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O bispo emérito de Duque de Caxias (RJ), dom Mauro Morelli, morreu nesta segunda-feira (9) aos 88 anos. Ele estava internado no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte (MG), devido a doenças e complicações relativas à idade avançada, informou a Diocese de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Dom Mauro Morelli se destacou pelo compromisso com os direitos humanos e a luta contra a fome no Brasil. De 1986 a 1990, atuou no SER-PAJ-AL, uma organização internacional de defesa dos direitos humanos e órgão consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU), presidido por Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de1980.

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Ele também foi um dos fundadores do Movimento pela Ética na Política e desempenhou papel fundamental na promoção do conceito de segurança alimentar como parte do combate à fome. Dom Mauro presidiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) durante o governo de Itamar Franco, de 1993 a 1994. Ele também liderou o Consea de Minas Gerais e de São Paulo.

A atuação dele na luta contra a fome inclui projetos como o Fome Zero e a Ação da Cidadania contra a Fome, em parceria com Hebert de Souza, o Betinho. Dom Mauro foi ainda membro do Comitê Permanente de Nutrição da ONU.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, em rede social, que dom Mauro Morelli “foi um incansável expoente da luta contra a fome no nosso país”. “Dedicou sua vida aos ensinamentos do Cristo e ao combate à desnutrição infantil. Soube, com grande tristeza, do falecimento desse grande amigo que lutava por um Brasil mais justo e solidário. Meus sentimentos aos irmãos de fé de Dom Mauro Morelli neste momento de tristeza e despedida”, diz a mensagem.

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Trajetória

Dom Morelli nasceu em Avanhandava, no interior paulista, e foi criado em Penápolis, também no estado de São Paulo. Estudou filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão, no Rio Grande do Sul, e teologia na Saint Mary’s Seminary and University, em Baltimore, nos Estados Unidos, onde foi ordenado diácono em 1964 e presbítero em 1965.

Em 1974, dom Mauro recebeu a nomeação do papa São Paulo VI como bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. A ordenação episcopal ocorreu na Catedral da Sé, em São Paulo em missa celebrada pelo cardeal Paulo Evaristo Arns, em janeiro de 1975.

Na função, foi bispo auxiliar de São Paulo e vigário geral da Arquidiocese da capital, além de ser membro da Comissão Representativa do Regional Sul 1 – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 1975 a 1981, e da Comissão Representativa da CNBB, no mesmo período

Em 25 de maio de 1981, o religioso foi nomeado pelo papa São João Paulo II como o primeiro bispo da então recém-criada Diocese de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

 

O novo formato do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) agora é lei. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou nesta quinta-feira (20) o texto aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. A iniciativa, criada pela primeira vez há quase 20 anos, no âmbito do Fome Zero, une o incentivo à produção dos agricultores familiares ao fornecimento de alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar.

“O governo está investindo na qualidade da alimentação do povo brasileiro. Está investindo para que tenham direito às calorias e proteínas necessárias, para que as crianças possam tomar café, almoçar e jantar, e comer o suficiente para não morrer de fome. Está investindo para ajudar o pequeno e médio produtor rural que muitas vezes plantam e não têm acesso a mercados para vender seus produtos”, destacou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o ato de sanção do PAA.

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Desde 2003, o investimento federal na iniciativa já soma mais de R$ 8 bilhões, com a participação de mais de 500 mil agricultores familiares. Nos últimos anos, o programa foi extinto pela antiga gestão do Governo Federal. Já em março deste ano, o presidente Lula relançou o PAA por meio da Medida Provisória nº 1.166. Em abril, o Decreto nº 11.476regulamentou o funcionamento do programa.

"O programa consolida uma integração de políticas governamentais com a pequena produção, de modo especial. Temos de um lado a ampliação do próprio orçamento, no ano passado tínhamos só R$ 2 milhões do PAA. E por autorização do presidente Lula e a equipe econômica, já na largada autorizou patamar de R$ 500 milhões", apontou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Assistência Social, Família e Combate à Fome. 

Em junho, a ação contou com 6.129 agricultores e agricultoras em todo o país, em 643 municípios produtores. Na folha de pagamento de junho, foram investidos quase R$ 18 milhões para assegurar o fornecimento de 4.353 toneladas de alimentos. Ao todo, 1.186 entidades foram atendidas no mês passado. Do início deste ano até o mês de junho, foram repassados R$ 50,34 milhões para 10.266 agricultores.

“O PAA responde a dois pilares. O primeiro é o de aumento da produção de alimentos no país, ajudando o orçamento da agricultura familiar porque a venda é certa e, como ele vende, tem recurso para organizar sua produção e vender para o mercado também. O outro pilar é acabar com a fome no Brasil, e esses alimentos são distribuídos nas comunidades com insegurança alimentar. Comida de qualidade na mesa do povo para tirar o Brasil do mapa da fome”, pontuou Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. 

O novo formato prioriza a compra de alimentos produzidos por famílias inscritas no Cadastro Único e, em seguida, para os povos indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária, pescadores, negros, mulheres, juventude rural, idosos, pessoas com deficiência e famílias de pessoas com deficiência como dependentes.

"E eu destaco vários pontos que melhoram o programa, aumenta o patamar, a gente tinha uma condição de compra fixado em R$ 12 mil, foi ampliado para R$ 15 mil. Isso permite uma garantia de renda melhor por parte dos produtores. Nós temos uma política de atender a todos os pequenos produtores, mas prioridade para atender indígenas e quilombolas. E a necessidade e a determinação para o programa comprar o mínimo de 50% de mulheres produtoras de todo o Brasil", detalhou o titular do MDS. 

Além disso, a nova lei determina que, sempre que possível, um mínimo de 30% das compras públicas de gêneros alimentícios deverá ser direcionado à aquisição de produtos de agricultores familiares e de suas organizações. Prevê ainda que o mesmo percentual de recursos para aquisição de alimentos do Programa Cozinha Solidária seja destinado a pequenos agricultores.

“É uma alegria poder vivenciar a sanção do projeto de lei que recria, definitivamente, o Programa de Aquisição de Alimentos e o recria com uma estratégia de buscar, cada vez mais, fazer com que esse alimento chegue a quem mais precisa”, comemorou a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal. “Queremos inserir cada vez mais os agricultores que estão na base do nosso Cadastro Único, que são beneficiários ou potenciais beneficiários do Bolsa Família, para ofertar uma porta de entrada ao mundo da comercialização e do acesso aos mercados para esses agricultores”, acrescentou a secretária.

O novo desenho do PAA traz ainda o aumento no valor individual que pode ser comercializado pelos agricultores familiares, de R$ 12 mil para R$ 15 mil, nas modalidades Doação Simultânea, Formação de Estoques e Compra Direta. Também retoma a participação da sociedade civil na gestão, por meio do Grupo Gestor do Programa de Aquisição de Alimentos (GGPAA) e do Comitê de Assessoramento do GGPAA, e institui a participação mínima de 50% de mulheres na execução do programa no conjunto de suas modalidades (antes era de 40%).

"Esse programa se soma também com as compras governamentais. Nesta quarta-feira (20.07), tivemos a oportunidade de vários ministérios, celebrarmos todo um protocolo para as compras governamentais. Por determinação do presidente, no mínimo 30% da compra de alimentos. Lá atrás já tínhamos a alimentação na rede escolar, que agora amplia com mais creches, mais escolas de tempo integral e com as Forças Armadas, a rede de saúde, a assistência social, integrado com estados e municípios, várias entidades, o que coloca a chance de grandes resultados", concluiu Wellington Dias.

O PAA

O programa consiste na compra pública de produtos da agricultura familiar, com dispensa de licitação, para distribuir a pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, a entidades da rede socioassistencial, a equipamentos públicos de alimentação e nutrição, bem com restaurantes populares, cozinhas comunitárias e bancos de alimentos, e à rede pública e filantrópica de saúde, educação e justiça.

A ação do Governo Federal para a inclusão produtiva rural das famílias mais pobres pode ser executada pelos estados e municípios com recursos do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) ou pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com recursos disponibilizados pelo MDS e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).

Os produtos são adquiridos a preços compatíveis com os praticados nos mercados regionais. São cinco modalidades ofertadas: Compra com Doação Simultânea, PAA-Leite, Compra Direta, Compra Institucional e Apoio à Formação de Estoques.

Da Assessoria de Comunicação - MDS

A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta terça-feira, 11 mandados de prisão preventiva dentro da operação "Agro-Fantasma", que visa a combater um esquema de desvio de recursos públicos do Programa de Aquisição de Alimentos, repassados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a associações e cooperativas rurais como parte do Programa Fome Zero.

Além dos mandados de prisão preventiva, foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba/PR sete mandados de suspensão cautelar da função pública, 37 mandados de busca e apreensão e 37 mandados de condução coercitiva em 15 municípios do Paraná, em Bauru (SP) e em Três Lagoas (MS).

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Em nota, o Serviço de Comunicação Social da Polícia Federal no Estado do Paraná informa que funcionários que compõem a cúpula da Conab no Estado e fiscais ligados ao grupo estão sendo afastados, "em razão de fortes indícios de participação nos crimes".

A investigação, iniciada em 2011, foi realizada pela Polícia Federal na cidade de Guarapuava (PR), a partir da deflagração de outra operação, denominada Feira Livre, que investigou as fraudes em um dos municípios.

Conforme a PF, foram investigados 22 programas dos anos de 2009 a 2013, nos municípios paranaenses de Guarapuava, Foz do Jordão, Honório Serpa, Candói, Ponta Grossa, Irati, Rebouças, Teixeira Soares, Inácio Martins, Fernandes Pinheiro, Itapejara D' Oeste, Goioxim, Pinhão e Querência do Norte. Segundo a nota, em todos os programas investigados foram encontradas evidências de desvio de recursos.

Até o momento, 58 pessoas foram indiciadas pelos crimes de apropriação indébita previdenciária, estelionato contra a Conab, quadrilha ou bando, falsidade ideológica, ocultação de documento, peculato e emprego irregular de verbas públicas, todos previstos no Código Penal.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou 5 mil toneladas de arroz beneficiado de cooperados da agricultura familiar de Querência do Norte, região noroeste do Paraná. De acordo com a Conab, o cereal comprado por meio da modalidade compra direta com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome será destinado ao Programa Fome Zero em todo o País. A operação rendeu R$ 1,9 milhão aos pequenos agricultores paranaenses. O produto já está todo armazenado na unidade da Conab de Rolândia e a remoção para outros Estados começa nesta semana.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e representantes de sete entidades que atuam na área da defesa dos direitos humanos e de agricultores se disseram na segunda-feira (17) "indignados" e com "medo" por causa de artigo do diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, em parceria com Suma Chakrabarti, presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Berd), no qual os dois afirmam que "o mundo precisa de mais alimentos" na luta contra a fome e sustentam que "o setor privado pode ser o principal motor de tal crescimento". O texto, que saiu no último dia 6, na edição europeia do The Wall Street Journal, tem o título de "Fome por Investimento".

Em sua nota, o MST e seus aliados acusam a FAO e o Berd de pregarem um modelo de agricultura que destrói a produção camponesa. "Indignação e medo foi o que nos provocou o artigo com assinatura de José Graziano da Silva e Suma Chakrabarti", afirmaram. E a nota prossegue: "Ainda que se refiram especificamente à Europa Oriental e ao Norte de África, também fazem um chamado a que os investimentos e a concentração de terras se generalizem em todo mundo".

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Graziano foi ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a ele coube comandar o Programa Fome Zero. Abandonado tempos depois, o programa foi substituído pelo bem-sucedido Bolsa Família.

O artigo dos dois economistas menciona um importante encontro realizado na semana passada, na Turquia, por grandes empresas de agronegócio de vários países da Europa Central. Destacam que "severos períodos de seca, aumento de preço dos grãos e escassez de alimentos (...) constituem um urgente convite à ação". E alinham, a seguir, as avaliações que deixaram os movimentos sociais brasileiros indignados: "Dinâmicas, eficientes empresas privadas transformaram países como Rússia, Ucrânia e Casaquistão, após o colapso de suas fazendas coletivas, em gigantescos exportadores de grãos, em nossos dias".

Esses três países, prosseguiram, "já garantem 15% das exportações mundiais de grãos, e com políticas apropriadas poderão dobrar as suas colheitas". Por fim, eles convidam essas empresas a ampliar seus investimentos em compra de terras. Admitem, porém, que para conseguir mudar o cenário e fornecer mais alimentos ao mundo, "um bocado de trabalho é necessário". E o setor privado "precisa duplicar o investimento em terras, em equipamentos e em sementes". Dizem os dois, por fim, que "o debate sobre o papel do setor privado na segurança alimentar mundial precisa ser levado em conta não apenas na Europa emergente, na Ásia e na África, mas também nos países ocidentais".

Reação

Na sua reação às sugestões da FAO e do Berd, a nota do MST e de seus aliados destaca que "(os dois) chamam os governos a facilitar os grandes negócios privados na agricultura". Além disso, trataram "o setor camponês e as poucas políticas de proteção da agricultura que ainda existem como um fardo, um peso que não permite avançar o desenvolvimento agrícola e que deve ser eliminado".

"O que a agricultura e o planeta necessitam é justamente o contrário do que foi proposto pelos srs. Graziano e Chakrabarti. É o sustento das agroculturas do campo, que constituem as formas de vida de metade da humanidade e tornam possível a agricultura camponesa", advertem. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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