Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o procurador Eduardo El Hage, do Ministério Público Federal (MPF), rechaçou a alegação do governador Wilson Witzel (PSC) de que há uma motivação política por trás do seu afastamento.
"Não tem qualquer motivação política, muito pelo contrário. A peça está muito robusta, não tem qualquer viés político, como tenta desviar o governador Wilson Witzel. Foram encontrados inclusive e-mails que ele enviou com contratos do escritório da primeira-dama com pessoas citadas pelo colaborador (Edmar Santos)", apontou o procurador.
##RECOMENDA##O MPF, a Polícia Federal e a Receita convocaram a imprensa, no Rio, para um pronunciamento, mas falaram por menos de 20 minutos e não responderam a perguntas. El Hage alegou que, por haver a contemporaneidade dos fatos, a medida de afastar o governador, mesmo que por uma decisão monocrática, se tornou inevitável.
O procurador disse ainda que hoje é um dia triste para o Rio, mas, "em face das provas encontradas", o MPF não poderia deixar de pedir o afastamento. "Depois de um governador quatro anos preso (Sérgio Cabral), outro governador também preso no curso do mandato (Luiz Fernando Pezão), esse governador (Witzel) praticar atos de corrupção e de lavagem de dinheiro é inadmissível. Por isso o MPF pediu sua preventiva, que foi negada pelo STJ."
Ao falar de Cabral, principal preso até hoje pela Lava Jato fluminense, El Hage disse ainda que se sentiu num "túnel do tempo" ao investigar Witzel, já que haveria indícios de práticas criminosas parecidas com a do ex-governador.
"Escritório de advocacia para desvio de recursos, utilização de transportadoras de valores. Também a existência de doleiros no Uruguai. Então a operação de hoje nós nos vimos como num túnel do tempo, vendo velhos fatos que já tínhamos investigado, mas com outros personagens", comentou.
O escritório de advocacia de Helena Witzel, que não tem grande experiência no exercício da profissão, está no centro das investigações. Entre os contratos analisados, há três empresas controladas por Mário Peixoto, empresário preso desde a deflagração da Operação Favorito, em maio. Os serviços seriam, na verdade, apenas de fachada, como forma de lavar dinheiro.
No pronunciamento, o superintendente da PF no Rio, delegado Tácio Muzzi, atualizou os números da operação desta manhã: foram, ao todo, 82 mandados de busca e apreensão, além de 17 de prisão, sendo 11 temporárias e seis preventivas, como a do Pastor Everaldo.