"Me desesperei", diz a pediatra cubana Amarilis Taquechel, de 58 anos, sobre o momento em que descobriu que estava com Covid-19. A médica mora em Pernambuco há 24 anos. Ela está em isolamento em sua casa em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e nota, finalmente, que está melhorando.
Taquechel conta que sentiu dores abdominais e diarreia. "Eu desconfiei porque sei que a doença pode iniciar de forma gastrointestinal", ela conta. Na semana seguinte, surgiram a tosse e a dor de garganta.
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A médica passou a se medicar com azitromicina. A tosse foi piorando ao longo dos dias. "Era uma tosse diferente das que já senti. Tosse seca, persistente, como se fosse coqueluche", relata a cubana. Ela também sentiu indisposição, mas não teve registro de febre ou dificuldade respiratória.
No dia 31 de março a pediatra foi afastada. Ela atende em uma unidade hospitalar pública e possui um consultório em Vitória de Santo Antão.
No sábado (4) ela fez o teste e recebeu o resultado na última segunda-feira (6). "Uma coisa é você suspeitar, outra é ter a certeza", diz, explicando por que se desesperou ao saber o resultado.
Taquechel tem se sentido melhor nesta quinta-feira (9), mas ainda tem medo. "Estou me observando. Você sempre fica naquela expectativa porque é um vírus novo."
A pediatra continua sendo medicada com azitromicina, além de vitaminas e expectorante. Ela questionou a colegas se deveria usar cloroquina e preferiu não arriscar por já ter arritmia benigna. "É um medicamento também que a gente ainda não sabe se é o indicado."
Outro desafio enfrentado por ela e por outras pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus é o isolamento - Taquechel pediu que levassem até o seu cachorro. "É muito difícil estar isolada do mundo. Ninguém quer falar com você. Estou lavando roupa, pedindo comida. Mas sou defensora total do isolamento social. Fique em casa", diz a médica.
Trajes de dança dos cubaneiros sempre incluem chapéu, calça de tecido e sapatos de dança. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)
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Camisas estampadas, sapatos personalizados e muita simpatia. Podemos arriscar que esses três ingredientes ajudam a explicar a magia que se forma no caldeirão da pista de dança da “Noite Cubana” do Clube Bela Vista, localizado no Alto Santa Terezinha, na Zona Norte do Recife. Lá, em dois domingos alternados a cada mês, aposentados, militares e trabalhadores em geral desconstroem a sisudez da masculinidade e transformam-se em artistas graciosos. Pouco antes que uma nova semana se inicie, trazendo consigo as obrigações da vida cotidiana, os “cubaneiros”- conforme se autodenominam os frequentadores mais assíduos do baile- se apressam em circular entre as mesas em busca de uma parceira para a salsa, bolero ou guaracha. Símbolos da Zona Norte do Recife, eles são o maior dos atrativos de um dos eventos mais tradicionais da cidade.
“A gente, dançarino, é que nem jogador de futebol. Se ele não jogar, não teve um lazer. Quando tiver uma cubana, eu estiver trabalhando ou fazendo alguma ‘ôia’, fica faltando alguma coisa para completar”, descreve o aposentado Francisco Nascimento, conhecido entre os demais frequentadores da Noite Cubana como Chocolate. Em suas palavras, “um dos dez melhores dançarinos de Pernambuco, porque não vou dizer que sou o melhor”, Chocolate dispensa a modéstia e se orgulha de ter sido um dos responsáveis pela fundação do Clube Bela Vista, na data de 24 de outubro de 1980. “Antes aqui era um cinema, o Cine Bela Vista, que não deu certo. Foi quando um grupo de doze pessoas, que já dançava muito os ritmos latinos, disse: ‘vamo inventar uma cubana? Aí a gente fez a primeira, parecia o Galo da Madrugada”, brinca.
Afeito à dança dos gêneros cubanos desde os 14 anos, ele não sabe explicar a forte relação das comunidades da Zona Norte do Recife com a música caribenha. “O ritmo cubano é quase igual a um frevo: se mexeu, tá dançando. Agora tem o dançarino mesmo, o ‘cubaneiro’, e eu sou do original. Para mim é primeiramente Deus, minha família e a cubana, porque sem ela a gente não tem uma alegria”, frisa.
Calças de tecido, sapatos estilizados e chapéu elegante. Quem vê Nilvan José Damasceno na pista de dança do Clube Bela Vista dificilmente concluirá que está diante um sargento da polícia militar. Um dos mais elegantes frequentadores da Noite Cubana, ele sempre cruza os portões por volta das 19h, acompanhado pela esposa, a dona de casa Gildete Nascimento. “Danço com ela há 39 anos. Fica mais fácil, porque não são todas as damas que podemos conduzir, algumas não acertam. Hoje em dia tenha muita coreografia e não é meu forte, eu danço muito ‘peito’ e conduzo a dama com os pés”, comenta. Afiado nos passos curtos, o casal logo chama atenção dos frequentadores mais tímidos, que se acomodam nas laterais da pista de dança para assistir à festa. “O charme do cavalheiro está na roupa, principalmente na camisa que ele veste. A gente sempre tem que estar muito bem alinhado, tenho meus figurinos só para dançar”, confessa.
Elegância e tradição: desde 1992, Nilvan frequenta Noite Cubana com a esposa, Gildete. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)
Afinidade antiga
Morro da Conceição, 1975. Disputando espaço com artistas nacionais como Roberto Carlos e Reginaldo Rossi, os ritmos cubanos já eram febre nas comunidades da Zona Norte, motivo pelo qual um importante clube recreativo do bairro resolveu contratar o jovem Valdir Marques de Oliveira - conhecido por “Valdir Português” - devido à ascendência paterna - como DJ -. Fã da música caribenha, o rapaz costumava renovar o repertório nas disputadas feiras de troca de discos do bairro de Casa Amarela. “Ninguém dava disco a ninguém não, era muito disputado, tinha gente que roubava do outro, dava até briga. Já teve muita má querência. Antigamente, a música cubana era mal vista, como coisa de ‘maloqueiro’”, conta Valdir. Foi neste universo, no entanto, que o DJ conheceu a potência agregadora da música, com aquele que seria um fiel parceiro na empreitada mais importante de sua vida. “Em 1992, conheci o DJ Edinho Jacaré na feira do troca, só que a Peixinhos. Ele me falou que havia feito uma programação de música cubana muito bonita, no Bela Vista. Depois disso, os diretores do Clube foram na minha casa e me convidaram para participar”, lembra.
Se aos 11 anos de idade, Valdir era o garoto que vendia doces para comprar discos de salsa e bolero, na vida adulta, tornou-se uma das referências em música cubana no Recife. “O ritmo cubano que boto pra tocar não é pra todo mundo não, é para aquele que vai gostando, porque trabalho todos os ritmos. Chega uma hora que vou fazendo um revezamento: uma hora guaguancó, outra guaracha, pregón e por aí vai”, relata. A habilidade de colocar a música certa “para fazer aquele casal sentado se levantar e ir dançar”, conforme gosta de dizer, levou Valdir Português a, por exemplo, apresentar-se ao lado de Edinho Jacaré na Virada Cultural de São Paulo, nos anos 2000. “Depois, o Buena Vista Social Club (um dos mais relevantes grupos de música cubana do mundo) veio ao Recife e visitou o Bela Vista. Fizeram uma festa linda, foi muito emocionante pra gente”, relata Valdir.
De sua cabine, Valdir Português comanda a festa mesclando artistas caribenhos e africanos. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)
Encontro de classes
Àquela altura, contudo, o Clube já não era frequentado apenas pelos moradores das comunidades circundantes. “Antes eu trabalhava com público pobre, quando dava dez horas da noite, o pessoal ia embora, porque não tinha dinheiro para gastar durante uma programação de oito horas como a minha. Foi quando conhecemos Roger de Renor e a banda Academia da Berlinda, que fizeram eventos aqui. Aquele povo deles, de Olinda, Boa Viagem se adptou ao Clube e ficou como um novo ‘habitué’” explica Valdir. Com a invasão dos jovens de classe média, a Noite Cubana passou durar até a madrugada. interessado em interagir e dançar com os tradicionais cavalheiros do Bela Vista, uma atração à parte, o novo público costuma se acomodar, curiosamente, à direita da pista de dança. “Isso daí é feito por eles. Esse lado daqui (esquerdo) é do povo humilde e do lado de lá é o novo público. Isso daí é feito por eles e eu não sei o porquê, afinal a ‘turma de Olinda’ gosta tanto do povo daqui, porque o povo daqui sabe dançar...As ‘meninas da Academia da Berlinda querem dançar com os cubaneiros”, coloca o DJ.
Um dos diretores do Bela Vista, Romildo Andrade garante que o clube está atento ao fenômeno e não pretende elitizar a festa. “A gente faz a distribuição de cerca de 300 e a prioridade da casa é a região que a gente está. O resto das pessoas que comparecem são as que vêm de diferentes partes da cidade e do país, elas entram pela bilheteria normalmente, pagando o valor de R$ 10. Nossa comunidade está satisfeita com a Noite Cubana e acaba lucrando com ela, porque as pessoas gastam muito do lado de fora do clube”, defende. Por isso, Romildo gosta de dizer que a festa é universal. “Porque não existe uma festa cubana que a gente não receba alguém de outras países. Além disso, vem pessoas de ‘nível elevadíssimo’, como políticos, atrizes e jogadores de futebol”, acrescenta o diretor.
Evento reúne jovens e idosos. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)
Para o cubaneiro Sérgio Martins Pereira, a organização do clube é uma das razões de seu sucesso. “Ela é uma terapia que você faz e esquece de tudo, dos problemas todos, porque sai de casa para se divertir. Aqui tem uma boa discoteca, um bom atendimento e segurança. Graças a Deus aqui nunca teve problema de briga”, garante.
Futuro animador
Nascido em 1996, Reginaldo Vieira Júnior tinha apenas nove meses de vida quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Fiquei com tudo fora do lugar por dentro, fiz nove cirurgias, mas não conseguia andar, falar ou escutar. Na época, médico me deu dois meses de vida, mas graças a Deus hoje eu estou aqui contando a história”, conta. Algumas sequelas, contudo, permaneceram. “Se eu ficar sem remédio e estiver muito nervoso ou com raiva, tenho convulsões. Além disso, há dois anos, eu estava escutando as cubanas no banheiro, brincando, quando escorreguei na cerâmica, caí e quebrei o fêmur. Aí hoje tenho tenho três pinos na perna e um problema de mobilidade”, completa.
Reginaldo Júnior supera deficiência motora e brilha na pista de dança. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)
A dificuldade motora não impede que Reginaldo seja presença certa na noite cubana. “No bairro de Dois Unidos, fui vizinho do DJ Valdir Português, comecei vindo com ele. Gosto da música cubana desde criança, quando ouvi os merengues de Célia Cruz e seus boleros com Bienvenido Granda”, afirma. Constantemente um dos primeiros a chegar e últimos a sair do evento, Reginaldo sempre circula pelo Bela Vista com figurino alinhado e um pequeno lenço vermelho pendurado na calça, que diz ser sua homenagem à Cuba. Gentil, circula sorridente entre as mesas e dificulta a negativa das damas a uma dança. “Elas ficam à vontade comigo e me pergunto se posso ensiná-las a dançar, para mim é um prazer”, derrete-se.
Com os estudos no ensino médio concluídos, durante o resto da semana, Reginaldo garante que dedica-se quase que integralmente ao estudo do repertório da música cubana, através de canções gravadas em um celular e discos comprados a Valdir Português. “Meu sonho é ser DJ da Noite Cubana, sempre chego antes da festa, ajudo o DJ a carregar as coisas para dentro e fico ouvindo as músicas. Quando não conheço algo, pergunto pra ele o que é e anoto num caderninho. A Cubana pra mim é tudo: aqui eu danço, brinco dou risado e faço todo mundo feliz”, comemora.
Que tal uma noite cubana, bem na histórica Praça do Arsenal, localizada no bairro do Recife, e ainda sem custo? A pedida desta sexta-feira (25) será bem nesse estilo com a projeto “Cubana de Rua”, ancorado pelo SinsPire e Curta Pernambuco, que tem como objetivo integrar grandes eventos ao calendário cultural da cidade.
A programação acontecerá nas sextas-feiras 25 de janeiro, 15 de fevereiro e 15 de março, a partir das 19h, e será marcada por discotecagem do DJ 440 com um repertório de muita música cubana, salsa, cúmbia, bolero, guitarrada, além de ritmos paraenses.
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O projeto do selo BRASA, dos produtores Marta Guimarães e Juniani Marzani, mais conhecido como DJ 440, agora tem como apoiador o espaço SinsPire, de Luciana Nunes. A finalidade maior é difundir a música latina ocupando e ativando os espaços públicos.
Em entrevista ao LeiaJá, Luciana contou que aguarda um público em torno de 800 a mil pessoas. “Vai ser o maior prazer receber as pessoas que gostam da música cubana, que gostam da música paraense. O objetivo dessa ação é a gente resgatar as noites no Recife Antigo, atrair público e música com qualidade. A Cubana de Rua tem essa missão onde atrair o pernambucano e os turistas para brincar na rua e curtir uma música cubana”, ressaltou.
A poetisa Carilda Oliver, símbolo do verso erótico em Cuba, morreu nesta quarta-feira, aos 96 anos, deixando uma obra de mais de 40 livros publicados em vários idiomas, informou o jornal Juventud Rebelde.
"A Prêmio Nacional de Literatura foi uma das mais sobressalentes poetisas de Cuba e Hispanoamérica, e os cubanos e em particular os matanceros agradecem essa vida consagrada por inteiro à poesia", expressou o jornal sem informar a causa da morte.
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Nascida em Matanzas, 100 km a leste de Havana, onde viveu toda sua vida, Oliver começou a poesia em 1943 com seu primeiro livro "Preludio Lírico".
Sete anos depois, em 1950, ganhou o Prêmio Nacional de Poesia, concedido pelo Ministério da Educação por seu livro de poesia mais conhecido "Al sur de mi garganta" (1949).
Desafiando a repressão da ditadura de Fulgenio Batista (1952-1958), escreveu seu "Canto a Fidel", um poema dedicado ao líder Fidel Castro, que, em seguida, comandou uma guerrilha na Sierra Maestra contra Batista.
Oliver se formou na licenciatura em Direito, e cultivou uma poesia erótica alegre, que lhe valeu grande popularidade.
Segundo a Agência Cubana, seu corpo será cremado e suas cinzas expostas em sua casa em Matanzas.
O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PR), contratou uma médica cubana para fazer parte equipe da Unidade de Saúde Curcurana. “A unidade ganhou reforço da médica Zaires Trujillo Rodriguez através do Programa Mais Médicos. O posto de atendimento, localizado no bairro de Curcurana, estava desfalcado há cerca de quatro meses, mesmo sendo responsável por uma área com oito mil pessoas”, informou a assessoria de imprensa do gestor.
Anderson Ferreira participou, nesta segunda-feira (9), da chegada da médica ao local afirmando que irá recuperar e reforçar as unidades de saúde do município. “Na reforma administrativa que fizemos criamos a Secretaria de Saúde justamente para darmos uma atenção especial ao setor”.
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O prefeito também afirmou que sua gestão dará um atendimento digno aos pacientes. “Estamos acompanhando de perto o que acontece nas comunidades e sabemos que a saúde precisa melhorar muito em nosso município”, declarou.
Zaires Trujillo Rodriguez é clínica geral e já trabalhou no Ministério da Saúde do seu país.
A poucos dias de retornar a seu país contra sua vontade, a cubana A. conseguiu na Justiça o direito de permanecer no Brasil e continuar trabalhando no Mais Médicos. A 20ª Vara Federal do Distrito Federal, em decisão inédita, determinou que o Ministério da Saúde renove diretamente o contrato com a profissional nas mesmas condições em que foi admitida, dispensando, assim, a intermediação do convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde. Com o desfecho, a profissional passa a receber integralmente o valor do intercâmbio (R$ 11.520). Até agora, seu contracheque era de R$ 2.976,00. O restante era encaminhado para o governo cubano.
Embora seja uma medida de urgência que precisa ser confirmada no julgamento da ação principal, a decisão desta semana foi considerada como uma nova ameaça de turbulência para o Mais Médicos. O receio é de que haja um efeito dominó e outras decisões semelhantes passem a ser concedidas pela Justiça. O advogado da médica cubana, Erfen Ribeiro Santos, afirma ter ingressado com mais quatro pedidos semelhantes.
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A médica integra um grupo de cerca de 4 mil profissionais cubanos que chegou ao Brasil a partir de 2013 para trabalhar no Mais Médicos e que, por decisão do governo de Cuba, deve agora voltar para o país de origem. Na renovação do convênio firmado entre Ministério da Saúde, Opas e Cuba, em setembro, ficou determinado que, embora a lei permita ao grupo ficar mais três anos no Brasil, a maior parte dos recrutados devem regressar ao país de origem para dar lugar a novos profissionais - boa parte deles já está em treinamento, em Cuba. A estratégia tem como objetivo evitar que cubanos estreitem os laços com o Brasil e, com isso, resistam em regressar para Cuba, quando o contrato chegar ao fim.
A médica A (que não quis ter seu nome revelado), alegou já ter vínculos com o Brasil. Um de seus filhos é brasileiro. "Não tenho nada contra o meu país. Mas é uma questão de escolha. Gosto daqui, quero continuar trabalhando onde estou", disse, em entrevista.
Ribeiro Santos afirma que médicos cubanos devem ter o mesmo tratamento dispensado aos outros profissionais do programa. "O contrato firmado entre Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde cria desigualdade. Médicos que atuam no programa têm as mesmas atribuições. Mas cubanos recebem um terço do valor do que seus colegas brasileiros ou formados em outros países", disse.
Na ação, Ribeiro Santos pede que o convênio seja considerado inválido. "Ele compromete a dignidade dos profissionais cubanos. Como explicar o fato de eles receberem um terço do que seus colegas?"
Questionado, o Ministério da Saúde afirmou que a Advocacia Geral da União foi notificada da decisão nesta quarta. Em nota, a pasta afirma que a atuação de médicos cubanos mantém o vínculo de trabalho com seu país de origem. "A decisão sobre a permanência ou retorno de funcionários em missão internacional cabe ao governo de Cuba."
Atualmente trabalham no País 11.400 profissionais cubanos. Eles representam a grande força do programa, criado em 2013 em uma resposta às manifestações populares que reivindicavam melhoria de acesso à saúde. Ao todo, o Mais Médicos reúne 18.240 profissionais, dos quais apenas 5.274 são brasileiros. Outros 1.537 são profissionais que obtiveram diploma no Exterior. Pelos cálculos do Ministério da Saúde, dos 11.400 profissionais, pelo menos 4 mil estão no Brasil há mais de três anos e, por isso, devem regressar a Cuba.
Uma cubana residente na Flórida foi acusada de fraude migratória por se casar com dez homens em dez anos para facilitar a residência nos Estados Unidos de imigrantes sem documentos em troca de dinheiro, segundo documentos judiciais.
Yosandra Piedra Vásquez se casou com nove estrangeiros no sul da Flórida e outro na Geórgia (sul dos EUA) entre 2002 e 2012, segundo determinou um julgamento de acusação do distrito sul do Tribunal Federal da Flórida. O montante das transações não foi especificado no texto da acusação formal, obtido nesta terça-feira (9) pela AFP.
O texto cita Yoel de Moya Lozada como o conspirador que trabalhou como elo de ligação para celebrar os casamentos. "Os acusados intencionalmente se associaram, conspiraram e acordaram entre eles e outras pessoas (...) para celebrar matrimônios fraudulentos", assinala o documento judicial.
O objetivo da fraude era de "os estrangeiros não-cubanos se qualificarem fraudulentamente (para obter) os benefícios migratórios" que outorga a Lei de Ajuste.
Segundo essa lei, que alivia a situação migratória dos exilados cubanos, um estrangeiro que se case com um cubano obtém a residência permanente de uma maneira mais livre do que se casasse com um americano. "Usar o status migratório por razões fraudulentas, como neste caso, é um crime sério", disse à AFP Kathy A. Redman, diretora da região sudeste do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS). "Não toleraremos essa violação ao nosso sistema migratório".
Os estrangeiros que obtiveram a residência através dessa operação não foram identificados no documento da acusação. Tampouco é afirmada a idade dos acusados.
Ambos enfrentam processos por conspirar para defraudar o governo dos Estados Unidos e conspirar para colaborar com um estrangeiro a viver ilegalmente no país. Piedra e De Moya podem ser condenados a uma pena máxima de dez anos.
A médica cubana Ramona Rodriguez, que abandonou o programa Mais Médicos em fevereiro deste ano, pediu demissão do emprego que conseguiu posteriormente na Associação Médica Brasileira (AMB) e embarcou para os Estados Unidos, segundo informou a própria associação nesta terça-feira (1º). Ramona conseguiu asilo político nos EUA e chegou ontem a Miami.
A cubana veio para o Brasil em outubro do ano passado, pelo programa Mais Médicos do governo federal. Depois de trabalhar em Pacajá, no interior do Pará, ela foi para Brasília e abandonou o programa. Ramona recebeu apoio do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que chegou a levá-la ao plenário da Câmara para denunciar "uso de trabalho escravo" pelo programa e ofereceu seu gabinete como abrigo. A médica ainda entrou na Justiça para reivindicar indenizações por direitos trabalhistas e danos morais, depois de descobrir que profissionais de outros países ganhavam R$ 9 mil a mais do que médicos cubanos.
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Após se desligar do programa, Ramona foi contratada pela AMB, por onde foi solicitado seu asilo político no Brasil. Ela aguardava a resposta do governo brasileiro quando recebeu a afirmativa dos EUA. Em nota à imprensa, o presidente da associação, Florentino Cardoso, afirmou que respeita a decisão pessoal da médica. Ele diz ainda que a AMB tentou mostrar que a crítica ao programa é pela forma como os médicos cubanos são contratados e vivem no Brasil.
Em vídeo divulgado pela assessoria da AMB, Ramona confirma que já está em território norte-americano. Ela diz que veio ao Brasil em busca de realização pessoal e para ajudar os necessitados, mas que os médicos cubanos foram enganados. "Nós pensamos que íamos receber o mesmo salário que todos os outros médicos estrangeiros que trabalhavam também nesse programa". Ramona afirma que era vigiada e tinha seu direito de ir e vir desrespeitado.
A médica ainda agradece ao deputado Caiado, à AMB e à imprensa brasileira pelo apoio e atenção dedicados ao problema dos médicos cubanos no Brasil.
A médica cubana Ramona Matos Rodriguez ingressou nesta sexta-feira (14), com uma ação na Justiça reivindicando que o governo federal pague R$ 149 mil de indenização pelo período em que trabalhou no Mais Médicos. Ramona, que abandonou o programa na semana passada e pediu abrigo na liderança do DEM, pede que o valor seja bloqueado das contas da União liminarmente, até que o mérito da causa seja analisado.
A ação foi proposta na Justiça do Pará, Estado onde Ramona prestou serviços por quatro meses. A médica reivindica R$ 69 mil em salários e direitos trabalhistas não pagos e R$ 80 mil como indenização por danos morais. Ramona trabalhava na cidade paraense de Pacajá. Ela afirma ter deixado o Programa Mais Médicos por causa da baixa remuneração, sobretudo quando comparada ao valor que o Ministério da Saúde repassa para médicos que ingressaram no programa por meio de inscrições individuais.
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O valor repassado pela pasta é R$ 10 mil. Ela, que foi recrutada por meio do acordo de cooperação com Cuba, recebe o equivalente a US$ 400. O restante dos recursos ficava com governo cubano. A médica foi a primeira cubana a abandonar o Mais Médicos que não retornou para Cuba. Depois que seu caso veio à tona, semana passada, mais quatro casos de deserção foram registrados entre profissionais recrutados em Cuba.
O Ministério da Saúde cancelou o registro da cubana Ramona Matos Rodriguez que exercia medicina no Brasil pelo Programa Mais Médicos. A decisão está em portaria da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Ramona trabalhava na cidade de Pacajá (PA) e deixou o programa na semana passada, quando pediu abrigo na liderança do DEM na Câmara dos Deputados. Ela alega que desistiu do projeto depois de tomar conhecimento de que o Ministério da Saúde repassa mensalmente aos médicos que atuam no programa o equivalente a R$ 10 mil. Recrutada por meio de um convênio firmado entre Organização Pan-Americana (Opas) e Cuba, Ramona disse receber apenas o equivalente a US$ 400.
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Com o cancelamento do registro, a médica cubana não pode mais exercer a medicina no Brasil. Isso só poderá ocorrer novamente se Ramona fizer o processo de revalidação do diploma exigido no País.
A médica cubana Ramona Matos Rodrigues, que deixou o programa Mais Médicos na semana passada e pediu asilo ao Brasil, receberá R$ 3 mil de salário em seu novo emprego em Brasília, como assessora administrativa da diretoria da Associação Médica Brasileira (AMB), uma das entidades que se opõem ao programa federal.
Como integrante do Mais Médicos, Ramona recebia US$ 400 no Brasil, além de outros U$ 600 que eram depositados em uma conta em Cuba e que só podiam ser utilizados quando a médica voltasse ao país natal. Somados os dois valores, a cubana ganhava o equivalente a R$ 2.407. O restante da bolsa de R$ 10 mil paga pelo Brasil ficava com o governo da ilha caribenha.
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O anúncio do novo salário foi feito na tarde desta terça-feira, 11, pelo presidente da AMB, Florentino Cardoso. "Ela terá registro em carteira, com todos os benefícios, como vale-transporte, vale-refeição, plano de saúde, 13.º salário e férias. Ela vai trabalhar em condições dignas, não será um trabalho escravo como o que ela estava sendo submetida", disse.
Segundo Cardoso, os benefícios devem chegar a R$ 1 mil. No entanto, a médica não receberá auxílio-moradia, benefício previsto no programa Mais Médicos. "Ela está procurando um lugar para ficar e está vendo de dividir com outras pessoas, por uma escolha dela, que se sente mais segura", disse Cardoso.
O presidente da AMB afirmou que Ramona começa a trabalhar nesta quarta-feira, 12, mas que ainda não optou como cumprirá sua jornada de trabalho. "Ela pode fazer seis horas corridas ou oito horas com intervalo para o almoço", explicou. Cardoso disse ainda que a entidade vai ajudá-la a se preparar para o exame Revalida caso ela queira continuar no País e trabalhar como médica.
A médica cubana Ramona Matos Rodrigues, que deixou o Programa Mais Médicos na semana passada e pediu asilo ao Brasil, disse nesta segunda-feira (10), em depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que fez curso pela internet nas duas últimas semanas antes de se desligar do programa. Para o procurador Sebastião Caixeta, ainda que haja um curso de especialização semanal, o vínculo trabalhista se mantém. "Quando da edição da Medida Provisória que criou o programa Mais Médicos, o governo brasileiro alegou que traria os profissionais para cursos de especialização. No entanto, o que se verifica é um vínculo trabalhista claro", disse.
Após o depoimento da médica, o procurador disse que o inquérito do MPT sobre o programa aguarda inspeções dos procuradores nos Estados para conclusão. Ele ressaltou ainda não ter informações do valor já repassado à Cuba referente aos salários dos profissionais que vieram para o Brasil.
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Um ponto do depoimento de Ramona que também foi novidade para o Ministério Público diz respeito à autorização necessária aos médicos para sair da cidade onde trabalham. "Para sair de Pacajá (PA), tinha que pedir uma autorização. O contrato também traz um termo de confidencialidade que proíbe relacionamentos com não cubanos", contou a médica no depoimento. "A autorização para sair não era um assunto que vinha sendo tratado, mas todo cidadão deve ter esse direito preservado (de ir e vir)", afirmou o procurador.
Caixeta voltou a ressaltar que o inquérito leva à conclusão de que a legislação brasileira tem sido violada com o programa. Além do não cumprimento dos direitos trabalhistas a todos os profissionais, a situação dos médicos cubanos é considerada pelo Ministério Público como discriminatória.
O secretário de Saúde de Pacajá e ex-chefe de Ramona Matos Rodrigues, Ronaldo Santos Júnior, disse que a médica cubana não fez qualquer queixa antes de deixar a cidade rumo a Brasília, onde se abrigou na liderança do DEM na Câmara dos Deputados. Segundo Ronaldo, ela não deu sinais de insatisfação nem em relação a salário ou sobre condições de trabalho.
Perguntado se ele acredita que Ramona sabia das condições salariais com relação a médicos de outras nacionalidades, Ronaldo não quis responder especificamente sobre a profissional que desertou, mas disse acreditar que os cubanos sabiam de como funcionava a questão salarial quando chegaram. "Nenhum deles nunca reclamou. Eu acredito que eles sabiam quando vieram", comentou.
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O secretário elogiou o comportamento da médica enquanto ela trabalhou em Pacajá, a classificou como "excelente profissional", disse que era amistosa com a comunidade e querida pelos pacientes. Perguntado o porquê de Ramona ter deixado a cidade sem falar com ninguém, ele não soube responder: "não sei, acho que são questões pessoais dela".
Ronaldo conta que foi informado por outros médicos, na última segunda-feira (3), que Ramona havia deixado a cidade no sábado anterior dizendo que iria a uma fazenda. Esta fazenda seria de uma paciente e ficaria a 90 quilômetros de Pacajá. Preocupado por Ramona não ter voltado, a prefeitura registrou boletim de ocorrência na terça-feira, 04, horas antes de a médica aparecer na Câmara.
Ramona foi apresentada à imprensa pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) na noite da mesma terça-feira. Ela disse que decidiu abandonar Pacajá depois de descobrir que os médicos de outras nacionalidades ganhavam R$ 10 mil reais. No contrato apresentado por Ramona, constam o pagamento de ajuda de custo, um salário de US$ 400 para a profissional aqui no Brasil, além de US$ 600 depositados em Cuba. A diferença entre os US$ 1000 e os R$ 10 mil ficariam com o governo de Cuba. A médica cubana que vai substituir Ramona chega nesta sexta-feira a Pacajá. Ela se juntará a outros cinco compatriotas que estão na cidade.
O município de Pacajá, no sudoeste do Pará, tinha apenas dois médicos antes do início do Programa Mais Médicos na cidade, em outubro do ano passado, para atender cerca de 43 mil habitantes da região. Pacajá, que fica a 355 quilômetros de Belém, tem 23 mil habitantes.
A cidade de onde a médica cubana Ramona Matos Rodríguez, de 51 anos, desistiu do programa e saiu no último sábado (1°) já aguarda uma substituta, que deve chegar ainda nesta sexta-feira (7), segundo a previsão feita pela prefeitura do município. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, Ronaldo Santos Jr., uma substituição foi logo solicitada assim que souberam da desistência. "A outra médica já está no município de Marabá e deve chegar logo aqui. Também vai atender a atenção básica, como Ramona fazia", afirmou Santos Jr.
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"Além dela, temos mais cinco médicos do programa, o que melhorou o atendimento desde outubro. Antes, não tínhamos médicos nas unidades de saúde, só dois que atendiam no hospital e iam para as unidades de vez em quando." Ramona saiu de Pacajá dizendo que iria visitar uma paciente. Segundo o secretário, nos quatro meses em que ela esteve na cidade, atendeu muitos cidadãos paraenses.
"Eu passei duas vezes por ela. A segunda foi para levar os exames que ela me pediu. Ela foi especial. Desde que esses médicos chegaram aqui na cidade, incluindo a médica cubana, melhorou muito o atendimento", afirmou João da Silva, de 64 anos, paciente da médica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) quer que os salários dos cubanos que estão trabalhando no programa Mais Médicos sejam pagos pelo Brasil diretamente aos profissionais e que seja interrompida a prática de repassar parte do dinheiro ao governo de Cuba. Com o esquema que está atualmente em vigor, os cubanos só vão receber todo o dinheiro quando voltarem ao seu país, e isso o MPT não aceita. "O Brasil tem de pagar diretamente os profissionais cubanos", defendeu o procurador Sebastião Caixeta.
O órgão também quer que os cubanos recebam salários semelhantes aos de profissionais de outras nacionalidades que estão no Mais Médicos. "Caso não haja nenhuma alteração na relação, entraremos com ação judicial contra o governo", afirmou Caixeta. Há queixas de que os cubanos estariam recebendo menos do que os demais médicos atuantes no programa.
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Segundo o procurador, o governo federal tem sustentado que não haveria um vínculo do Brasil com os médicos cubanos, mas um arranjo de direito internacional, o que não exigiria a aplicação da legislação trabalhista brasileira. "O MP, contudo, não vê as coisas assim."
O MPT deve concluir ainda neste mês um inquérito sobre a situação dos cubanos que trabalham no Mais Médicos. Segundo Caixeta, o Brasil tem desrespeitado tanto a Constituição brasileira, no que diz direito à garantia de igualdade de direitos, quanto acordos internacionais. "Sustentamos que a legislação aplicável aos cubanos é a mesma que a dos brasileiros. É uma disparidade tremenda, um tratamento discriminatório que não tem nenhuma base razoável de ser", destacou. Caixeta afirmou que o episódio envolvendo a médica cubana ajudou o MPT a concluir que houve desvirtuamentos na contratação de médicos.
A médica cubana Ramona Matos Rodríguez, que abandonou o programa Mais Médicos e foi para Brasília, processará o governo federal por danos morais, além de entrar com uma ação trabalhista. Ramona deu a declaração no imóvel funcional do deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), onde está abrigada.
Os advogados que darão andamento aos processos serão providenciados pelo DEM. Na tarde desta quinta-feira (6), quem também compareceu ao imóvel foi o advogado Fernando Tibúrcio, que defende o senador boliviano Roger Pinto Molina, que fugiu para o Brasil em novembro. Tibúrcio, entretanto, disse que estava no local "apenas para trocar experiências" e que não havia sido contratado.
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A ação trabalhista será ajuizada na Justiça do Trabalho de Marabá (PA). Um dos advogados do partido afirmou que aguardará segunda-feira, 10, quando se reunirá com membros do Ministério Público (MP), para decidir se entrará com uma ação individual ou se vai esperar a Promotoria entrar com um processo coletivo.
A médica cubana afirmou que foi para a capital federal com o objetivo de chegar à Embaixada dos Estados Unidos, onde se candidataria a um programa para médicos desertores de Cuba. Ramona disse que foi ao local no sábado (1), mas estava fechado, e retornou na segunda-feira, 3, quando fez uma entrevista e soube que o processo poderia demorar quatro meses.
De acordo com ela, a decisão de buscar ajuda com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) veio somente depois que um amigo entrou em contato para afirmar que a Polícia Federal (PF) havia entrado em sua casa e rastreado telefonemas. Sobre a informação de que teria um namorado nos EUA, Ramona disse que houve um erro de entendimento da palavra "enamorado", em espanhol. Segundo a médica cubana, uma pessoa se propôs a ajudá-la nos EUA, mas não era ex-namorado, nem ex-marido.
Em discurso no plenário da Câmara, na tarde desta quinta-feira (6), o deputado Zé Geraldo (PT-BA) reagiu à saída da médica cubana Ramona Matos Rodríguez do Programa Mais Médicos. O petista disse que ela "não se enquadra" no programa porque foi flagrada "várias vezes totalmente embriagada" e que Pacajá, município do interior do Pará onde a profissional atuava, "não quer essa médica por lá".
"Essa médica foi vista várias vezes totalmente embriagada, a ponto de que nem seus colegas cubanos querem ela mais lá", enfatizou o petista. O deputado afirmou que a população precisa de médicos "equilibrados". "Infelizmente, numa leva de 10, 13, 15 mil médicos, aparece um ou outro que não tem como prestar bom serviço para a população", emendou.
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O parlamentar disse que recebeu uma nota do Conselho de Saúde de Pacajá informando sobre a atuação da médica na localidade. Na nota, a entidade declara que Ramona não era mais aceita pelos seus colegas. "É bom que ela volte para o seu país de origem, porque ela não tem condições de prestar serviço médico aqui no Brasil", declarou.
A Associação Médica Brasileira (AMB) chamou de "precária, humilhante e próxima à escravidão" a situação dos médicos de Cuba que vieram ao Brasil com o objetivo de participar do programa Mais Médicos, do governo federal. Depois que a cubana Ramona Matos Rodríguez se refugiou no gabinete da liderança do DEM da Câmara, a AMB decidiu criar uma comissão para acompanhar a situação dos demais profissionais do país no Brasil e assegurar a eles possibilidades legais de tornar viável o asilo político.
Por meio de uma nota divulgada nesta quinta-feira, 6, a AMB disse que prestará toda a assistência a Ramona, que participava do programa em Pacajá (PA). Após o episódio no Congresso, a associação saiu em defesa dela e ofereceu emprego na sede de Brasília. Na segunda-feira, 10, Ramona se reunirá com a diretoria executiva e com o presidente da AMB, Florentino Cardoso, para acertar detalhes da contratação para um cargo na área administrativa. O salário ainda não foi confirmado, mas a AMB destaca que serão respeitados o preço de mercado, bem como todos os direitos trabalhistas.
O município de Pacajá, no sudoeste do Pará, contava apenas com dois médicos antes do início do programa Mais Médicos para atender aproximadamente 43 mil habitantes. A cidade, onde trabalhava a cubana Ramona Matos Rodríguez, que abandonou o programa no sábado (1), já aguarda a chegada de uma substituta para esta sexta-feira (7).
De acordo com o secretário de Saúde do Município, Ronaldo Santos Jr., uma substituição foi logo solicitada. "A outra médica está já no município de Marabá e chega logo aqui. Também vai atender a atenção básica, como a Ramona fazia", afirmou o secretário.
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Ramona saiu de Pacajá dizendo que ia visitar uma paciente no último sábado. Nos quatro meses que esteve na cidade atendeu muito cidadãos paraenses. "Eu fui com ela duas vezes. A segunda foi para levar os exames que ela me pediu. Ela foi especial. Desde que esses médicos chegaram aqui na cidade, ai eu incluo a médica cubana, melhorou muito o atendimento", relata João da Silva, 64 anos e paciente da médica. Pacajá fica a 355 quilômetros de Belém.
A médica cubana Ramona Matos Rodríguez, que abandonou o programa Mais Médicos no sábado (1), entrará com uma ação trabalhista na Justiça do Pará pedindo o pagamento do que ela teria deixado de receber nos últimos quatro meses em que atuou em Pacajá, no Sudoeste Paraense. Orientada pela assessoria jurídica da bancada do DEM na Câmara, Ramona reivindicará também ressarcimento por danos morais. Nesta quinta-feira (6), a médica cubana recebeu proposta da Associação Médica Brasileira (AMB) para trabalhar no setor administrativo do escritório da entidade em Brasília.
Ramona está hospedada na casa do deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) e já aceitou a proposta de emprego. O valor do salário oferecido não foi informado, mas a médica deve começar a trabalhar na segunda-feira, 10. Mesmo com Ramona empregada, os líderes do partido afirmaram que ela manterá o pedido de asilo aos Estados Unidos e ao governo do Brasil. "Ela tem de trabalhar com mais de uma opção", justificou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Nesta tarde, Ramona deve dar entrada ao requerimento de emissão do Registro Nacional de Estrangeiro (RNE) e da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CPTS).
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Em paralelo à ação individual da cubana, a legenda deve protocolar uma representação solicitando que o Ministério Público do Trabalho (MPT) entre com uma ação coletiva contra o programa. "O Brasil terá de responder por dano moral não só à médica cubana, mas a todos os cubanos", disse Caiado. O argumento é de que a legislação trabalhista do País prevê que o empregado não pode ser "diminuído de seu valor de trabalho" e que, ao receber menos que os demais médicos do projeto, Ramona sofreu danos morais. A ação trabalhista da médica incluirá pagamento proporcional de 13º salário e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não recolhido.
O processo estima um pedido de ressarcimento superior a R$ 36 mil. A requisição de refúgio ao Brasil, entregue nesta quarta-feira, 5, ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Ramona alegou que exerceu a Medicina em situações "humanamente desiguais" se comparadas com os profissionais de outras nacionalidades que participam do plano.
O pedido de refúgio também argumentou que a cubana recebia salário substancialmente inferior ao dos demais profissionais, mesmo realizando "as mesmíssimas atribuições". O fato de os médicos de outros países ganharem R$ 10 mil de remuneração, enquanto os cubanos, pelo contrato, recebem o equivalente a US$ 400 no Brasil, foi o que motivou a saída de Ramona de Pacajá.
"Não tem como distinguir um (médico) cubano de um espanhol", alegou o líder do DEM na Casa, Mendonça Filho (PE). Nesta manhã, os deputados afirmaram que a família de Ramona em Cuba não teve acesso aos valores que o governo do país havia se comprometido em repassar. Os deputados anunciaram que a legenda continuará apoiando a médica e que há a possibilidade de outros profissionais seguirem o exemplo dela nos próximos dias.