Tópicos | Escola de Frevo do Recife

Quem pretende se especializar na dança típica pernambucana, terá a oportunidade de fazer uma capacitação gratuita, na Escola Municipal de Frevo do Recife. Ao todo, estão sendo disponibilizadas 265 vagas, sendo que 20 delas são destinadas aos portadores de necessidades especiais. As aulas serão oferecidas nas modalidades iniciante, intermediário e avançado. O curso é destinado a adultos, adolescente e crianças, a partir dos cinco anos. 

Para concorrer a uma das vagas é necessário efetuar a inscrição até o dia 17 de julho, na Escola Municipal de Frevo. Os candidatos devem estar munidos de cópia da certidão de nascimento ou carteira de identidade e uma foto 3x4. As aulas terão início no dia 3 de agosto. 

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Serviço

Aulas de Frevo

Até o dia 17 de Julho I Das 9h às 17h 

Escola Municipal de Frevo do Recife (Rua Castro Alves, 440, Encruzilhada, Recife)

Gratuito

(81) 3355 3102

Na Rua Castro Alves, localizada no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife, fica a Escola de Frevo Maestro Fernando Borges, fundada em 1996 e mantida pela Fundação de Cultura Cidade do Recife. De acordo com a placa situada na entrada principal da escola, o espaço tem como objetivos "valorizar, fortalecer e divulgar a dança ícone do Recife". A realidade atual da única escola pública de frevo do mundo, no entanto, está longe destes dizeres: paredes com rachaduras, pisos quebrados, fiação exposta e falta de equipamento para as aulas.

Em fevereiro de 2014, a reportagem do Leiajá visitou o espaço e se deparou com uma infraestrutura bastante precária. Na época, a Prefeitura do Recife informou que a próxima reforma estaria prevista para o primeiro semestre de 2014, dependendo da abertura de uma licitação. Em setembro de 2014, o local continua na mesma situação. A Escola de Frevo conta com quatro instrutores e cerca de 600 alunos, distribuídos em 25 turmas.

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Aluno do espaço há mais de 2 anos, Hariston Maciel, de 20 anos, conta que o atual estado da Escola de Frevo desestimula muita gente. "Faz tempo que a escola está desse jeito, sem cuiadados, com ventiladores quebrados, pintura precária. É como se o Frevo não estivesse sendo respeitado. É o único local público em que a gente pode praticar e viver essa dança que é nossa, não é correto deixar que este espaço único se acabe por falta de investimento e de cuiadados básicos", relata.

A instituição foi assaltada três vezes em dois anos. O útimo roubo aconteceu no final de 2013, quando os assaltantes levaram ventiladores, computadores e o som utilizado nas aulas. No início de 2014, a prefeitura contratou segurança privada para o estabelecimento. De acordo com o guarda deplantão, que preferiu não se identificar, não houve mais assaltos no local, mas a licitação para o contrato da empresa vencerá em setembro e ainda não foi resolvido se será renovado para o semestre seguinte.

José Valdomiro, professor da instituição há mais de 15 anos, informa que o local encontra-se esquecido. "É difícil pra gente, que ama o frevo e que o vive, ter que manter uma tradição dando aulas nestas condições precárias. A dança requer que trabalhemos bastante com nossas articulações, e com esse piso quebrado dá medo de alguém se machucar. A estrutura é ruim e o espaço está se tornando pequeno pra a demanda que recebemos", diz. A Escola de Frevo Maestro Fernando Borges completa duas décadas em 2016 e, segundo Valdomiro, "resiste fortemente."

Recebendo uma atenção cada vez menor da prefeitura, a Escola de Frevo sofre também com a falta de equipamentos e material. O fardamento, por exemplo, já não é mais cedido aos alunos. O professor Valdomiro conta que certas vezes os próprios alunos têm que trazer o material porque a demora para a reposição é grande. "Uma vez eu tive que trazer um monitor", revela.

O Frevo por vários olhares

Em fevereiro de 2014, o Paço do Frevo foi inaugurado com o intuito de ser um centro de referência e difusão de umas das principais manifestações culturais do país. O imóvel onde foi estruturado o Paço fica localizado na Praça do Arsenal, no Recife Antigo, e foram investidos mais de R$ 14 milhões na reforma do local. Climatizado, o Paço do Frevo contém salas para aulas de dança e música, estúdio de gravação e centro de documentação com um acervo inicial de 500 títulos sobre o frevo e o Carnaval de Pernambuco. A coordenação do espaço é de incumbência da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.  

A Escola de Frevo do Recife se propõe a preservar o frevo, declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2012, ensinando e perpetuando a cultura entre frequentadores de diversas classes sociais. "Achei que, com a inauguração do Paço, a nossa escola fosse possuir uma maior visibilidade, porque aqui é onde o frevo é vivido diariamente, não pelos turistas, mas sim pelo povo pernambucano. É como se fôssemos esquecidos, deixados de lado", se queixa Valdomiro.

A diretora da Instituição, Anna Miranda, conta que a reforma será feita, mas depende da licitação da Prefeitura. "A gente faz o que pode, sabemos que esse processo de aprovação é lento", explica.

Companhia de Dança 

O resultado do que se aprende deveria poder ser visto na prática, com apresentações de uma companhia de dança formada por proferssores e alunos da Escola de Frevo. Mas um professor afirma que ela está desativada. De acordo com a diretora Anna Miranda, a cia ainda existe, mas não recebe apoio público há cerca de 4 anos. "A Companhia de dança, embora não receba mais a bolsa do poder público, continua ativa", explicou Anna. O grupo não se apresentou, porém, na abertura do Carnaval do Recife 2014, festa mais identificada com o frevo.

Questionada, a Prefeitura do Recife afirma que está havendo uma reestruturação interna relacionada à manutenção de equipamentos culturais, com a criação da Gerência Geral de Arquitetura e Engenharia, que ficará responsável pela manutenção e preservação destes equipamentos. Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria de Cultura garante que a implantação da nova gerência se dará até o início de outubro deste ano. Sobre a estrutura precária da Escola de Frevo, realidade há anos, a nota afirma que "Inicialmente, serão realizados pequenos reparos e consertos, até que a nova gerência possa concluir a avaliação sobre a reforma geral do espaço."

Confira a nota da Prefeitura do Recife na íntegra:

"Uma das ações que estão sendo implementadas pela Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR) é a implantação da Gerência Geral de Arquitetura e Engenharia. Esta estrutura, que será vinculada à FCCR, terá por responsabilidade cuidar da manutenção e preservação dos equipamentos da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura, agilizando reformas e reparos que forem necessários nos teatros e museus. Aprovada pelo prefeito Geraldo Julio através do monitoramento, esta Gerência será implantada até o início do mês de outubro. 

Inicialmente, serão realizados pequenos reparos e consertos, até que a nova gerência possa concluir a avaliação sobre a reforma geral do espaço. Essa é a principal prioridade da gestão nesse momento, por entender a importância desse e dos outros equipamentos culturais para a cidade, e para a qual, todos os esforços estão convergindo.

Com relação à Companhia de Dança da Escola de Frevo, a FCCR informa que tem todo o interesse em reativá-la e, mais, em fortalecê-la de modo que ela seja estruturada de forma permanente, não ficando a mercê das gestões para existir. Por isso, nesse momento, há estudos jurídicos em andamento para definir a melhor forma de alcançar esse objetivo."

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