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Está nos cinemas, desde o dia 26 de agosto, o documentário 'Encarcerados'. Dirigido por Claudia Calabi, Fernando Grostein Andrade e Pedro Bial, a produção é inspirada na série de livros de Drauzio Varella e traça um panorama do sistema prisional sob a perspectiva dos carcereiros e seus familiares e de ex-detentos.

Antes mesmo da estreia, Drauzio comemorou que suas palavras foram tão bem traduzidas em uma produção audiovisual, que fecha a série de produtos que se inspiraram nos livros do médico. Além do documentário, há ainda a série Carcereiros e um longa-metragem.

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"Escrevendo esses livros eu via tanta história e achava que deviam ser contadas. Esse livro foi escrito pela minha admiração por esses personagens, são caras que a sociedade joga lá dentro com um salário razoavelmente medíocre e fazem questão que eles resolvam aquele problema das pessoas que são indesejáveis para a sociedade ficarem trancadas. Essa convivência me trouxe admiração pelo trabalho que eles fazem e pelas contradições que esse trabalho traz. (...) Quando a série saiu na televisão a gente tem por hábito não se intrometer. O mesmo eu fiz com o documentário. A forma como vai ser contada essa história é de quem faz a produção, quem escreve está preocupado com as palavras. Eu vi o documentário no início e eu adorei, ali está o livro. Quando a gente reconhece o livro que escreveu dá sempre uma sensação muito boa, de ver que aquilo foi transformado em uma outra linguagem. Juntaram as pessoas certas para fazer esse documentário", declarou ele durante coletiva de imprensa sobre o filme.

O médico ainda acredita que fez bem ao não interferir no processo de criação do documentário: "O papel do escritor é trabalhar as palavras e criar imagens metafóricas. No cinema o barato é outro, é trabalhar com imagens reais, imagens que o espectador possa ver na tela. Eu acho que o autor do livro não pode se meter no roteiro. Eu não interferi em nenhum dos projetos de cinema e teatro baseados em meus livros e acho que fiz bem, que acertei".

E apontou que a produção tem uma força diferente dos trabalhos já realizados em cima do tema. "Já tive livros adaptados para o cinema e para o teatro, mas esse documentário tem uma força especial, que é a força da realidade. Ele mostra às pessoas o ambiente, não no mundo da ficção, mas no dia a dia, no cotidiano, e exibe esses homens que têm uma vida muito especial, muito diferente desta que nós levamos".

Filmado em oito penitenciárias de São Paulo, o documentário revela a vida dos carcereiros, trazendo uma reflexão sobre o sistema penitenciário, através do olhar dos agentes penitenciários. Para Claudia Calabi e Pedro Bial, a produção traz visibilidade para uma categoria que permanece invisível sob os olhos da sociedade, mas que é heroica e crucial para o equilíbrio do sistema prisional atual: "É muito legal falar que tenha mais visibilidade para os agentes, mas é importante pensar que os agentes, tendo essa conexão entre dentro e fora, entre o estado e o crime, eles trazem reflexões sobre o próprio contexto do presidiário e um olhar da sociedade, que é também importante para a gente".

Fernando Grostein falou ainda sobre a importância de trazer à tona o dia a dia dos agentes penitenciários: "Eu acredito na tese de que jogar luz nos cantos escuros da sociedade é importante. Informação e conhecimento libertam. É importante mostrar o dia a dia dos carcerários e detentos paras pessoas entenderem o que se passa dentro do presídio. Estamos vivendo um momento no Brasil em que é muito comum as pessoas dizerem que tem que prender e arrebentar, mas as pessoas não param para refletir e entender o que isso significa. A prisão não é feita apenas para punir, é feita para reabilitar. É importante mostrar o dia a dia e drama dos agentes penitenciários porque a gente mostra o que o sistema atual está fazendo, enxugando gelo e não reabilitando. A conta não fecha. É uma bomba relógio (...) Ao olhar para realidade do sistema prisional, a gente percebe uma tragédia social, que está se agravando, que não é eficiente e precisa ser rediscutida, do ponto de vista da legislação e de organização. O estado tem que gastar mais em educação, do que em detenção".

Com distribuição da Gullane, Encarcerados é uma produção da Spray e Gullane, em coprodução com Globo Filmes e GloboNews.

Um grupo de pescadores estrangeiros em Taiwan vivia trancado em quartos minúsculos, sem janelas, para evitar que fugissem quando não estivessem trabalhando, informou a procuradoria, sobre um novo caso de abuso contra trabalhadores imigrantes na ilha.

Os proprietários da empresa de pesca estavam, na segunda-feira, entre as 19 pessoas acusadas de reter de forma ilegal 81 pescadores estrangeiros em edifícios, na cidade de Kaohsiung, no sul. Os pescadores tinham que trabalhar 48 horas consecutivas sem descanso, por um salário mensal de 300 a 500 dólares (entre 250 e 420 euros), informou a procuradoria.

Em Taiwan, a lei estabelece uma jornada de trabalho de oito horas diárias no máximo e um salário mínimo de aproximadamente 930 dólares. "Os acusados exploravam os pescadores com métodos ilegais para seu próprio benefício", afirmou a procuradoria em um comunicado, descrevendo-os como "escravos do mar".

As 19 pessoas processadas são acusadas de tráfico de pessoas e ofensa contra a liberdade pessoal e podem ser condenadas a até sete anos de prisão.

O caso veio à tona no ano passado depois que um dos pescadores conseguiu avisar a procuradoria, graças à ajuda de um assistente social, segundo o comunicado. A ONG Greenpeace já havia denunciado as "horríveis" condições dos trabalhadores estrangeiros nos barcos taiwaneses, e os abusos físicos que sofrem.

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