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Um tribunal do Vaticano iniciou nesta terça-feira (18) o primeiro julgamento da 'era Francisco' de ex-dirigentes do hospital infantil da Santa Sé em Roma, Bambino Gesù, por desvio de fundos para a reforma do luxuoso apartamento do cardeal Tarcisio Bertone, então secretário de Estado.

A primeira audiência foi realizada na sala judicial do Vaticano na presença de oito jornalistas credenciados junto à Santa Sé.

Giuseppe Profiti, ex-presidente do hospital romano Bambino Gesù, e Massimo Spina, ex-tesoureiro do mesmo estabelecimento, que pertence à Santa Sé, compareceram ante o tribunal acompanhados de seus advogados.

O julgamento começou na ausência do beneficiário da corrupção, número dois do Vaticano sob o pontificado de Bento XVI (2005-2013), e responsável pela nomeação de Profiti como presidente do hospital em 2008.

Bertone poderá ser convocado como testemunha, segundo os advogados de defesa. Os dois réus teriam utilizado 422.000 euros dos fundos da Fundação Bambino Gesù, que recebe os aportes para o maior hospital romano especializado em pediatria.

Delito cometido na Cidade do Vaticano

O dinheiro terminou nas mãos da empresa de Gianantonio Bandera, com sede legal na Inglaterra, embora o "crime tenha sido cometido na Cidade do Vaticano, a partir de novembro de 2013 até 28 de maio de 2014", segundo indicou a Santa Sé em um comunicado difundido em 13 de julho.

Com a abertura deste julgamento, o papa Francisco quer demonstrar seu desejo de transparência na gestão das finanças do Vaticano e romper com a cadeia de intrigas, favores, desperdício e má gestão reinantes.

"Não se pode falar de pobreza e ter uma vida de faraó", comentou Francisco no início do seu pontificado.

Este é o terceiro julgamento público recente após o realizado em 2012 contra o mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, por vazar para a imprensa documentos privados do pontífice, e pelo escândalo Vatileaks contra espanhol Lucio Angel Vallejo Balda e a italiana Francesca Chaouqui, condenados em 2016 pelo vazamento de documentos sobre a organização econômica interna.

Neste novo julgamento, a justiça do Vaticano quer estabelecer se os dois funcionários cometeram peculato com dinheiro público, seu nível de responsabilidade e provavelmente irá requisitar estudos sobre a reforma do apartamento de Bertone.

O escândalo foi revelado no livro do jornalista Emiliano Fittipaldi, que acusou Bertone de utilizar dinheiro do hospital para a sua reforma.

Bertone, que se retirou do cargo em 2013, assegurou que as obras de reforma deste apartamento custaram 300.000 euros do seu próprio. Outros 200.000 euros teriam sido depositados pela Fundação do Bambino Gesù, apesar de assegurar que não estava a par disso.

Segundo a imprensa italiana, o apartamento mede 700 m2, mas Bertone assegura que são menos de 300 m2, e que o compartilha com três religiosas e uma secretária.

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