Tópicos | CPI das Pirâmides Financeiras

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras aprovou por unanimidade, nessa segunda-feira (9), o relatório final de 509 páginas proposto pelo deputado Ricardo Silva (PSD-SP), relator do colegiado. O texto recomenda a aprovação de 4 projetos de lei e o indiciamento de 45 pessoas por “fortes indícios” de participação em esquemas de pirâmide financeira e pela prática de crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, entre outros.

A CPI começou a funcionar no dia 13 de junho com o objetivo de investigar empresas que ofereciam a clientes investimentos em criptomoedas com promessas de rendimentos acima da média do mercado financeiro. Entre os anos de 2019 e 2022, clientes dessas empresas passaram a relatar dificuldades para acessar os rendimentos e até os valores inicialmente investidos. Os fatos levantaram suspeitas de se tratar de esquemas de pirâmides financeiras, que consistem na prática de atrair novos clientes para pagar os rendimentos dos mais antigos.

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Projetos de lei

Um dos projetos de lei propostos pela CPI altera a Lei dos Crimes contra a Economia Popular e a Lei de Crimes Financeiros para criar uma definição específica para o crime de pirâmide financeira, fixando pena de 6 a 10 anos de reclusão e multa. Quando praticado com ativos virtuais, como criptomoedas, a pena passa a variar de 8 a 12 anos e multa. A proposta também amplia o alcance de outros crimes financeiros para abranger condutas ilícitas com ativos virtuais.

Os demais projetos pretendem regulamentar:

Presidente da CPI, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) ressaltou que mais de 3 milhões de brasileiros foram lesados por esquemas de pirâmides nos últimos anos, com valores que superam R$ 100 bilhões. “A gente tem que votar com urgência esses projetos para impedir a criação de novos sheiks, faraós e engomadinhos que retiram recursos da população”, disse o deputado, em entrevista coletiva.

Aumento da arrecadação

Segundo o presidente da CPI, a aprovação dos projetos tem potencial para aumentar a arrecadação brasileira em R$ 1 bilhão por ano. “Com essas propostas, o Brasil começa a arrecadar R$ 1 bilhão por ano, e a expectativa é que, nesta primeira arrecadação, a gente arrecade R$ 6 bilhões, porque será cobrado o que não se cobrou nos últimos seis anos”, explicou.

Uma das propostas exige ainda que as transferências de recursos entre usuários e prestadores de serviços sejam feitas por meio de contas de depósito ou de pagamento individualizadas, para evitar que o patrimônio de sócios e clientes se misture.

“Nós nos deparamos com muitas corretoras de criptoativos que não fazem a chamada segregação patrimonial. Elas utilizam todo o dinheiro em uma conta só, o que é um facilitador do crime de lavagem de dinheiro e de pirâmides financeiras”, destacou o relator.

Indiciamentos

A CPI recomenda o indiciamento de 45 pessoas por “fortes indícios” de participação em esquemas criminosos, envolvendo pirâmides financeiras e a prática de estelionato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, entre outros crimes. Os nomes estão ligados às seguintes empresas:

123milhas

Trust Investing

Binance

GAS Consultoria

OWS

Braiscompany

18K Ronaldinho

MSK Investimentos

Rental Coins

RCX Group

Grow Up

Atlas Quantum

Indeal Consultoria e Investimentos 

A comissão pediu o indiciamento de oito sócios da 123milhas, incluindo Ramiro Julio Soares Madureira e Augusto Julio Soares Madureira, que foram ouvidos pela CPI. Segundo o relator, a 123milhas não se mostrou uma empresa de intermediação de milhas, mas uma empresa que dá prejuízo.

“Essa empresa nunca daria certo. Eles mantinham a empresa aberta atraindo mais pessoas com gastos vultosos em publicidade, chegando à casa de bilhão, e também com empréstimos bancários, num clássico esquema de pirâmide”, destacou Silva. “Pela contas analisadas, a 123mihas operava sempre no vermelho, com tendência à insustentabilidade”, acrescentou.

A CPI também pediu o indiciamento, entre outros, de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”, da GAS Consultoria; do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e de seu irmão, o empresário Roberto de Assis Moreira, no caso da 18K Ronaldinho; de quatro sócios da Trust Investimentos, além de Patrick Abrahão, que também prestou depoimento à CPI; e de Guilherme Haddad Nazar, diretor-geral da Binance no Brasil.

Recomendações

O relatório final traz ainda sugestões do deputado Alfredo Gaspar (União-AL) para que o Ministério Público Federal (MPF) apure especificamente as condutas praticadas pelas empresas Binance – maior exchange global do segmento de venda de ativos digitais no Brasil – e Infinity Asset.

No caso da Binance, Gaspar recomenda que a empresa seja investigada por possíveis infrações à ordem econômica, incluindo os crimes de sonegação e evasão fiscal, lavagem de dinheiro e financiamento ao crime organizado e ao terrorismo.

Em relação à Infinity Asset, a documentação recebida pela CPI sugere que houve movimentação atípica em fundos geridos pela empresa.

Aprofundamento das investigações

A CPI também decidiu encaminhar ao MPF todas as informações coletadas em depoimentos e documentos em quase cinco meses de investigação, incluindo as quebras de sigilo.

Para garantir o ressarcimento às vítimas das fraudes, o colegiado sugere ao MPF que considere a possiblidade de pedir o sequestro de bens dos indiciados na investigação parlamentar.

A CPI recomenda o aprofundamento das investigações das seguintes empresas por possíveis condutas ilícitas:

Hotel Urbano

Star Bets

FX Winning

Zurich Capital Investimentos

G.R Tecnologia Digital

G44

C. Consultoria e Tecnologia

Genbit

ZERO10 – Gensa Serviços Digitais

X Capital Bank

Trader Group

BinaryBit e Fênix Global

DD Corporation

Versobot

Goeth

BlueBenx

Braiscompany

Mining Express

Xiglute Coin

Fiji Solutions

Canis Majoris

Midas Trend

entre outras empresas e pessoas.

Recomendações administrativas

A CPI também apresenta recomendações administrativas a órgãos como a Receita Federal do Brasil (RFB), o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

À Receita Federal, por exemplo, o colegiado sugere a instauração de processo administrativo sobre o recolhimento de impostos por prestadores de serviços de ativos virtuais estrangeiros que atuam no Brasil.

O relatório conclui que é necessário exigir dessas exchanges os tributos relacionados às intermediações realizadas no Brasil (IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e IOF). “Elas se beneficiam dos bilhões de reais transacionados anualmente em suas operações no País junto a consumidores brasileiros”, diz o relatório.

*Da Agência Câmara de Notícias

O empresário Ramiro Madureira, sócio da 123milhas, disse na CPI das Pirâmides Financeiras que cerca de 150 mil consumidores compraram passagens para viajar entre setembro e dezembro deste ano e estão no plano de recuperação judicial da empresa. Mas ele afirmou que ainda não sabe quantos são os que compraram para 2024.

Na semana que vem, segundo ele, será feita uma reunião com a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça para negociar um acordo para a compensação dos clientes.

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Segundo ele, deverão ser organizadas prioridades para clientes que precisam viajar por problemas de saúde, por exemplo. Ele disse ainda que devem ser feitas mais demissões nas empresas do grupo. A audiência continua. 

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*Da Agência Câmara de Notícias

Investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras como sócio da Trust Investing, empresa de criptomoedas que ofertava lucros acima da média do mercado, Patrick Abrahão admitiu ao colegiado, nesta quinta-feira (24), ser apenas um dos investidores e entusiasta da empresa.

Declarando-se atualmente um dos mais de 1 milhão de investidores lesados pela Trust, Abrahão, que esteve preso de 19 outubro de 2022 até o último dia 7 agosto, afirmou que aguarda a sentença da Justiça para decidir se processa ou não a Trust pelo prejuízo causado a ele.

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“Eu estou aguardando a sentença, porque a minha resposta vai sair quando, de repente, for para eles pagarem todo mundo. Se eles estavam mentindo que retornariam o site, se eles estavam mentindo que pagariam as pessoas. Esse é o próximo capítulo que eu estou aguardando”, declarou. 

A Trust Investing, com sede na Estônia, foi fundada por brasileiros e acabou alvo de investigação da Polícia Federal, a qual culminou com a prisão dos seus principais representantes em outubro de 2022, o pastor Ivonélio Abrahão – pai de Patrick –, Diego Chaves (CEO), Fabiano Lorite (diretor de marketing) e Diorge Ribeiro Chaves.

Abrahão relatou à CPI que, no final de 2021, o site de operações da empresa, que negociava apenas criptoativos, chegou a ficar fora do ar, retomando as atividades em abril. Segundo ele, os donos argumentavam que se tratava de manutenção para instalar a tecnologia blockchain e proteger os sistemas contra ataques hackers. Em junho, no entanto, o site parou de operar definitivamente, deixando milhares de investidores sem acesso aos ativos.

Os deputados Caio Vianna (PSD-RJ) e Alfredo Gaspar (União-AL) questionaram a relação do depoente com a Trust, estranhando o entusiasmo dele em postagens na internet.

“É porque fica difícil para a gente pegar a denúncia robusta e todo o conteúdo probatório, a fala de tanta gente, as palestras que o senhor deu o Brasil afora tratando de ‘nossa empresa’, o senhor, influenciador importante, falando sobre essa empresa de forma repetitiva, fica difícil a gente achar que o senhor está fora do negócio”, questionou Gaspar.

Em resposta, Abrahão admitiu usar suas redes sociais para mencionar ganhos obtidos com investimentos, mas acrescentou que nunca convidou pessoas a investirem na Trust ou em qualquer outra criptomoeda.

“Em todas as palestras pelo Brasil, eu demonstrava meus investimentos em cripto, e a Trust era um deles”, disse.  Vianna questionou Abrahão se ele hoje considera a Trust uma pirâmide financeira. “Eu não posso te responder, porque eles tinham as operações, pelo que mostravam, e até o momento em que a empresa continuou funcionando o Bitcoin teve uma alta de 600%”, disse Abrahão. “Então foi um estelionato?”, insistiu Vianna. “Eu estou aguardando a sentença”, concluiu o depoente.

*Da Agência Câmara de Notícias

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu habeas corpus à atriz Tatá Werneck e ao ator Cauã Reymond para desobrigá-los de prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Deputados que investiga operações fraudulentas com criptomoedas (CPI das Pirâmides Financeiras). Os depoimentos dos artistas, convocados na condição de investigados, estão marcados para a tarde desta terça-feira (15).

Segundo a decisão, tomada no Habeas Corpus (HCs) 231268 e 231271, caso resolvam ir à CPI, eles têm assegurado o direito de permanecerem em silêncio, para não produzirem provas contra si mesmos, de serem assistidos por advogado, de não serem submetidos ao compromisso de dizer a verdade e de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores.

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Campanhas publicitárias

Os advogados de Cauã narram que, em 2018, ele participou de campanha publicitária para a Atlas Quantum, empresa do ramo de criptomoedas, e que somente depois da realização desse trabalho a empresa passou a aparecer nos noticiários por estar alegadamente lesando investidores.

Já a defesa de Tatá sustenta que ela apenas realizou campanha publicitária, intermedida por agência de produções artísticas, para uma empresa que, na época, não era investigada no esquema de pirâmide financeira.

Autoincriminação

Em sua decisão, o ministro André Mendonça observou que, de acordo com a jurisprudência do STF, é inafastável a garantia constitucional contra a autoincriminação, independentemente da condição de testemunha ou de investigado. O Supremo também entende que a legislação prevê o direito de ausência do investigado ou acusado ao interrogatório, afastando também a possibilidade de condução coercitiva.

Do site do STF

A CPI das Pirâmides Financeiras vai ouvir o depoimento do chamado "sheik das bitcoins", Francisley Valdevino da Silva, na próxima quinta-feira (3). Ele é o proprietário da Rental Coins, uma empresa de aluguel de criptomoedas, e investigado por supostamente participar de esquema de pirâmide financeira que causou prejuízos de mais de R$ 1,1 bilhão a investidores entre os anos de 2019 e 2022.

O Ministério Público Federal do Paraná apresentou denúncia contra a empresa e seu proprietário pelos crimes de constituição de organização criminosa, estelionato, obtenção de ganhos ilícitos, lavagem de dinheiro internacional e oferta de valores mobiliários sem registro. 

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O autor do requerimento para a audiência é o deputado Júnior Mano (PL-CE). Segundo ele, o depoimento será útil para "obter informações detalhadas sobre as atividades da Rental Coins, o funcionamento do esquema de pirâmide financeira, a forma como os investidores foram lesados e quais medidas serão tomadas para ressarcir os prejuízos causados".

O depoimento ocorrerá às 10 horas no plenário 7. 

*Da Agência Câmara de Notícias

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