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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e também seu irmão Arthur, se tornaram sócios do único professor que deu uma nota acima da mínima no concurso em que o ministro concorreu sozinho (e quase foi reprovado) para se tornar professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2014.

O Centro de Estudos em Seguridade (CES), fundado pelos três, lucrou até R$ 45 milhões em um contrato firmado com o Governo do Estado de Goiás, utilizando irregularmente o nome da universidade federal. As informações são de uma reportagem da Revista Fórum.

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De acordo com a revista, quando o ministro prestou concurso em 2014, houve dúvidas acerca da legalidade do certame e resistência à realização da seleção de candidatos com título de mestre (que Weintraub tinha acabado de adquirir) e não apenas de doutorado. Naquele ano, 32 concursos foram realizados e apenas o atual ministro foi aprovado com a nota mínima, 7, concorrendo sozinho uma vez que os outros cinco candidatos desistiram da prova. 

A banca era composta por professores de diversas instituições de ensino: FGV, PUC, FEA-USP, Mackenzie e Unifesp. Um deles reprovou Weintraub, com uma nota 6. Outros três o aprovaram com a nota mínima e apenas um lhe deu 8 pontos.

Ricardo Hirata Ikeda, professor da Unifesp, foi um dos primeiros professores da instituição, onde já participou de conselhos, comissões e presta consultoria, além de ser membro da Comissão de Bancas e ter fundado o departamento de Ciências Contábeis da universidade, onde o irmão do ministro, Arthur Weintraub, se tornou coordenador. Nesta posição, o professor esteve a par dos processos de seleção dos irmãos Weintraub e também da esposa do ministro, Daniela.

Ainda segundo a reportagem, cerca de um ano após a entrada de Weintraub na Unifesp, ele, o irmão e o professor Ricardo Hirata Ikeda fundaram o Centro de Estudos em Seguridade (CES), descrito no currículo Lattes do ministro como “uma associação civil sem fins lucrativos fundada por professores dos cursos de Atuária e Contabilidade da UNIFESP, que tem como missão a excelência científica e técnica em Seguridade”. 

Apesar da definição dar a entender que há uma ligação entre o centro e a universidade, um funcionário não identificado declarou à reportagem que “O CES nunca obteve a aprovação e o acompanhamento mencionados. Ele não foi nem sequer apreciado pela Congregação do campus Osasco, órgão máximo de deliberação do campus, quanto mais pelo Conselho Universitários (CONSU) da UNIFESP”.

Diante do uso irregular do nome da instituição, em 2018 a Unifesp abriu uma sindicância que o ministro classifica como “perseguição política da Unifesp”. A universidade emitiu uma nota em seu site oficial esclarecendo que a sindicância foi concluída comprovando a irregularidade, mas sem abertura de processo administrativo.

O CES é também responsável por publicar a Revista Brasileira de Previdência, que tem Arthur Weintraub no corpo editorial e é responsável por aprovar e divulgar os artigos publicados pelo ministro, que são critério de seleção para o concurso. 

Em 2016, o Centro de Estudos em Seguridade fechou um contrato assinado por Ikeda, Abraham e Arthur Weintraub, com o Governo do Estado de Goiás, no valor de até R$ 45 milhões de acordo com a taxa de sucesso, para execução de serviços de recuperação de valores relativos a dívidas de médio e de longo prazo. À reportagem da revista, o funcionário não identificado da Unifesp declarou que “O ministro, seu irmão e colegas (alguns dos quais nomeados por eles para cargos no MEC) utilizaram da Unifesp e de seu prestígio para amealhar vantagens financeiras e oportunidades de negócios. Vantagens sobre o qual a Unifesp nunca foi recompensada, uma vez que o CES se apresentava como um Centro (órgão complementar) a ela vinculado”. 

Nas redes sociais, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, já reagiu à publicação da reportagem negando as acusações, que classificou como “mentiras”. Ele também dirigiu ofensas à revista que fez a reportagem e fez ameaças de processo. “Terão que provar na justiça”, disse ele. Também à revista, o Ministério da Educação declarou que o ministro não comentará mais o caso pois já se manifestou pelo Twitter. Confira:

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