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Uma escola da rede pública estatual funciona há sete anos em uma pousada, no município de Colares, nordeste do Pará. A escola Doutor José Malcher foi interditada pelo Corpo de Bombeiros, que condenou o antigo prédio, e as aulas foram transferidas para o que era um pequeno hotel na cidade.

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Colares fica a cerca de 95 km de Belém. Tem sua economia voltada, principalmente, para a pesca. As poucas escolas estaduais que existem na cidade enfrentam problemas. Um dos casos mais alarmantes, porém, é o da escola estadual Doutor José Malcher.

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No ano de 2009, uma vistoria do Corpo de Bombeiros detectou diversos problemas na estrutura do prédio da unidade de ensino, como rachaduras que, segundo moradores, comprometeriam a segurança dos alunos e funcionários. O antigo prédio foi demolido para que outro fosse construído no lugar e as aulas passaram a ocorrer na sede de um clube de futebol da cidade. Meses mais tarde, a escola passou a funcionar na pousada “Anaconda”, próximo ao local do antigo prédio. “Depois que eles (alunos, professores e funcionários) se mudaram pra pousada, as obras começaram, mas depois teve a troca de governo e aí pararam”, conta Elizângela Palheta, mãe de um aluno da escola. Ela afirma, também, que a falta de estrutura da pousada atrapalha o desenvolvimento das atividades. Segundo ela, o local é quente e pequeno, e os alunos acabam ficando estressados com o pouco espaço para recreação. 

“Ainda é estrutura de pousada: as salas são pequenas, os ventiladores não funcionam direito, aí fica quente, algumas salas estão lotadas”, afirma o estudante Erick, de 14 anos, que está no 9º ano do ensino fundamental. Ele afirma, também, que o espaço para a merenda é improvisado e que os alunos não têm lugar apropriado para lanchar. O estudante conta que todos os anos as promessas de reconstrução da escola são as mesmas, mas os prazos nunca são respeitados. Representantes da escola, em reunião de início de ano letivo com os pais, informaram que já solicitaram a retomada das obras à Secretaria de Educação do Estado (Seduc).

Em 2013, a escola estadual Doutor José Malcher ficou entre as dez escolas com médias mais baixas no ranking de classificação de notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Após esse resultado, o centro de ensino virou notícia em rede nacional. “Não foi apenas o prédio, o problema foi de gestão”, afirma a pedagoga e socióloga Norma Gomes. Segundo ela, os professores faltavam bastante e isso implicou na média daquele ano. Norma também é mãe de um ex-aluno da escola e ressalta que, apesar da falta de estrutura, a escola enfrenta outra realidade no que diz respeito à educação. Ela afirma que a atual gestão aproximou-se da comunidade. Outros pais de alunos da escola também reforçam a ideia de que a escola tem trabalhado para resolver o problema da educação. Eles afirmam que as reuniões entre pais e mestres são frequentes e que, nelas, são discutidos assuntos relacionados a estrutura e docência, para melhorar a qualidade de ensino.

No local, pode-se notar que as obras estão sendo retomadas aos poucos. O terreno, que, segundo a comunidade, estava tomado por mato, foi limpo e os trabalhadores já foram selecionados para dar início às obras. 

A população da cidade aguarda ansiosa pela reconstrução do prédio. Para alguns pais de alunos, a escola caminha em direção a uma educação de qualidade e precisa de um prédio com estrutura adequada para que as atividades ocorram de maneira mais eficiente. Este ano, três alunas foram aprovadas em universidades públicas do Estado. “Acredito que a educação ainda é o maior viés de melhoria de qualidade de vida e politização de uma comunidade. Um ambiente acolhedor facilita o processo ensino-aprendizagem, assim como uma gestão democrática e um corpo docente eficiente”, afirma a socióloga Norma Gomes. Ela espera que o poder público se sensibilize com o esforço de professores e alunos e reconstrua o prédio para melhorar a qualidade na escola.

Em nota, a Seduc informou que "já providenciou a relicitação da obra e a ordem de serviço é providenciada pela Secretaria objetivando o recomeço dos serviços". O prazo de conclusão dos serviços na escola, diz a nota, é de oito meses. A Seduc informa, ainda, que o prédio novo terá "12 salas de aula,  com toda a infraestrutura de blocos abrangendo setor administrativo, laboratório multifuncional, auditório, quadra coberta e poliesportiva e biblioteca, entre outras dependências". Segundo a nota, "essa obra obedece ao novo padrão de escolas desta Secretaria de Educação". A prefeitura da cidade não respondeu aos e-mails com questionamentos referentes ao abandono da obra.

Por Kadu Aood.

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