Tópicos | Hermoso

A atacante Jenni Hermoso testemunhou nesta terça-feira no caso que investiga o beijo que o então presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, deu na jogadora, ao fim da Copa do Mundo feminina, em agosto do ano passado. Discreta, ela se apresentou a um tribunal de Madri.

"Tudo correu bem. O processo judicial vai seguir o seu curso. Gostaria de agradecer pelo apoio que muitos de vocês tem dado a mim", comentou, de forma breve, a atleta, na saída do tribunal. Ela esteve no local na companhia dos seus advogados.

##RECOMENDA##

O depoimento foi feito a portas fechadas. A imprensa espanhola disse que Hermoso pediu ao juiz que mantivesse sua presença no tribunal o mais discreta possível. Ela chegou vestindo um casaco cinza e acenou para os jornalistas antes de entrar no tribunal por uma de suas entradas principais.

A expectativa era de que Hermoso reiterasse na corte suas alegações de que o beijo não foi consentido e que Rubiales e sua equipe tentaram pressionar ela e sua família a esquecer o incidente, que marcou a cerimônia de premiação da Copa do Mundo, na Austrália.

Os promotores públicos da Espanha acusaram Rubiales de agressão sexual e coerção, alegando que ele tentou convencer Hermoso e seus parentes a minimizar publicamente o beijo. Nesta terça, o juiz do caso também vai ouvir depoimentos de outras jogadoras, treinadores e dirigentes da federação espanhola, antes de decidir se iniciará um julgamento.

Rubiales já negou qualquer irregularidade ao juiz que lhe impôs uma ordem de restrição para não entrar em contato com Hermoso. Ele renunciou ao cargo de presidente da RFEF e também de vice-presidente da Uefa, diante da forte repercussão mundial do caso, principalmente após pressão da Fifa, que impôs suspensão ao então dirigente.

A queda de Luis Rubiales da presidência da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) não foi o suficiente para acalmar a crise na seleção espanhola feminina. Mesmo com o pedido de 39 jogadoras (entre elas, 21 campeãs mundiais) para não serem convocadas, a técnica Montse Tomé divulgou sua primeira lista de relacionadas com 15 atletas que estiveram na Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia. Pivô do caso de Rubiales, Jenni Hermoso não foi chamada e rebateu a justificativa da nova treinadora.

Em suas redes sociais, ela publicou um comunicado em apoio às colegas que foram convocadas, mesmo contra vontade, e ainda respondeu à nova treinadora espanhola, contratada para o lugar de Jorge Vilda, demitido semanas após a conquista inédita do Mundial.

##RECOMENDA##

"Proteger-me do quê? E de quem?", perguntou a atacante do Pachuca em seu texto. Ela teve seu pedido de não convocação atendido, mas os motivos apresentados pela nova técnica da Espanha não a convenceu. Pelo contrário, a irritou. Montse Tomé justificou a ausência de Jenni afirmando que "a única forma de ajudá-la é ouvi-la. Acreditamos que a melhor forma de protegê-la é assim."

"Nós estamos procurando a semanas - até meses - por proteção da RFEF que nunca aconteceu. As pessoas que hoje pedem nossa confiança são as mesmas que hoje divulgaram a lista de jogadoras que pediram para que NÃO fossem chamadas", disse Jenni Hermoso em determinado trecho.

A atacante, que foi beijada à força por Rubiales no momento da premiação, ainda fez sérias acusações sobre a entidade espanhola. "As jogadoras estão certas de que isso é outra estratégia de divisão e manipulação para nos intimidar e ameaçar com repercussões legais e sanções econômicas", explicou. "É mais uma prova irrefutável que foi mostrada hoje de que nada mudou."

JOGADORAS SE APRESENTAM SOB PROTESTO E AMEAÇA DE PUNIÇÃO

As atletas espanholas se apresentaram com protestos sob a ameaça de multa e suspensão caso optassem por não servir à seleção. Vinte das 23 convocadas emitiram um comunicado na última sexta-feira dizendo que não estariam dispostas a jogar pela Espanha se mudanças efetivas na RFEF não fossem feitas. Muitas disseram que ficaram surpresas com a convocação anunciada na segunda, mesmo com o pedido para que Montse Tomé não o fizesse.

Porém, segundo a legislação desportiva da Espanha, as atletas são obrigadas a servir à seleção em caso de convocação. As únicas exceções são causadas por lesões ou problemas pessoais. Em caso de recusa de uma convocação, há punições. A multa pode chegar a 30 mil euros (aproximadamente R$ 156 mil), além de uma suspensão que pode durar de dois a 15 anos da federação.

Seis jogadoras do Real Madrid já chegaram a um hotel na capital da Espanha para a concentração, antes de seguirem à cidade de Valência. Lá, espera-se que todas as atletas se reúnam para os compromissos pela Liga das Nações da Uefa, contra Suécia e Suíça.

Autoridades espanholas se manifestaram sobre as possíveis sanções. Victor Francos, presidente do conselho superior do esporte da Espanha, disse que irá se encontrar com as atletas em Valência para conversar sobre a convocação. "Se as jogadoras não comparecerem, o governo fará o que tem de fazer, que é aplicar a lei", disse o político. "Infelizmente, a lei é a lei, mas ainda espero que possa haver uma solução. Vou falar com as jogadoras. Vou tentar."

Miquel Iceta, ministro da Cultura e Esportes, conta que não imagina que as atletas sejam punidas e apelou à Rfef para que faça as alterações necessárias. "A RFEF não tem o direito de privar a Espanha da seleção feminina, especialmente depois de ter vencido a Copa do Mundo", declarou.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando