As médicas baianas Ana Elisa Almeida e Mariana Fontes estão reinventando o modo humanizado de prestar atendimento aos seus pacientes. O objetivo da dupla é correr na direção contrária da típica prescrição ilegível e do contato engessado entre médico e paciente.
Ana Elisa tem 25 anos e é residente em Infectologia, já Mariana tem 27 e faz residência em Psiquiatria. As duas passaram a fazer receitas visuais e de fácil entendimento, tornando mais simples a compreensão do paciente em relação aos remédios que deve tomar.
##RECOMENDA##“Durante nossa graduação tivemos matérias focadas na humanização da relação médico-paciente e isso inclui uma linguagem acessível ao paciente, de forma que ele entenda, participe ativamente do seu processo de saúde-doença, e tenha uma boa adesão terapêutica”, explicam as médicas.
Muitos desenhos, cores e formatos fazem parte das prescrições feitas por elas. A atitude facilita, inclusive, a situação de pacientes analfabetos. Colando o mesmo desenho na receita e na caixa do remédio, o enfermo consegue saber sem dificuldades qual medicamento precisa tomar tantas vezes por dia.
Segundo o levantamento mais atual divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem pelo menos 11,5 milhões de pessoas com mais de 15 anos analfabetas. Segundo as baianas, foi a partir dos preceitos aprendidos nas aulas e na filosofia da slow medicine (medicina sem pressa) que elas decidiram utilizar recursos visuais em seus atendimentos.
“A receita ilustrada deixa visualmente mais fácil e ajuda na assimilação do que foi prescrito, uma vez que utiliza recursos como símbolos e imagens (estimulando o hemisfério direito do cérebro, que é subjetivo/ criativo) e palavras pontuais (estimulando o hemisfério esquerdo do cérebro que é mais lógico/ objetivo). Como resultado, nos aproximamos da linguagem dos pacientes, os quais compreendem a informação e consequentemente, melhoram a adesão terapêutica”, afirma a dupla.