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O domingo de Carnaval costuma ser sagrado para aqueles apaixonados pelo bloco encarnado, o Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda. É neste dia que,  há quase 70 anos,  a agremiação - reconhecida em 2020 como Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco - arrasta uma multidão de foliões e foliãs pelas ladeiras olindenses, num misto de tradição louvor, alegria e amor, como bem diz o hino do bloco, mais conhecido como ‘hino do Carnaval de Olinda’. 

Em 2021, no entanto, a gravidade da pandemia do novo coronavírus, e suas consequentes proibições, impedem a saída do Elefante. Pela primeira vez, em sua existência de 69 anos, a agremiação não desfilará no domingo de Carnaval, em respeito aos protocolos de segurança e à saúde coletiva dos brincantes e fazedores da agremiação. Mas, para que o “sentimento carnavalesco dentro dos corações das pessoas” não morra, o bloco promove uma saída simbólica, com a realização de uma live no dia 14 de fevereiro, data em que estaria na rua caso fosse possível.  

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Quem explica a motivação para a 'saída online' é Juliana Serretti, uma das integrantes da diretoria do Elefante. Em entrevista ao LeiaJá, ela conta que desde as primeiras notícias sobre o coronavírus, no início de 2020, já havia na agremiação uma preocupação quanto ao Carnaval.

A suspensão dos festejos no estado de Pernambuco e os desdobramentos da pandemia no país trouxeram ainda mais angústias. “A gente tá com o coração dividido, em parte um pouco de luto e tristes com essa situação da vacina. A gente acredita que a campanha de vacinação já deveria estar começando mas por desorganização do governo não está e isso deixa a gente ainda mais sem perspectiva. Essa falta de perspectiva faz a gente se perguntar se vai ter sequer o Carnaval de 20022, estamos muito assustados”.

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A tristeza só não é maior pelo reconhecimento finalmente conquistado pelo clube em 2020, o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. A agremiação buscava a honraria há uma década e a sua chegada traz consigo a possibilidade de investimento e  melhorias para o clube com o recurso vitalício pago pelo governo aos detentores da distinção. Outro motivo de alegria para quem faz e quem acompanha o Elefante, são as lives que tomaram a internet durante a quarentena.

Em julho de 2020, o clube olindense promoveu o festival online Jornadas do Frevo, um evento que contou com o esforço da equipe do encarnado e a participação voluntária de artistas e estudiosos pernambucanos ligados ao frevo. O projeto saiu do papel após muita pesquisa e dedicação dos envolvidos “para aprender como faz”, como conta Juliana, e o resultado foi extremamente positivo. Além do conteúdo promovido durante cinco dias, com shows, aulas e palestras, o festival também arrecadou fundos para a campanha Mãos Solidárias, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O apurado beneficiou cerca de 80 famílias de trabalhadores da cadeia produtiva do Carnaval olindense que receberam cestas básicas agroecológicas. 

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Em fevereiro, o Elefante vai promover mais uma live, dessa vez como forma de marcar o seu Carnaval pandêmico, em uma “saída simbólica”. No domingo, dia 14 de fevereiro, o bloco promove a Live Encarnada, com apresentação da Orquestra do Maestro Oséas, no canal do YouTube da agremiação, às 14h. O objetivo é não deixar passar em branco a data e aquecer os foliões, ainda que à distância.”Estamos com o coração na mão, querendo fazer uma coisa bonita, querendo divulgar mesmo para que as pessoas assistam, participem e se engajem. Mesmo que a gente não vá pra rua, queremos tentar criar esse sentimento carnavalesco dentro dos corações das pessoas, ainda que de maneira virtual. Tenho certeza que a live vai ser maravilhosa, no que depender da gente e dos foliões que a gente tem, que a gente conhece, a live vai ser muito boa”, diz Juliana. 

Camisas

Tão esperado quanto a sua saída do bloco às ruas no domingo de Carnaval, é o lançamento da camisa da agremiação para o ano. A venda de camisas, e outros souvenirs produzidos pelo clube, serve para levantar fundos que custeiam a manutenção do clube, além de dar suporte aos profissionais que trabalham para que a folia ganhe as ruas. Este ano, não será diferente, e até o final da primeira semana de janeiro, serão divulgados a arte e os pontos de venda das camisetas.

Segundo Juliana, o valor de R$ 40, o mesmo praticado em 2020, será mantido e todo o arrecadado será revertido integralmente para os profissionais envolvidos com o Carnaval. Além disso, durante a live do dia 14 de fevereiro também haverá arrecadação para este fim. “A intenção não é acumular lucro, é arrecadar pra repassar para os trabalhadores, nesse ano não vamos ter gastos, mas temos o compromisso com as pessoas que trabalham com a gente no sentido de tentar fortalecê-los”. 

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