Tópicos | DILIGÊNCIAS

Prorrogada na semana passada para mais três meses de trabalhos, a CPI da Pandemia chega ao recesso parlamentar com uma bagagem de 33 depoimentos colhidos e informações referentes à quebra dos sigilos de 62 pessoas e empresas. Nas próximas duas semanas, a comissão parlamentar de inquérito deve fazer diligências internas, antes de retomar as audiências, em agosto.

O volume de informações reunidas pela CPI é recorde em investigações parlamentares do Senado Federal, e o material deverá ser analisado pelos senadores e suas assessorias no período do recesso para embasar os próximos passos. Além dos depoimentos e dos sigilos quebrados, a CPI tem contratos para compra de vacinas e insumos, atas e relatórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Avisa), auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) e perícias sobre documentos e mensagens.

##RECOMENDA##

Na terça-feira (20), após reunião entre senadores e a equipe de apoio técnico, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que o trabalho de peneiragem do material será importante para que a CPI "não cometa injustiça".

"Nós colhemos muitas informações. A palavra de ordem hoje é se aprofundar nas investigações, fazer as ligações entre empresas, pessoas e servidores para que a gente não saia falando coisas que depois não consiga provar. O objetivo da CPI sempre foi um trabalho técnico, e não político", disse.

Omar também disse que na volta dos trabalhos, após o recesso, a comissão já deverá encaminhar novos pedidos de quebra de sigilos contra empresas que tenham sido citadas nos depoimentos mais recentes.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), já antecipou que a prioridade dos senadores a partir de agora serão as denúncias de favorecimento a empresas e pedidos de propina dentro do Ministério da Saúde. Segundo ele, a comissão está diante de um “mar de lama”, e a averiguação pode chegar até o Palácio do Planalto.

"Nós vamos aprofundar a investigação em relação à roubalheira que ocorreu no Ministério da Saúde durante o enfrentamento da pandemia. Vamos definitivamente saber se houve ou não a participação do presidente da República", disse Renan na semana passada.

Até agora, 13 pessoas estão relacionadas como investigadas pela CPI, incluindo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; seu antecessor no cargo, Eduardo Pazuello; e o ex-secretário-executivo de Pazuello, Elcio Franco. A primeira versão da lista de investigados tinha 14 nomes, mas a ex-coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato, foi retirada depois do seu depoimento à comissão.

Além de avançar no tema das denúncias de corrupção, os documentos que serão examinados pela CPI durante o recesso podem acrescentar embasamento às fases anteriores do trabalho. As primeiras movimentações da CPI se concentraram sobre as políticas e decisões do governo federal para a pandemia de Covid-19. Renan garantiu que esse tema “não ficará para trás”.

Nova fase

Para o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), porém, essa parte da investigação já está “robusta” e a CPI pode mergulhar na sua nova fase. Randolfe cita como certezas da investigação a “omissão” do governo em relação à compra de vacinas confiáveis e a “estratégia coordenada” para buscar a chamada imunidade de rebanho, apostando em medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que tem participado da CPI como representante da bancada feminina, tem a mesma avaliação de que a comissão já cumpriu a sua primeira etapa e pode comprovar o papel do governo nos efeitos da pandemia. Para ela, os senadores agora precisam refinar seu entendimento das denúncias de corrupção no Ministério da Saúde para tirar o máximo possível de informações dos seus depoentes.

"Se a prova testemunhal não estiver embasada em documentos e fatos, muitas vezes é até descartada. Agora é o momento de a CPI se debruçar sobre as provas documentais e periciais que existem e fazer o seu juízo de valor, ligando aquilo que foi dito pelas testemunhas com os documentos que foram amealhados. A CPI virá renovada, com uma série de outros questionamentos e muito mais firmeza para extrair a verdade de quem vier convocado [para depôr]", disse.

Um dos depoimentos futuros mais aguardados é o de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa que teria sido favorecida no ministério. Algumas das pessoas já ouvidas poderão ser chamadas novamente, como nos casos de Eduardo Pazuello e Elcio Franco.

Reuniões presenciais

A CPI foi estabelecida no dia 27 de abril e desde então fez 37 reuniões, sendo 32 delas para ouvir depoimentos. Das 33 pessoas ouvidas, 12 são ou foram ligadas ao Ministério da Saúde, e quatro destas chefiam ou chefiaram a pasta: Marcelo Queiroga, Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. Também foram ouvidos outros dois ex-ministros (Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e Fabio Wajngarten, da Secretaria de Comunicação da Presidência), além de dois deputados federais, um ex-governador, um deputado estadual, um ex-secretário estadual, dois diretores de instituições públicas (Anvisa e Instituto Butantan), sete médicos e cientistas e cinco pessoas ligadas ao setor privado.

Com as atividades do Legislativo modificadas devido aos protocolos sanitários, a CPI é uma das duas únicas comissões do Senado que estão funcionando regularmente — a outra é a comissão temporária para acompanhamento da Covid-19 (CTCovid19). Como a CTCovid19 se reúne de forma inteiramente remota, apenas a CPI tem movimentado os corredores da Casa com encontros presenciais.

*Da Agência Senado

As primeiras autorizações para que a Polícia Federal cumpra diligências de investigação de políticos supostamente envolvidos na Operação Lava Jato já começaram a sair do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Teori Zavascki, relator dos casos na Corte, assinou as autorizações na última sexta-feira, 06, mas só nesta semana as solicitações feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para que sejam colhidos indícios da participação de parlamentares e autoridades no esquema de corrupção da Petrobras começaram a ser encaminhados à PF.

Um dos casos que já foi remetido à PF é o inquérito que investiga a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney e o senador Edison Lobão (PMDB). Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Roseana recebeu R$ 2 milhões para sua campanha eleitoral de 2010, a pedido de Lobão, então ministro da Minas e Energia. Lobão e Roseana são investigados de forma conjunta em um inquérito por suposta prática de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro.

##RECOMENDA##

Em delação premiada, Costa diz não se recordar se a reunião em que o pagamento foi acertado ocorreu no próprio ministério ou na residência de Lobão, em Brasília.

Para que as investigações do caso sejam feitas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu que a polícia colha depoimentos de Julio Camargo, da Toyo Setal, além de ouvir Roseana e Lobão. O procurador quer também imagens da entrada do Hotel Blue Tree, em São Paulo, no ano de 2010, onde o doleiro Alberto Youssef disse ter feito um pagamento a beneficiário desconhecido no valor de R$ 2 milhões.

Também foram solicitados os registros de viagens de Paulo Roberto Costa, pela Petrobras, ao Maranhão, para verificar os encontros com Roseana Sarney; os registros de reuniões do governo do Estado na época; e a agenda de reuniões de Lobão de 2010 além das entradas no Ministério de Minas e Energia.

Na última sexta-feira, Teori Zavascki autorizou a abertura de inquérito para investigar, perante a Corte, 49 pessoas, entre elas os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Depois de colhidos os indícios necessários, a procuradoria decide se oferece uma denúncia ao STF - acusação formal para que se abra uma ação penal - ou se pede o arquivamento da investigação.

O Ministério Público Federal deverá realizar nos próximos dias diligências solicitadas por autoridades suíças como parte da apuração de suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção ativa de agentes públicos que teriam sido praticadas pela empresa Alstom. A providência será tomada após as autoridades da Suíça terem arquivado investigações por falta de cooperação dos procuradores brasileiros.

O procurador da República Rodrigo de Grandis, que era o responsável pelas apurações, afirmou na semana passada que houve uma falha administrativa. O pedido da Suíça, feito em 2011, teria sido arquivado numa pasta errada. Nesta sexta-feira, 01, a Procuradoria Geral da República anunciou que o pedido de colaboração foi renovado nesta semana após uma negociação conduzida pela Secretaria de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério Público Federal.

##RECOMENDA##

De acordo com a Procuradoria, a Secretaria de Cooperação Internacional apresentou na quinta-feira, 31, um relatório preliminar sobre a demora no cumprimento das diligências. No documento, há menção a uma suposta outra falha, do Ministério da Justiça. O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do ministério teria enviado o pedido diretamente para a Procuradoria da República em São Paulo. Segundo o relatório, o correto teria sido encaminhar a solicitação para a Procuradoria Geral da República, em Brasília.

"Conforme o relatório, teria havido falha no envio direto do pedido, pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça (DRCI), à Procuradoria da República em São Paulo. A Corregedoria do MPF irá apurar se teria havido falha no não encaminhamento das providências solicitadas", afirmou a Procuradoria em nota divulgada ontem. A reportagem procurou o Ministério da Justiça por meio da assessoria de imprensa do órgão, mas até a noite desta sexta não recebeu nenhuma resposta.

Investigado por causa da demora, o procurador Rodrigo de Grandis não deverá participar das diligências que serão feitas agora pelo Ministério Público Federal em São Paulo. De acordo com a Procuradoria, ele está desde o mês passado em licença para estudos. O procurador deverá voltar a atuar em dezembro.

Ainda neste mês a Procuradoria pretende editar uma portaria para regulamentar a tramitação de pedidos de cooperação internacional. Também será providenciado um inventário sobre todos os pedidos de cooperação existentes.

Conforme informações da Procuradoria, o Ministério Público Federal em São Paulo tem atualmente duas investigações envolvendo a Alstom. A primeira apura a suposta fraude em licitação e pagamento de propina pela empresa relacionada a obras de expansão do metrô. O pedido de cooperação da Suíça foi feito nesse caso. A outra investigação apura suspeita de corrupção internacional, lavagem de dinheiro e evasão de divisas decorrente da obtenção de crédito junto a um banco francês pela empresa estatal paulista IPTE em contrato firmado com consórcio liderado pela Alstom.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando