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A afirmação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que "os movimentos recentemente observados nas taxas de juros de mercado incorporam prêmios excessivos" determinou queda das taxas futuras, sobretudo de curto prazo, nesta terça-feira, 20. Os juros derretem desde a abertura dos negócios, retomando a chance de a Selic subir 0,50 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês. Nova ação coordenada do BC e do Tesouro Nacional com leilões de swap cambial e de recompra de títulos, além do recuo dos juros dos Treasuries, contribuem para o movimento.

"Tombini não deu pistas de que irá acelerar o ritmo de ajuste da taxa Selic", avaliou a LCA Consultores, em relatório divulgado a clientes. Segundo o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, a curva de juros precificava, às 9h20, "aposta majoritária" de alta de 50 pontos-base do juro básico em agosto. Ontem, essa a curva chegou a embutir quase 70 pontos-base, ou um aperto monetário mais forte, lembrou Serrano. Para outubro, havia chance de alta de 0,50 pp e para novembro, mais 0,50 pp.

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A afirmação do presidente do BC foi feita por meio de nota divulgada após o fechamento dos mercados. No texto, Tombini reafirmou a visão de que "a adequada condução da política monetária contribui para mitigar riscos para a inflação, a exemplo dos oriundos da depreciação cambial". Ele disse ainda que acompanha "com atenção" o mercado de câmbio; "não deixará de ofertar proteção ('hedge' cambial) aos agentes econômicos" e "que a concentração de posições em uma única direção poderá trazer perdas aos que apostam em movimentos unidirecionais da moeda".

Nesta manhã, BC e Tesouro reforçam atuação conjunta para conter o nervosismo. O Banco Central já vendeu hoje o equivalente a US$ 993,4 bilhões no mercado futuro. Às 11h15 e às 11h30, haverá mais dois leilões de venda de dólares conjugado com leilões de recompra da moeda. O Tesouro, por sua vez, fará às 11 horas oferta de recompra de até 2 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) para quatro vencimentos e até 2 milhões de Notas do Tesouro Nacional - série F (NTN-F) para cinco vencimentos.

No exterior, os juros dos títulos do Tesouro dos EUA recuavam, sendo que o da T-note de dez anos estava em 2,834% às 10h16, de 2,880% no fim da tarde de segunda-feira, 19. A proximidade da divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), na quarta-feira, 21, trouxe aversão ao risco e busca pela segurança, elevando os preços de tais papéis, com consequente redução dos juros.

Às 10h17, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 apontava 9,19%, na máxima, ante 9,33% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2015 indicava 10,39%, ante 10,66% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 11,74%, na máxima, ante 11,84% no ajuste da véspera. O dólar à vista caía 0,83%, cotado a R$ 2,394, no balcão.

Os investidores reduziram na sexta-feira as apostas de que o atual ciclo de corte da Selic possa se prolongar até a reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Notícias de que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, vai propor uma série de medidas para resgatar os países em dificuldades na zona do euro ampliaram o otimismo em todo o mundo. No Brasil, as taxas dos DIs, que já subiam de forma consistente pela manhã, passaram a renovar máximas à tarde, com a curva a termo de juros precificando um corte de 0,50 ponto porcentual em agosto, para 7,50%, e diminuindo as chances de nova baixa de 0,25 ponto em outubro.

Ao fim da sessão regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 (373.740 contratos) marcava 7,41%, na máxima, ante 7,38% do ajuste da véspera. A taxa do DI para janeiro de 2014 (465.670 contratos) estava em 7,86%, ante 7,74% do ajuste anterior. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (161.300 contratos) tinha taxa de 9,09%, ante 8,92%, e o DI para janeiro de 2021 (10.965 contratos) marcava 9,70%, ante 9,52%.

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A pressão de alta foi disparada por informações de que Draghi se reunirá nos próximos dias com o presidente do Bundesbank (o banco central alemão), Jens Weidmann, e de que o presidente do BCE busca apoio para medidas que incluam a retomada das compras de títulos da dívida da Espanha e da Itália, um corte de juros e uma nova operação de refinanciamento de longo prazo do sistema bancário da zona do euro.

Na prática, a perspectiva de uma solução para a zona do euro reduz a expectativa de que, no futuro próximo, o Banco Central do Brasil seja compelido a prolongar o ciclo de cortes da Selic até outubro. "O raciocínio é que, se finalmente as autoridades da Europa vierem com a 'bazuca' para enfrentar a crise, isso evitaria a piora dos mercados e um cenário mais complicado para a economia", comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. "As notícias de hoje trazem certo otimismo para o mercado."

O otimismo, segundo Flávio Serrano, economista sênior do Besi Brasil, refletiu-se na curva a termo. "A probabilidade de um corte de juros em outubro é muito baixa, de menos de 10 pontos precificado", calculou Serrano à tarde. "O movimento de hoje praticamente eliminou essa possibilidade (de corte de 0,25 ponto em outubro)."

Mais cedo, o mercado recebia bem as declarações da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, François Hollande, de que fariam o possível para proteger a zona do euro, em linha com a fala de Draghi na quinta-feira. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que cresceu 1,5% no segundo trimestre do ano, na margem, superou a previsão de alta de 1,3% e também reduziu a aversão ao risco. Já o sentimento do consumidor norte-americano, medido pela Universidade de Michigan, caiu para 72,3 em julho, mas ficou acima dos 72 esperados.

Em Londres, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que, nas próximas semanas, devem ser anunciadas reformas para elevar a competitividade do Brasil e citou que, em breve, haverá redução do imposto sobre a energia. Ainda na capital britânica, a presidente Dilma Rousseff cobrou a geração de empregos na indústria e disse que os incentivos dados a diferentes setores devem ser acompanhados pelo compromisso de criação de empregos. "Esse é o único motivo pelo qual existe o incentivo", mencionou Dilma. Essas declarações também contribuíram para a alta dos juros, embora o exterior tenha prevalecido.

A curva a termo de juros futuros passou por uma inclinação no pregão de hoje, com as taxas curtas perto da estabilidade e acúmulo de prêmios nos vencimentos longos. Para operadores, esse movimento ocorre devido à percepção de que as autoridades europeias estão próximas de uma solução que minimize a crise de dívida e bancária da região, enquanto o corte de pelo menos 0,50 ponto porcentual da Selic no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) já está contratado, o que diminui o espaço para oscilações mais fortes nos DIs curtos. Prova disso é que a queda de 0,53% do IBC-Br de agosto ante julho não impôs pressão de baixa nesses vencimentos.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (299.925 contratos) estava em 10,45%, de 10,46% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014, com giro de 131.860 contratos, subia a 10,74%, de 10,70%. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (26.150 contratos) avançava para 11,19%, de 11,12% no ajuste de terça-feira, e o DI janeiro de 2021 (2.925 contratos) indicava 11,21%, de 11,14% no ajuste.

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Na visão do economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, o IBC-Br pode reforçar as chances de prolongamento da queda da Selic em 2012. "O resultado desse índice confirma a tendência de desaceleração dessa proxy do PIB acumulado em doze meses, de 7,78% em dezembro de 2010, para 4,88% em junho deste ano e, finalmente, para 4,0% em agosto. Considerando uma estabilidade do indicador em setembro como hipótese, o carry-over garantiria um crescimento real do PIB de 2,71% em 2011, portanto abaixo do produto potencial estimado de 4,6%. Por fim, ratifica a nossa previsão de um PIB próximo de zero e potencialmente negativo no terceiro trimestre", considerou.

Lá fora, apesar da queda das commodities e das bolsas, as notícias não foram de todo ruins. Depois de assustar o mercado na terça-feira, o Parlamento da Eslováquia aprovou hoje a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), permitindo que o fundo de resgate da zona do euro entre em operação e seja ampliado de 250 bilhões de euros para 440 bilhões. Além disso, o executivo-chefe da EFSF, Klaus Regling, disse que a Itália e a Espanha seriam capazes de se financiar sem recorrer ao programa de resgate financeiro da zona do euro, contribuindo para a recuperação do euro ante o dólar.

Entre as notícias negativas, o Credit Suisse informou que uma nova rodada de testes de estresse da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) sobre os bancos da Europa com uma exigência mínima de 9% de capital de alta qualidade vai resultar em 66 bancos reprovados, ou dois terços do total avaliado. E o Citigroup, em relatório denominado "Teste de Estresse Europeu", prevê que os bancos italianos precisarão levantar 27,7 bilhões de euros para cumprir com o mínimo de 9% de capital, enquanto as instituições espanholas precisarão de 33,4 bilhões de euros, as francesas de 34,3 bilhões de euros e os bancos alemães, de mais 30 bilhões de euros.

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