O magnata multifacetado francês Bernard Tapie, também ex-ministro, ator, polêmico empresário e dirigente esportivo, morreu neste domingo (3) vítima de câncer aos 78 anos, após uma vida em que virou símbolo de êxito social, mas também marcada por problemas com a justiça e acusações de corrupção.
"Dominique Tapie e seus filhos anunciam com infinita dor a morte de seu marido e de seu pai, Bernard Tapie, neste domingo 3 de outubro às 8h40, em consequência de um câncer", afirma um comunicado.
Tapie, brilhante e multifacetado, mas também muito polêmico, encarnou o sucesso na França na década de 1980, antes de ver seu nome envolvido em vários casos de corrupção.
Sua trajetória em mais de 40 anos de vida pública foi incomum, nas aéreas política, artística ou esportiva, na qual atuou, entre outras atividades, como presidente do Olympique de Marsella, que levou ao título da Liga dos Campeões.
O presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte destacaram "a ambição, energia e entusiasmo" de Tapie, que "foram fonte de inspiração para gerações de franceses".
O primeiro-ministro Jean Castex elogiou um "lutador, um homem muito comprometido".
- Glória esportiva e prisão -
Filho de um operário, casado duas vezes e pai de quatro filhos, Tapìe passou era chamado de "raposa das empresas", ao mesmo tempo que virou um astro da televisão.
Su vida como dirigente esportivo foi intensa. Em meados dos naos 1980 montou a equipe de ciclismo La Vie Claire, que venceu duas Voltas da França (1985 e 1986) com suas estrelas Bernard Hinault e Greg Lemond.
Em 1986, ele assumiu a presidência do Olympique de Marselha (OM) e até hoje é venerado por muitos torcedores do clube: Tapie comandou em 1993 o OM na conquista do primeiro e único título até hoje de um clube francês da Liga dos Campeões.
Em 1989, Tapie virou deputado e em 1992 foi nomeado ministro das Cidades, mas teve que renunciar ao cargo apenas dois meses depois por suspeitas de abuso de bens sociais.
Sua vida foi marcada por problemas com a justiça e foi justamente no OM em que explodiu o primeiro escândalo, com o caso de uma partida manipulada da liga francesa. Ele foi condenado por cumplicidade de corrupção e suborno de testemunhas e passou 165 dias na prisão.
Outros escândalos o levariam à liquidação judicial de algumas de suas empresas ou à perda de mandatos políticos.
Em maio, já muito debilitado pelo câncer, Tapie compareceu ao tribunal para o "caso de sua vida", um litígio financeiro de 30 anos com o banco Crédit Lyonnais que envolve a venda do grupo de material esportivo Adidas.
O Ministério Público solicitou cinco anos de prisão, com suspensão da pena, por cumplicidade em fraude e desvio de dinheiro público. A decisão era esperada para esta quarta-feira.
Apesar de sua vida polêmica e agitada, Bernard Tapie, "A Fênix" - título de uma de suas biografias - continuaria no século 21 como uma figura da televisão, até mesmo como ator: ele interpretou, entre outros, o "Comissário Valence", uma série exibida entre 2003 e 2008.
Isso não o impediu de voltar aos negócios, com a compra em 2012 de vários meios de comunicação, entre eles o La Provence de Marselha.