Preocupados com a definição de um nome forte do PT para disputar o governo da Bahia em 2014, o governador Jaques Wagner e a presidente Dilma Rousseff vinham discutindo nos últimos meses o melhor momento para a saída de José Sérgio Gabrielli da presidência da Petrobras. Na avaliação do PT baiano, para se cacifar como candidato, Gabrielli precisava estar presente na rotina do seu Estado, por isso, nada melhor que ocupar uma secretaria do governo e mergulhar nas eleições municipais. "Para haver a presença política no Estado, ele precisava estar mais perto do Estado. Se houver uma postulação futura, teria que, obviamente, estar lastreada na presença política dele e achamos melhor que ele viesse", revelou o presidente do diretório estadual do partido, Jonas Paulo Neres.
Embora a legenda tenha uma lista "diversificada" de postulantes à candidatura, como Moema Gramacho (prefeita de Lauro de Freitas), Walter Pinheiro (senador), Luiz Carlos Caetano (prefeito de Camaçari) e Rui Costa (secretário estadual da Casa Civil), os petistas acreditam que o Estado precisa de uma opção com projeção nacional. "O nome de Gabrielli é nacional e ele é um militante respeitado no PT", avaliou Neres.
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Mesmo o presidente da Petrobras mantendo vínculos estreitos com seu Estado, o partido quer que todos os pré-candidatos participem ativamente da sucessão municipal e ajudem o PT a saltar de 81 prefeituras para pelo menos 100 municípios governados pela sigla no próximo ano. "Entendíamos de fato que era importante que todas as grande lideranças estivessem aqui para a eleição de 2012", acrescentou o dirigente.
A presidente do diretório do PT em Salvador, vereadora Marta Rodrigues, contou que as negociações entre Dilma e Wagner para a saída de Gabrielli da Petrobras se intensificaram no segundo semestre do ano passado. "A vinda dele é uma sinalização de que ele pode se capacitar mais e se credenciar mais (para ser candidato)", comentou a vereadora. "Estando aqui, ele terá de ter o foco na Bahia", emendou.
A saída Gabrielli da Petrobras não compromete os investimentos da estatal na Bahia, avaliam os petistas. "A presença dele (na Petrobras) ajuda, mas não é o determinante. O que tinha de ser encaminhado, já está encaminhado", concluiu Neres.
No diretório estadual, os petistas usam o discurso de que Gabrielli será um "reforço importante para o governo". "Vincular o Gabrielli à sucessão estadual é um tanto quanto precipitado", desconversou Jutai Moraes de Jesus, da executiva do partido.
Apesar de ser "cotadíssimo" para ser candidato à sucessão de Wagner, Gabrielli terá de se destacar nas eleições deste ano. "O favorito do governador será quem se cacifar. Temos uma eleição duríssima em 417 municípios e temos de ganhar em pelo menos 100", disse Neres. "José Sérgio tanto tem competência para ser presidente da Petrobras quanto para ser governador da Bahia. O que vai determinar se vai ser ou não (candidato) é o momento e a oportunidade política", completou Jutai.
Em 2014, Wagner terá duas opções: deixar o governo estadual para ser candidato à deputado federal ou cumprir seu mandato até o último dia e ser "o governador da Copa". Em 2010, o governador avisou que abriria mão da candidatura ao Senado em 2014 para que o PT oferecesse a vaga a um partido aliado. "Ele abriu caminho para o PT ser cabeça de chapa", disse Neres.