de mortes devido a doenças vinculadas à diabetes, totalizando 3,7 milhões de mortes. O novo estudo é o resultado de uma reunião no ano passado entre especialistas fiscais a quem a OMS pediu que estudassem como as políticas fiscais podem diminuir a taxa de diabetes.

No México, que impôs em 2014 uma tributação aos refrigerantes que provocou uma alta de preço de 10%, o consumo caiu 6%. "As políticas fiscais deveriam visar aos alimentos e às bebidas para os quais existam alternativas", afirma o texto.

A OMS avalia há muito tempo que o açúcar deveria constituir menos de 10% do consumo energético diário de uma pessoa, e pede agora aos países que reduzam essa taxa a 5%. Isso representa 25 gramas, ou o equivalente a seis colheres de café de açúcar, por dia. Uma lata de refrigerante representa 10 colheres de café de açúcar.

O novo relatório também afirma que as subvenções às frutas e verduras para reduzir seu preço entre 10 e 30% também seriam eficazes para melhorar os hábitos alimentares.

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