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Responsável por abrir o processo de impeachment que levou à destituição de Fernando Collor de Mello do Palácio do Planalto, em 1992, o ex-deputado federal Ibsen Pinheiro (MDB-RS) morreu anteontem aos 84 anos. O ex-parlamentar - que foi presidente da Câmara durante o processo de impeachment - sofreu paradas cardiorrespiratórias enquanto era atendido no Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre, e não resistiu.

Ele enfrentava um câncer na medula, descoberto em dezembro. O corpo de Ibsen foi cremado no fim da tarde de ontem em Porto Alegre. O velório foi realizado na Assembleia Legislativa e reuniu amigos, políticos, familiares e dirigentes do Internacional, clube do qual foi dirigente.

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou luto oficial no Estado por três dias. "Ibsen foi homem público incansável na luta por um País melhor. Sua trajetória política, marcada pelo diálogo e pelo respeito, deixa grande legado ao Brasil", afirmou o tucano.

Atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que Ibsen "presidiu a Casa com muita seriedade, num dos momentos mais importantes da democracia brasileira". "Ibsen foi um exemplo para mim, tive a oportunidade de conviver e aprender muito com ele. Perdemos um homem público diferenciado", afirmou Maia.

Como chefe da Câmara, Ibsen chegou a exercer interinamente a Presidência da República em ao menos duas ocasiões.

Após o impeachment de Collor, Ibsen foi incluído na lista de envolvidos com o escândalo dos "anões do Orçamento" e teve seu mandato parlamentar cassado em 1994. Anos mais tarde, em 2006, voltou a se eleger deputado federal.

Natural de São Borja, ele era jornalista e também trilhou carreira na área do Direito, como advogado, procurador de Justiça e promotor. Na política, foi do cargo de vereador a deputado constituinte. Ibsen teve mandato de deputado estadual no Rio Grande do Sul até 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Faleceu, nesta sexta-feira (24), o deputado Ibsen Pinheiro (MDB-RS) responsável por conduzir a Câmara dos Deputados em um dos períodos mais turbulentos da República após a redemocratização. Aos 84 anos, Ibsen sofreu uma parada cardiorrespiratória enquanto era atendido no Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre.

Na Câmara, Ibsen foi responsável por abrir o processo de impeachment que destituiu Fernando Collor do Planalto, em 1992. Formado como jornalista, ele também exerceu carreira na área do Direito, como advogado, procurador de Justiça e promotor. Na política, foi do cargo de verador a deputado constitucionalista.

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Como chefe da Câmara, exerceu interinamente a Presidência da República em ao menos duas ocasiões. Ibsen exerceu mandato como deputado estadual no Rio Grande do Sul até a última legislatura, que se encerrou em 2018.

"A perda desse grande companheiro - uma das mentes mais brilhantes da política - deixa um vazio no coração do MDB de todo o Rio Grande do Sul e do Brasil", escreveu, em nota, o MDB gaúcho.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou luto oficial no Estado por três dias. Atual presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) também lamentou a morte.

"Ele presidiu a Casa com muita seriedade, num dos momentos mais importantes da democracia brasileira", escreveu Maia. "Ibsen foi um exemplo para mim, tive a oportunidade de conviver e aprender muito com ele. Perdemos um homem público diferenciado."

Presidente da Câmara dos Deputados no primeiro e até então único processo de impeachmentapós a Constituição de 1988, o ex-deputado Ibsen Pinheiro disse, em entrevista exclusiva àAgência Brasil, que vê “algumas semelhanças” e “grandes diferenças” entre o afastamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello e o atual processo contra a presidenta Dilma Rousseff.

Para Ibsen, o processo de impeachment é eminentemente político. “Os grandes eventos que motivaram a indignação popular não estavam na prova dos autos”, lembrou em relação à cassação de Collor comparada às chamadas pedaladas fiscais, centro da atual denúncia. “Em compensação, alguns fatos que não estão na denúncia têm grande impacto, como por exemplo a delação do senador Delcídio [do Amaral]”, afirmou o ex-presidente da Câmara.

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De acordo com Ibsen Pinheiro, “por mais facciosa que possa ser” a atuação do atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista não tem o “condão” de definir os votos. “Por mais que o presidente da Câmara possa ser um político influente, não cabe a ele decidir a votação”.

Declarando-se “desencarnado” da vida política, o ex-parlamentar afirmou que não virá a Brasília para acompanhar o desfecho do segundo processo de impeachment depois da redemocratização do país. “Não voto, logo não me meto. Eu desencarnei”.

Agência Brasil: Passados 24 anos da decisão da Câmara que deu início ao processo deimpeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, como o senhor analisa o atual momento da Câmara e o processo que pode resultar no afastamento da presidenta Dilma Rousseff?
Ibsen Pinheiro: Vejo semelhanças, mas também diferenças. A primeira semelhança que vejo é o desgaste do governo Collor e do governo Dilma. Desgaste de sentimento majoritariamente estabelecido de insatisfação. A outra é que os dois presidentes, de então e de agora, não têm, não sei se diria, jeito ou gosto pelo jogo político, aquele que é importante com o Congresso Nacional para formar maioria, manter maioria. Isso é uma atividade que se faz com gosto ou não se faz. Imagino que essas semelhanças são, na minha avaliação, claras. Embora haja diferenças.

Agência Brasil: Mas Collor não tinha apoio e a Dilma tinha e está perdendo...
Ibsen Pinheiro: A semelhança que apontei é de haver [por parte dos dois presidentes] dificuldade da convivência [política], principalmente com o Parlamento. Os dois.

Agência Brasil: E as diferenças?
Ibsen Pinheiro: A diferença é que o Collor foi eleito por uma legenda de três letras [PRN], que ninguém mais lembra quais são. Já a Dilma foi eleita por um grande partido, que tem ramificação, inserção social e que tem militância. Essa é uma diferença importante que se percebe agora. No tempo passado, o presidente ficou completamente isolado. Agora, você pode dizer que a presidenta é minoritária, mas não pode dizer que ela está isolada.

Agência Brasil: A militância do PT pode ajudar a presidenta, diferentemente do PRN em 1992?
Ibsen Pinheiro: A principal diferença é que o Collor não tinha ninguém do lado dele quando chegou ao processo final. Foi praticamente unânime a votação. A presidenta Dilma está claramente minoritária, mas ela tem ao seu lado um partido que tem tamanho, ramificações e articulação. Essa é uma diferença importante. O grau em que ela influi, vamos saber domingo [17], no fim do dia.

Agência Brasil: Hoje, um dos autores do pedido de impeachment contra Collor, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Marcello Lavenère, discorda do processo contra Dilma. Quais as diferenças que o senhor percebe entre os dois momentos?
Ibsen Pinheiro: As opções pessoais têm que ser respeitadas, mas elas têm a ver com a visão política de cada um. Daquele episódio, o presidente da OAB assinou em nome próprio, mas ele estava, de fato, representando a entidade. Oficialmente, não porque o pedido de impeachmenttem que ser feito por um cidadão e não por entidade. Mas o simbolismo estava no presidente Lavenère e o presidente Barbosa Lima Sobrinho, da ABI [Associação Brasileira de Imprensa]. Nesse aspecto, a opinião do presidente Lavenère é pessoal e respeitável, mas a OAB [atualmente] tomou uma posição que não pode ser ignorada. Isso tem muita significação, partindo de uma entidade do prestígio da OAB. Mas a assinatura do requerente é um dos componentes do impeachment, nem é o mais importante. O mais importante são os aspectos técnicos e jurídicos, a definição, em tese, do crime de responsabilidade, para que depois seja feita a averiguação da autoria ou não. O outro elemento é o político-popular. Sem os dois elementos não se pode falar em impeachment.

Agência Brasil: Como o senhor avalia o atual pedido de impeachment? As chamadas pedaladas fiscais justificam o afastamento da presidenta?
Ibsen Pinheiro: A atuação do presidente Eduardo Cunha, por mais facciosa que possa ser, ela não tem o dom de alterar a definição, em tese, do crime de responsabilidade. A sua prática é outra parte. Depende do processo e da prova. Mas tudo começa com a definição em tese. No caso do presidente Collor, vamos lembrar que o episódio que configurou o crime de responsabilidade foi algo menor, a compra de um carro popular, um Fiat Elba. Agora, os grandes eventos que motivaram a indignação popular não estavam na prova dos autos, como a entrevista do irmão dele [Pedro Collor] para a Revista Veja e a entrevista do motorista [Eriberto França] para a Revista IstoÉ. Agora, também: o episódio das pedaladas não tem grande significação. Pode até ser crime de responsabilidade, mas não tem grande representação. Em compensação, alguns fatos que não estão na denúncia têm grande impacto, como por exemplo a delação premiada do senador Delcídio [do Amaral].

Agência Brasil: Mas houve a rejeição da inclusão da delação no processo...
Ibsen Pinheiro: Mas ela não faz parte do processo. Em um processo político, o juiz, que é o deputado, vota pelas razões que quiser. O juiz [magistrado] tem que usar as provas pertinentes e válidas. No processo político, o deputado vota porque não gosta do presidente ou vota a favor porque é companheiro do presidente. Isso, em juízo, não tem sentido. No processo político, o conjunto das circunstâncias pesa sempre para o bem e para o mal.

Agência Brasil: O governo está questionando supostos erros na condução do processo e cerceamento de defesa...
Ibsen Pinheiro: Temos que distinguir a alegação do fato. A alegação de cerceamento da defesa é aplicável ao processo. Se houve ou não, vai caber ao Judiciário, diante dos fatos, concluir. Uma violação da Lei Orçamentária, em tese, é crime de responsabilidade. Se foi praticado ou não, é fato. É outro aspecto. Quando se alega cerceamento de defesa, está se apontando uma causa de nulidade. Mas se exige a comprovação da matéria que vai a exame do tribunal.  

Agência Brasil: O senhor vê semelhanças entre o então presidente Ibsen Pinheiro e o atual presidente, Eduardo Cunha?
Ibsen Pinheiro: Não sou a melhor pessoa para comparar o presidente daquela época e o de hoje. Eu escuto comparações, mas não faço. Mas posso falar do deputado Eduardo Cunha. Creio que ele tem vulnerabilidade grande, o que questiona sua ação política e parlamentar. Mas uma coisa ele não tem condições de fazer: decretar a aprovação ou rejeição doimpeachment. Por mais que o presidente da Câmara possa ser um político influente, não cabe a ele decidir os votos. Ele não tem o condão de interferir porque a legalidade é muito estrita. A ordem da votação agora vai ter que se sustentar no Judiciário se não for a legal. Qualquer outro procedimento tem que estar de acordo com lei. A única coisa que não precisa lei é a motivação do julgador. Porque o deputado e o senador não precisam justificar seu voto nem fundamentá-lo. E o conteúdo do voto é irrecorrível. Se o Senado entende que é impeachment não existe outra instituição para contestação. Assim como se a Câmara entende que é admissível também.

Agência Brasil: Mas o governo está recorrendo à Justiça...   
Ibsen Pinheiro: O que o Judiciário julga é o procedimento. Vou dar um exemplo: Ele poderá anular o julgamento de domingo sim, se um dos eleitores for um suplente que não esteja no exercício do mandato. Ai é causa de nulidade. Agora, pelo resultado, não há controle judicial.

Agência Brasil: O senhor acredita que, ao final do processo, Cunha poderá ser alvo de perseguição, como o senhor foi no passado?
Ibsen Pinheiro:  Não saberia dizer. Prefiro escutar as opiniões dos analisas e dos jornalistas. Não saberia dizer.

O presidente do PMDB gaúcho, Ibsen Pinheiro, completa 40 anos de atividade política em 2016. O parlamentar tem 80 anos e segue articulado na Assembleia Legislativa local.

Ibsen estará amanhã em Brasília, na reunião do diretório nacional do PMDB, onde defenderá o afastamento da sigla do governo Dilma Rousseff, a entrega dos cargos, e a liberação do voto dos deputados no processo de impeachment.

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Jornalista por gosto e promotor por profissão, Ibsen viveu grandes momentos. Um foi a presidência da Câmara no primeiro e até agora único impeachment que o Brasil já teve, em 1992.

"O que o povo quer, esta casa acaba querendo", disse, ao votar pelo afastamento do atual senador Fernando Collor. "Hoje falta a unanimidade daquele época", afirmou, apostando que "a votação vai ser apertada, mas o impeachment não vai passar".

Outro momento foi a cassação em 1994, após a CPI do Orçamento. Mais tarde ficou claro que a denúncia foi um erro da revista Veja, admitido publicamente. Absolvido pela Justiça, recomeçou como vereador, em 2004, e voltou a ser deputado federal em 2006. Há dois anos, ficou na terceira suplência para deputado estadual.

Chegou à Assembleia após o governador Ivo Sartori (PMDB) indicar três deputados como secretários. Na quinta-feira, dia 24, quando falou com o jornal O Estado de S. Paulo por telefone, comemorava, a seu discreto estilo, não estar entre os 41 políticos gaúchos citados na lista da Odebrecht.

O peemedebista fez uma comparação sobre os processos e Collor e Dilma de impeachment. "Os dois momentos cruciais que levaram à aprovação do impeachment foram a entrevista do irmão do Collor, que não teve provas, só acusações, e a entrevista do motorista Eriberto (França), uma pra Veja, outra pra Isto É. Foram as peças-chave da condenação. Mas o fundamento legal veio de um pequeno fato, vergonhoso, que foi a compra do Fiat Elba com recursos da campanha levantados por PC Farias. Hoje, falta um elemento: um fato pequeno e vergonhoso. Os fatos grandes você explica, por piores que sejam. Os pequenos, quando vergonhosos, tiram de perto os aliados fiéis", disse.

E prosseguiu na comparação: "ao contrário do Collor, Dilma tem apoio de um partido que tem base social e inserções nos movimentos sociais, sindicatos, em alguns segmentos intelectuais".

Ibsen também comentou a possibilidade de o pedido de afastamento de Dilma ser rejeitado. "Nós estamos numa crise política, não numa crise institucional. Se as instituições funcionarem, o impeachment tem que ser votado. E o dia seguinte, com qualquer resultado, será melhor que o dia da véspera, que é de incerteza. O resultado tem que ser respeitado, seja qual for". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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