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A expressão de um olhar cheio de memórias marca o semblante de Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar, viúva do ex-governador Miguel Arraes e a mulher que passou mais tempo como primeira-dama do estado. Apoiada pela neta, Elisa Arraes, de 18 anos, dona Magdalena, como é conhecida, recebeu a equipe do Portal LeiaJá na casa onde viveu junto com o marido por 30 anos, no Poço da Panela, na zona norte do Recife, local que hoje funciona o Instituto Miguel Arraes (IMA).

O ambiente, segundo ela, tem lembranças vivas e atrai ainda mais responsabilidade para fazer com que o legado do ex-governador seja contínuo. “Este terraço é quase um sacrário de lembranças. Isso aqui foi teatro de muitas e muitas coisas políticas e familiares... Quando ele não estava trabalhando estava aqui, na rede, com seu cachimbo... Faço questão de mantê-lo vivo aqui”, disse, sentada em uma das cadeiras de aramado de fios do terraço da casa, “as preferidas de Arraes”.

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Entre estalos de risos e seriedade, lembranças ativas e outras amenas, dona Magdalena frisou a saudade do marido e contou sobre como era o dia-a-dia do ex-governador, marido e pai de dez filhos [ver vídeo]. “Sinto mais falta da não presença. Sempre participávamos muito da vida um do outro”, salientou.

De acordo com ela, Arraes fazia questão de que os filhos e netos participassem, por muitas vezes, de conversas nas quais decidiria posturas políticas, para que eles fossem aprendendo sobre a conjuntura. O que, para ela, é um retrato da “vida dedicada” que Arraes teve por Pernambuco e a principal “herança” dos filhos e netos. “Eles são aqueles que devem tomar isto nas mãos e seguir em frente com esta herança e ver o que é possível fazer”, projetou.

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O avô Miguel Arraes

Durante toda a conversa, Elisa Arraes, filha de Mariana Arraes, reforçava as memórias da avó com o que recordava dos seis anos que morou junto com Miguel Arraes. “Muitos têm uma visão de vovô muito duro, mas não era nada. Ele de vez em quando dava umas gargalhadas, contava umas piadas”, afirmou.

Entre uma lembrança e outra, Elisa, que hoje é responsável pelo IMA junto com o tio Antônio Campos, contou que por diversas vezes via demonstrações de amor entre dona Magdalena e Arraes.

“Tem duas coisas muito bonitas que sempre recordo: uma delas e que toda terça ele ia para Brasília, bem cedo, e vovó, que acordava costumeiramente tarde, fazia questão de na terça-feira de manhã acordar cedo para se despedir dele. A despedida era sempre com um beijinho e eu acordava só para ver esta cena”, detalhou. “A outra é que vovô também não dançava muito bem não, mas de vez em quando eles colocavam uma música e dançavam na sala. Era lindo”, emendou.

Um ato em memória dos 50 anos do Golpe Militar no Brasil foi realizado nesta quinta-feira (27) no Instituto Miguel Arraes (IMA), no Poço da Panela, Zona Norte do Recife. A solenidade reuniu diversas autoridades como o neto de Arraes e governador Eduardo Campos (PSB), além de familiares e amigos do ex-gestor, entre outros.

O evento contou com palestras sobre ‘O Golpe – ponto de vista político, ideológico e histórico’, ‘o golpe visto de dentro do Palácio das Princesas’, e ‘a nova agenda da justiça de transição no Brasil’, além de homenagens a personagens ligados à época da repressão como Antonieta Cruz, Fernando Coelho (in memória), Leda Alves, entre outros.

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Abrindo o ciclo de palestras, o presidente da Comissão da Memória e Verdade, Dom Hélder Câmara (CMVDHC), Fernando Coelho, relembrou do período que marcou a história do Brasil e contextualizou a experiência vivida na gestão do exilado político e ex-governador, Miguel Arraes.

“Vi no governo Miguel Arraes sempre se colocando para frente das movimentações sociais. Eu considero ele um grande democrática, nacionalista e tinha grande sensibilidade social e por isso, acho que ele foi afastado do Estado pelo Golpe Militar (...). Hoje, homenageando o governador de Miguel Arraes, homenageio o que há de melhor e desejamos que se generalize o melhor, e numa meta próxima  se avança o que há de melhor para Pernambuco e para o povo brasileiro”, expôs Coelho.

Também relembrando o governo de Arraes, o advogado e ex-preso político, Ivan Rodrigues contou o dia em que foi anunciada a prisão do ex-chefe do executivo. “Chegou um coronel no Palácio e disse que Arraes seria preso e ele disse: o senhor não tem autoridade para me depor sou escolhido pelo povo”, relembrou acrescentando que o coronel prometeu garantias, mas Arraes retrucou. “Ele respondeu: - não preciso de suas garantias, sou o governador de Pernambuco e assumirei o governo de Pernambuco esteja eu onde estiver (...). Esse diálogo não necessita explicação. De um lado o poder da força, da tutela de outro lado a afirmação democrática de um governante destemido, impávido e reagindo a demonstrações de forças politicamente orientada pelas sucessivas de derrotas eleitorais”, elogiou o advogado.

Apesar de não discursar no evento, Eduardo Campos exaltou seu avô e resumiu o ato como histórico. “Eu estou feliz de neste momento histórico, 50 anos do Golpe Militar, onde eu posso está aqui vendo ele (Arraes) continuando vivo através de suas ideias, de suas memórias histórias embalando o sonho de novas gerações para que possamos juntos construir um país mais justo e mais equilibrado socialmente”, pontuou.

Homenageados – Durante a solenidade algumas pessoas foram enaltecidas por contribuírem com a criação do IAM e receberam do presidente do Conselho deliberativo do Instituto Miguel Arraes, Antonio Campos, um certificado. Os homenageados foram: Augusto Paasshaus Neto, Antonieta Cruz, Fernando Coelho, Ivan Rodrigues, Luiz Pinto, Inah Lins, Leda Alves, Marta Freire, Tereza Costa Rego, Tereza Rozowykwi e Vanja Campos. 

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