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O complexo de cinemas Cine Belas Artes, localizado na rua da Consolação, na região da avenida Paulista, em São Paulo, vai perder o patrocínio da Caixa Econômica Federal a partir da próxima quinta-feira (28). O corte faz parte da reestruturação de apoios culturais relacionados à Lei Rouanet anunciados pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no dia 12 de fevereiro.

Com isso, o cinema, que possui o valor do aluguel de R$ 2 milhões por ano, deve fechar as portas em dois meses caso não encontre novos patrocínios. Esse é o prazo que o dono do Belas Artes, André Sturm, afirmou, em entrevista a Folha de São Paulo, ter acertado com o proprietário do imóvel onde ficam seis salas de cinema.

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“Esclarecemos que, com o término da vigência do contrato entre a Caixa e o Cine Belas Artes, foi solicitado ao patrocinador a retirada da marca. A Caixa informa que os contratos de patrocínio do banco estão sob análise e que demandas relativas aos projetos culturais e seus desdobramentos são tratadas diretamente com os proponentes ou patrocinados”, afirmou o banco estatal em comunicado.

O Cine Belas Artes é conhecido por promover a exibição de filmes clássicos e séries especiais dedicadas a cineastas, como a mostra em homenagem ao Grande Otelo, que ficou à disposição para visita pública em 2018.

 

Equipamentos culturais em São Paulo consumidos por incêndios, de modo geral, passam anos como escombros, à espera da ressurreição. Foi assim, por exemplo, com o Teatro Cultura Artística, destruído em 17 de agosto de 2008, e também com o Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, que pegou fogo no dia 29 de novembro de 2013 e, dois anos depois, ainda não tem previsão de reabertura.

Entre os exemplos de espaços históricos afetados por incêndios, dois apenas estão em funcionamento: o Teatro Oficina, destruído em 1966, que adotou novo endereço, no bairro da Bela Vista, e o Cine Belas Artes, que teve a Sala Cândido Portinari consumida pelo fogo em abril de 2004.

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Na segunda-feira, 21, dois terços da Estação da Luz, patrimônio histórico do centro de São Paulo, onde funcionava o Museu da Língua Portuguesa, foram destruídos. O governador Geraldo Alckmin, que esteve no local, prometeu reconstruir o museu, cujo projeto, assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro, deve orientar a reforma, que Alckmin espera ter participação da iniciativa privada.

O dinheiro, como se sabe, anda curto. Desde 2008 a Sociedade de Cultura Artística tenta levantar recursos financeiros para construir um novo teatro no lugar daquele que foi destruído. Do incêndio restou apenas o painel de Di Cavalcanti (Alegoria das Artes) que ornamenta a fachada, também preservada, ambos declarados patrimônio histórico municipal há cinco anos.

O projeto do novo Teatro Cultura Artística está a cargo do arquiteto Paulo Bruna, que trabalhou no escritório de Rino Levi, responsável pelo prédio original, inaugurado em 1950. O novo teatro vai ter três vezes o tamanho da área do destruído. A obra está aprovada e o alvará de execução foi emitido em junho deste ano.

Caso igualmente dramático é o do Memorial da América Latina, projeto de Oscar Niemeyer. Dois anos após o incêndio no Auditório Simon Bolívar, o cimento da edificação continua chamuscado. A tapeçaria da pintora Tomie Ohtake, morta em fevereiro, foi totalmente consumida pelo fogo, mas pode ser fielmente reconstituída, segundo seu filho Ricardo Ohtake.

Exatamente um ano depois de ter tido o processo de tombamento aberto pela primeira vez pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio (Conpresp), o Cine Belas Artes está "congelado" novamente. Por determinação judicial, o órgão, que já havia negado o tombamento do cinema em setembro, reabriu o processo de tombamento - o que significa que nenhuma alteração no imóvel da esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista pode ser feita sem autorização prévia. A decisão final, porém, só sai nas próximas reuniões do conselho.

Em dezembro, depois de o tombamento também já ter sido negado pelo órgão estadual de proteção ao patrimônio (Condephaat), a Justiça de São Paulo mandou recolocar o cinema na lista de bens a serem analisados para tombamento tanto pelo Conpresp quanto pelo Condephaat.

O juiz Jayme Martins de Oliveira alegou na sentença que "procedimentos necessários e legais ao exame da qualidade cultural do imóvel" foram deixados de lado pelos dois órgãos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A esperança de que o Cine Belas Artes continuasse existindo no edifício da esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista acabou. O cinema não será tombado, como pretendiam seus defensores, o que significa dizer que o proprietário poderá realizar as alterações que quiser no prédio e imediatamente alugar o imóvel para que ali seja construída uma loja, provavelmente.

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) entendeu que o Cine Belas Artes, como bem imaterial, pode ser tema de um registro de memória, e não ser tombado. Em outras palavras, pode ganhar o registro em um livro, uma placa no local e um reconhecimento que incentive políticas públicas.

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"Podemos chegar à conclusão, por exemplo, que o cinema de arte impactou gerações, que criou uma riqueza grande para a cidade e deve ser incentivada como prática", afirma a presidente do Condephaat, Fernanda Bandeira de Mello. Ela afirma que o tombamento não garantiria a permanência do cinema e não há valor histórico em termos de arquitetura no prédio, que foi inaugurado em 1943 e desde 1967 abrigava o Belas Artes.

O tombamento era analisado pelo Condephaat desde 3 de outubro, após pressão do grupo interessado na permanência do Belas Artes. O processo também passou pelo órgão municipal de patrimônio, o Conpresp, que informou que não pode tombar o uso do imóvel.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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