Tópicos | Berlinale 2013

A caça ao Urso de Ouro do 63º Festival de Berlim, primeiro grande festival europeu de cinema do ano, começa na noite desta quinta-feira (7), em ritmo de kung fu. A abertura fica por conta do longa The Grandmaster, do diretor chinês Wong Kar Wai (autor de filmes como In the mood for love), que preside o júri.

Exibido fora da competição, a cinebiografia de Ip Man, mestre histórico da lenda do cinema asiático Bruce Lee, dará início a onze dias (7-17 de fevereiro) de festividade. Nesta edição, serão projetados mais de 400 filmes, todos acessíveis ao público. São 24 longa-metragens de 22 países que foram escolhidos para a seleção oficial, dentre os quais 19 estão no páreo para o Urso de Ouro, entregue em 16 de fevereiro.

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Durante duas horas de muita poesia, The Grandmaster mergulha o espectador na filosofia e no senso de humor dos mestres das artes marciais, apresentando os primeiros anos da China moderna. Os combates, filmados debaixo de chuva, normalmente à noite ou em estúdio em câmera lenta, mostram o quanto o gesto, que pode matar, está enraizado num profundo domínio do corpo e do espírito, e num "modo de vida baseado na humildade", falou Wong Kar Wai à imprensa.

Além do talento, os dois heróis, Ip Man (Tony Leung) e Gong Er (Zhang Ziyi), uma mulher, compartilham deste modo de vida e de pensamento. É um caso de transmissão e de amor proibido que lembra, por sua atmosfera, o clássico cult In the mood fo love, do mesmo diretor. "As artes marciais são uma arte de defesa que pode matar, eles sabem disso e são extremamente disciplinados", explicou Wong Kar Wai, ovacionado pela imprensa.

"A disciplina e a generosidade são o que caracterizam os grandes mestres que dividem sua experiência e a transmitem. É uma parte de nossa cultura que eu gostaria de compartilhar com o público", disse. Aos 46 anos, Tony Leung, ator fetiche de Kar Wai, treinou kung fu durante quatro anos. Ele quebrou o braço no início das filmagens, enquanto fazia acrobacias. "Eu entendi que não era uma técnica de luta, mas uma forma de treinar o espírito, um modo de vida muito espiritual", disse o ator. Zhan Ziyi se disse a "atriz mais sortuda do mundo", acrescentando: "não há palavras para descrever o quanto este filme me fez crescer".

Fazendo jus ao cargo de presidente do júri, Wong Kar Wai afirmou que o Festival de Berlim é mais "íntimo" do que outros, pois é voltado para o "verdadeiro prazer" de compartilhar ideias e de saborear o cinema, mais do que um lugar de negócios. "Nós estamos aqui para servir os filmes, não estamos aqui para julgar, mas para apreciar, promover aqueles que nos inspiram...e nos transportam", declarou.

A seleção de 2013 é eclética, aliando filmes hollywoodianos de orçamentos enormes a produções de autores pouco conhecidos. A programação a partir de sexta-feira (8) terá títulos como W imie, da polonesa Malgoska Szuwoska, que aborda a homossexualidade de um padre carismático, e a última obra do americano Gus Van Sant, Promised Land. Matt Damon trabalha com o diretor pela primeira vez desde o oscarizado Gênio Indomável, de 1997. No filme de Van Sant, ele dá vida a um funcionário de uma empresa petrolífera que tenta convencer os habitantes de uma cidadezinha americana a autorizarem a exploração de gás.

Três filmes, muito esperados, defenderão a França: Elle s'en va, de Emmanuelle Bercot, que traz Catherine Deneuve num papel atípico; Camille Claudel 1915, de Bruno Dumont, com Juliette Binoche, e La religieuse, de Guillaume Nicloux, baseado no romance de Diderot, que traz Isabelle Huppert na pele de madre superiora. Todos devem passar pelo tapete vermelho, assim como Matt Damon, Jude Law, Ethan Hawke, Julie Delpy, Nicolas Cage, Emma Stone, Geoffrey Rush e Christopher Lee.

O júri é formado pelo ator e diretor americano ganhador do Oscar Tim Robbins, pelas diretoras iraniana Shirin Neshat e grega Athina Rachel Tsangari, pela cineasta dinamarquesa Susanne Bier, pelo diretor alemão Andreas Dresen e pela diretora de fotografia americana Ellen Kuras.

O filme Gloria, do chileno Sebastián Lelio, é o único longa hispânico selecionado para a disputa oficial do 63º Festival Internacional de Cinema de Berlim, que será realizado entre os dias 7 e 17 de fevereiro 2013. O único brasileiro na competição está na Seção Panorama: Habi, a Estrangeira (Habi, the Foreigner), de Maria Florencia Alvarez, coprodução com a Argentina.

Segue a lista completa dos filmes em competição:

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Camille Claudel 1915, de Bruno Dumont (França)

A long and happy life, Boris Khlebnikov (Rússia)

Prince avalanche, David Gordon Green (EUA)

Side effects, de Steven Soderbergh (EUA)

Promised land (Terra Prometida), de Gus Van Sant (EUA)

Elle s'en va, de Emmanuelle Bercot (França)

An episode in the life of an iron picker, de Danis Tanovic (Bósnia-Herzegovina)

The necessary death of Charlie Countryman, Fredrik Bond (EUA)

Gloria, de Sebastián Lelio (Chile/Espanha)

Gold, de Thomas Arslan (Alemanha)

Layla Furie, de Pia Marais (Alemanha/África do Sul)

Nobody's daughter Haewon, de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)

Paradise: hope, de Ulrich Seidl (Áustria)

Closed curtain (Cortina Fechada), de Jafar Panahi e Kamoziya Partovi (Irã)

Child's pose, de Calin Peter Netzer (Romênia)

La religieuse, de Guillaume Nicloux (França)

Harmony lessons, de Emir Baigazin (Cazaquistão/Alemanha)

Vic et Flo ont vu un ours, de Denis Côté (Canadá)

In the name of, de Malgoska Szumowska (Polônia)

O 63º Festival Internacional de Cinema de Berlim, que começa na próxima quinta-feira (7) e vai até 17 de fevereiro, sempre fiel a sua tradição de convidar líderes do cinema político e estrelas hollywoodianas, apresentará este ano o último filme do diretor iraniano Jafar Panahi, preso em seu país por seu olhar crítico sobre o regime. Entre as estrelas convidadas neste ano para o Festival de Berlim estão Isabella Rossellini, Matt Damon, Jude Law, Juliette Binoche, Nicolas Cage, Catherine Deneuve, Isabelle Huppert e Christopher Lee.

"Por um lado, temos grandes filmes hollywoodianos, mas também convidamos diretores que rodaram seu primeiro ou segundo filme", declarou o diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, ao apresentar a seleção oficial no final de janeiro. "O programa inclui inúmeros filmes que têm uma mulher no coração da intriga e filmes que mostram os danos colaterais provocados pela crise nas diferentes sociedades", acrescentou Kosslick.

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O diretor da Berlinale ressaltou que as seleções paralelas permitirão descobrir o olhar ácido que lançam, em seus longas, os países do sul da zona do euro sobre a crise da dívida que os afetou duramente (como Grécia, Espanha e Portugal). Jafar Panahi, cineasta de 52 anos aclamado nos principais festivais internacionais de cinema por seus filmes corajosos de crítica social, proibidos no Irã, apresentará Closed curtain, um longa em que ele mesmo aparece. Esta obra, codirigida por sua compatriota Kambozia Partovi, é muito esperada em Berlim.

Panahi foi detido em razão do documentário que estava realizando sobre os distúrbios ocorridos na eleição de Mahmud Ahmadinejad, em junho de 2009. Ele foi acusado de propaganda contra o regime e, depois de ser condenado à prisão domiciliar, foi sentenciado a seis anos de prisão, além de ter sido proibido de filmar durante 20 anos. O iraniano também não está autorizado a viajar.

Panahi dirigiu O Balão Branco, Sangue e Ouro, O Espelho, O círculo e ganhou o Urso de Prata em Berlim em 2006 por Fora do Jogo. Ele é considerado um dos principais representantes da "nova onda" do cinema iraniano, ao lado de Abas Kiarostami, de quem foi assistente no começo de sua carreira. Em 2011, enviou ao festival de Cannes o longa Isto Não é um Filme, sobre sua vida de reclusão.

O filme de Panahi concorre este ano ao Urso de Ouro, competindo com filmes de conhecidos diretores como Hong Sang-soo, Ulrich Seidl, Steven Soderbergh ou Gus Van Sant. O longa Gloria, do chileno Sebastián Lelio, é a única obra hispânica selecionada para o concurso oficial do 63º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Gloria é uma coprodução chileno-espanhola sobre uma mulher madura que encara o desafio da velhice. Nela atuam Paulina García e Sergio Hernández. A obra de Sebastián Lelio já havia ganhado em setembro o prêmio Cine em Construção do último Festival Internacional de Cine de São Sebastião. Lelio ficou conhecido por seus filmes A Sagrada Família, Natal e O Ano do Tigre.

O iconoclasta diretor americano Steven Soderbergh apresentará o filme que anunciou como seu último "por muito tempo", um thriller sobre farmacêuticos e um crime, Side Effects. Jude Law e Catherine Zeta-Jones encarnam psiquiatras e Rooney Mara é uma paciente desesperada. O também americano Gus Van Sant, ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 2003 com Elefante, concorrerá com Terra Prometida, protagonizado por Matt Damon.

O sul-coreano Hong Sang-soo, selecionado em Cannes em 2012 por Em Outro País, apresentará sua última obra Nobody's daughter Haewon. O provocador diretor austríaco Ulrich Seidl apresentará Paraíso: esperança, que completa sua trilogia, Paraíso: Amor (que concorreu em 2012 em Cannes) e Paraíso: fé, que ganhou o prêmio especial do jurado no festival de Veneza em 2012.

Outros filmes que concorrem neste ano na Berlinale são Camille Claudel 1915, do francês Bruno Dumont, com Juliette Binoche; Um episódio na vida de Iron Picker, do bósnio Danis Tanovic, e o alemão Gold, de Thomas Arslan, com a estrela Nina Hoss, aclamada por seu papel no ano passado em Bárbara. Também será projetado A religiosa, do francês Guillaume Nicloux, com Isabelle Huppert.

Igualmente se anunciam A morte necessária de Charlie Countryman, do sueco-americano Frederik Bond, e Layla Furie, da diretora sul-africana Pia Marais. Berlim verá igualmente o último longa do romeno Calin Peter Netzer, Child's pose. O diretor chinês Wong Kar Wai presidirá o júri do 63º Berlinale e apresentará seu novo drama épico The Grandmaster na noite de abertura, fora de competição sobre a vida do mestre de kung-fu Ip Man.

Outros membros do júri são o ator americano Tim Robbins, a diretora iraniana Shirin Neshat, a grega Athina Rachel Tsangari, a cineasta dinamarquesa Susanne Bier, o diretor alemão Andreas Dresen e a cinegrafista americana Ellen Kuras. O diretor francês Claude Lanzmann, autor de Shoah, documentário sobre o extermínio de judeus, receberá um Urso de Ouro honorífico pelo conjunto de sua obra.

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