A partir desta sexta-feira (1°), nomes conhecidos na política brasileira irão deixar seus mandatos ao menos até 2020, quando ocorre as eleições municipais no Brasil. No âmbito de Pernambuco, o senador Armando Monteiro (PTB) e os deputados federais Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) tiveram uma derrota tripla na chapa denominada Pernambuco Vai Mudar: o petebista tentou, mais uma vez, ser governador do Estado, mas sem sucesso. Já os dois parlamentares disputaram a vaga de senador, mas também não obtiveram êxito.
##RECOMENDA##O deputado federal Kaio Maniçoba (SD), que chegou a assumir por um período a então Secretaria de Habitação de Pernambuco, uma das pastas mais disputadas do governo Paulo Câmara, não conseguiu ser reeleito, apesar do sobrenome de peso no sertão pernambucano. Na Câmara também não conseguiram ser reeleitos os deputados da bancada pernambucana Adalberto Cavalcanti (Avante), Betinho Gomes (PSDB), João Fernando Coutinho (PROS), Marinaldo Rosendo (PP) e Zeca Cavalcanti (PTB).
Já na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), 17 parlamentares que tentavam a reeleição não conseguiram conquistar mais um mandato. É o caso de Laura Gomes (PSB), Socorro Pimentel (PTB) e Edilson Silva (Psol). Eles serão substituídos por nomes como Fabíola Cabral (PP), filha do prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (PSB), João Paulo Costa (Avante), filho do deputado federal Silvio Costa (Avante) e pelo ex-prefeito do Recife João Paulo (PCdoB).
A nível nacional, uma das derrotas mais comentadas foi a do senador Magno Malta (PR). Na verdade, o insucesso de Malta foi duplo: além de perder a reeleição, cotado para comandar algum ministério, ele não foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para integrar o primeiro escalão do governo. Silvio Costa, que também não conseguiu ser senador da República, chegou a afirmar que dificilmente disputará novamente um mandato.
Também não teve êxito no pleito o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB). As duas vagas para senador no Ceará ficaram com Cid Gomes (PDT), com 3.228.533 votos e Eduardo Girão (PROS), que teve 1.325.786 votos.
O cientista político Rodolfo Costa Pinto destaca que é difícil apontar uma causa única para a derrota de políticos que já tinham mandato. “Cada caso é um caso. Alguns apostaram em uma eleição para cargo mais alto como Armando Monteiro, que tentou o governo do estado ao invés de tentar a reeleição para o Senado, ou Bruno Araújo e Mendonça, que tentaram o Senado ao invés da reeleição para a Câmara dos deputados. Certamente também não existe uma causa única para a derrota desses nomes”.
“Nós vivemos em uma realidade em constante transformação e isso é ainda mais forte em termos de comunicação e as maneiras como as pessoas se comunicam tem forte impacto na política. São poucos os políticos que conseguem se comunicar bem nos dias de hoje. É provável que esses nomes tradicionais não tenham conseguido se adaptar e entender essa nova realidade política”, explicou.
Costa Pinto também ressalta que as novas regras eleitorais sobre financiamento, tempo de TV e o papel dos partidos tiveram um forte impacto na organização de políticos mais tradicionais. “O realinhamento de forças a nível local e nacional também afeta fortemente os cálculos políticos e poucos previram e souberam aproveitar o fenômeno eleitoral que foi Bolsonaro”, salientou.
O cientista destaca que o fato desses parlamentares não contarem com um mandato eletivo não quer dizer, de forma alguma, que esses nomes perderam relevância política. “Geralmente quando políticos tradicionais perdem eleições, mas desejam manter uma vida política ativa, eles passam a ter uma vida partidária mais ativa, direcionando a energia que antes estava dedicada aos mandatos para a organização do partido. É o caso de Bruno Araújo, que é hoje o nome mais forte para assumir a presidência nacional do PSDB. É o caso também de nomes como Eunício Oliveira e Romero Jucá, que apesar de não terem renovado seus mandatos, conservam posições de comando dentro do MDB nacional”.
Ele ainda lembrou que outros políticos retornam à vida em círculos empresariais, o que pode ocorrer com Armando Monteiro, que antes de ser deputado e senador, presidia a CNI - cargo empresarial, mas de alta relevância política. “Não existe caminho único e uma derrota é normal em qualquer carreira política. O que acontece depois de perder nas urnas é escolha do político. Pode-se desistir da vida pública, ou aprender as lições, estudar o cenário e se preparar melhor para as próximas eleições”, concluiu.
Em entrevista ao LeiaJá, Armando já avisou que não vai se afastar da vida pública e expôs que, no primeiro momento, vai cuidar de suas atividades privadas. Por sua vez, Mendonça informou que vai integrar o time de consultores da Fundação Lemann que, segundo ele, é uma das mais conceituadas entidades do terceiro setor no país e referência no trabalho por uma educação pública de qualidade.
Preterido por Bolsonaro, Magno disse que vai viajar o país inteiro realizado palestras bem como se dedicará a sua carreira gospel. “Tenho 28 cds gravados. Vivi sempre da minha música”, disse em entrevista recente.