Tópicos | John Lasseter

A atriz britânica Emma Thompson renunciou a um projeto no jovem estúdio de animação Skydance, após a contratação de John Lasseter, ex-chefe da Disney acusado de assédio sexual, para dirigi-lo.

Em uma carta dirigida à diretoria da companhia no fim de janeiro, Thompson explicou seus motivos para não trabalhar com Lasseter, no âmbito de movimentos contra os abusos na indústria, como o #MeToo.

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"Só posso fazer o que me parece correto nestes tempos difíceis de transição e de conscientização coletiva", escreveu a atriz de 59 anos, duas vezes ganhadora do Oscar.

"Tenho consciência de que se as pessoas que falaram, como eu, não adotarem este tipo de postura, será muito pouco provável que as coisas mudem no ritmo necessário para proteger a geração da minha filha".

A representante de Thompson, Catherine Olim, confirmou à AFP o conteúdo da carta, que foi publicada nesta terça-feira no jornal Los Angeles Times.

A contratação de Lasseter foi anunciada em 9 de janeiro. O criador de "Toy Story" anunciou sua renúncia como diretor de criação da Disney em junho de 2018, após um ano de licença por várias denúncias de conduta inapropriada.

Thompson, que emprestaria sua voz para o filme "Luck", de Alessandro Carloni, questionou que o estúdio dê uma "segunda chance" a Lasseter.

"Aparentemente vai ganhar milhões de dólares por receber essa segunda chance. Quanto dinheiro estão recebendo os empregados da Skydance por dar essa segunda chance?", questionou a atriz.

"Se um homem passou décadas tocando mulheres de forma inapropriada, por que uma mulher ia querer trabalhar para ele, se a única razão pela qual não vai tocá-la de forma inapropriada é que seu contrato lhe obriga a se portar 'com profissionalismo'?".

Lasseter é conhecido por transformar a Pixar no estúdio de animação mais bem-sucedido do mundo e por resgatar a Walt Disney Animation da falência.

Os estúdios Disney, donos da Pixar desde 2006, exploram pela primeira vez em nome próprio o lucrativo universo da filial, com o lançamento de Aviões, filme derivado da saga de sucesso Carros, mas com aviões como personagens principais. Aviões, que estreia na sexta-feira (9) nos Estados Unidos, é uma produção da Disney Toon Studios, divisão especializada em filmes lançados diretamente no mercado de DVD e na produção de sequências de grandes clássicos como Cinderela 2 e 3, e Bambi 2.

Confiante no potencial comercial de Aviões, que se beneficia do universo já famoso de Carros, o estúdio decidiu fazer uma exceção e dar ao novo filme uma chance no cinema. John Lasseter, figura histórica da Pixar e que dirigiu filmes como Toy Story, Vida de Inseto e Carros, além de ser responsável desde 2006 por todas as produções animadas dos estúdios Disney, explicou detalhadamente o que esperava do lançamento para Klay Hall, diretor de Aviões.

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"John me disse: 'Carros' é uma realidade, já tem um mundo próprio, já deu. Aprenda com esse mundo, aprenda com nossas experiências e com os personagens e, em seguida, esqueça tudo. Não vamos reutilizar os personagens nem os cenários. Quero que você crie um mundo novo", explicou Klay Hall à AFP. "A estética é a mesma: os aviões têm dois olhos, os personagens falam e são veículos charmosos, mas os pontos em comum acabam por aí", afirmou o cineasta.

Aviões conta as aventuras de Dusty, um pequeno avião que passa longos e entediantes dias pulverizando inseticida nas plantações de milho. Mas com força de vontade e muito treino, ele consegue uma vaga numa prestigiosa corrida aérea, na qual terá que enfrentar os melhores aviões do mundo.

Lembranças de piloto

"Sempre gostei de histórias de azarões, o pequeno herói subestimado que é capaz de dar a volta por cima", disse Hall. "Também gosto da ideia dele ter sido construído para uma função específica mas, no fundo, sente que pode ser outra coisa". O filme teve algumas dificuldades técnicas como deixar realistas no computador o voo de um avião, a aceleração de uma decolagem ou a freagem de uma aterrissagem. "Foram necessários pelo menos seis meses para encontrar uma solução, com a ajuda de um exército de pilotos e de especialistas", afirmou o diretor.

Klay Hall também pôde contar no sua experiência pessoal de piloto e das lembranças de seu pai, um piloto da marinha americana. A "humanização" dos aviões, algo muito bem trabalhado pela Pixar em "Carros", também gerou problemas. "Os carros possuem grandes para-brisas para os olhos, uma grande grade para a boca. Nós temos asas desengonçadas, para-brisas pequenos, uma boca criada na parte inferior do avião. Ainda temos as hélices, a todo momento na frente da câmera", explicou Hall.

A última vez que a Disney deu vida a um avião foi em 1942, no curta "Pedro", da animação "Olá, Amigos". "O avião podia se curvar, usava as asas como braços, era bem cartunesco, charmoso da sua maneira, mas não queríamos fazer isso", disse, preferindo optar por mais realismo.  Como seu personagem Dusty, Klay Hall precisou de paciência e perseverança para encontrar o olhar de seus aviões animados. Sorte que ele teve bons professores.

Hall começou a trabalhar na Disney quando os lendários "nove senhores" do estúdio, os fundadores da Disney, ainda estavam à frente da empresa, e ele decorou as lições. "Às vezes eu os procurava com um desenho para pedir uma opinião. Eles perguntavam: quantas vezes você desenhou?. Eu respondia: três ou quatro. A resposta era sempre a mesma: desenha mais umas 20 vezes e volta aqui".

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