Tópicos | Haruki Murakami

O Prêmio Nobel de Literatura terá seu resultado divulgado, nesta quinta-feira (9), pelo secretário da Academia Sueca, Peter Englund. Mesmo com os habituais favoritos ao título, o resultado é imprevisível.

Foram indicados 210 nomes e 36 deles aparecem pela primeira vez entre os possíveis premiados. Publicações internacionais e críticos suecos indicam potenciais surpresas deste ano, como o dramaturgo norueguês Jon Fosse, a escritora e jornalista investigativa Svetlana Alexievich e a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Todos possíveis ganhadores do prêmio de 8 milhões de coroas suecas, equivalente a US$ 1,1 milhão.

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Escritores antigos continuam na expectativa pelo prêmio. Entre os que permanecem entre os possíveis ganhadores, o israelense Amos Oz, Philip Roth e Milan Kundera. O jornal inglês The Guardian já fez duas apostas: para a publicação o párea está entre o japonês Haruki Murakami (possível ganhador já há algumas edições) e o queniano Ngugi wa Thiong’o.

O japonês é sucesso de público e crítica, com verdadeiros best-sellers e se consagrou como o nome mais importante da literatura japonesa conteporânea. Já Ngugi wa Thiong’o é pouco conhecido e não possui nenhum título publicado no Brasil. 

As tradicionais casas de leilão britânicas já deram seu aval. Inclusive a inglesa Ladbrokes, que põe Murakami como o principal nome.

Escrever um romance é como descer ao fundo de um segundo subsolo muito escuro, cujas saídas você desconhece, declarou nesta segunda-feira, durante uma rara aparição pública, o escritor japonês mais prestigiado e reconhecido no mundo, Haruki Murakami. Murakami, um homem secreto que não costuma conceder muitas entrevistas, deu uma coletiva de imprensa em Kioto intitulada "Observar a alma e escrever", em homenagem ao psicólogo Hayao Kawai, um amigo falecido recentemente.

"Para criar alguma coisa, os romancistas ou os músicos têm a necessidade de descer as escadas e encontrar uma passagem que os leve ao segundo subsolo", explicou Murakami, seguindo com a metáfora entre um edifício e a alma.

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Cerca de 500 admiradores, escolhidos por sorteio, puderam assistir a este encontro excepcional na Universidade de Kioto, primeiro discurso público deste autor em 18 anos. Os jornalistas foram admitidos, mas não estavam autorizados a gravar suas palavras ou a tirar fotos.

Murakami justificou suas aparições escassas por sua firme vontade de passear em paz e não ser reconhecido ou incomodado nas ruas. "Por favor, me considerem uma espécie em risco de extinção e se contentem em me observar tranquilamente de longe (...) Se eventualmente tentarem falar comigo ou me tocarem, posso me sentir intimidado e mordê-los. Então, por favor, sejam prudentes", insistiu.

Segundo os meios de comunicação japoneses, as últimas aparições públicas de Murakami no Japão ocorreram durante as sessões de leitura que se seguiram ao terremoto de 1995 que destruiu grande parte da cidade de Kobe (oeste) e causou a morte de 6.400 pessoas.

A conferência desta segunda-feira foi realizada após o lançamento, há menos de um mês, da última obra do escritor, Shikisai wo Motanai Tazaki Tsukuru to Kare no Junrei no Toshi (algo como O descolorido Tsukuru Tazari e seus anos de peregrinação), editada em um milhão de exemplares. Trata-se de seu primeiro livro depois do terceiro volume de 1Q84, que saiu em 2010 no Japão.

Este romance de 370 páginas conta a história de Tsukuru Tazaki, um jovem que enfrenta seu passado, servindo-se de uma história de amor para sair de sua situação. O escritor disse que havia vivido algo parecido. "Quando você está realmente mal, quer esconder seu trauma dos demais e tentar superar, mas não é uma coisa fácil", disse.

Murakami contou uma lembrança do dia em que entrevistou uma jovem mulher que acabava de perder seu marido no atentado com gás sarin praticado pelos membros da seita Aum ("Verdade Suprema") no metrô de Tóquio em 1995. "Foi aproximadamente meia hora depois, quando eu andava de trem depois da entrevista, que comecei a chorar. Não consegui parar de chorar durante uma hora".

Murakami afirma, no entanto, que gosta mais de rir e de fazer rir. "Algumas pessoas me dizem que choraram ao ler meus romances, mas fico mais feliz se elas dizem que riram. A tristeza é algo muito pessoal, que prolonga a introversão. Mas o riso é uma coisa mais geral que se propaga entre as pessoas", explica Murakami, considerado um dos autores japoneses contemporâneos mais importantes, de fama internacional e citado há vários anos como um futuro Prêmio Nobel.

Seus livros, nos quais o absurdo se mistura com o mal-estar social de japoneses fora do comum, foram traduzidos a 40 idiomas.

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