Tópicos | Kaiowá

Indígenas da etnia guarani e kaiowá foi alvo de ataque de grupo armado nessa quarta-feira (16), em Dourados, no Mato Grosso do Sul. De acordo com informações divulgadas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), indígenas relataram que o grupo entrou no tekoha Avae'te, acampamento indígena próximo à reserva de Dourados, e disparou várias vezes. Ninguém ficou ferido.

Na madrugada de terça-feira (15), conforme os indígenas, os pistoleiros incendiaram dez casas, obrigando muitos a se esconderem no mato. Em nota, o Cimi informou que os indígenas estão assustados e com medo de novos ataques.

##RECOMENDA##

A organização diz que este é o primeiro ataque registrado este ano contra os guarani e kaiowá do tekoha Avae´te, porém, ações como essa são registradas desde 2018, quando foi iniciado o processo de retomada das áreas gerando conflitos.

A reserva tem uma área de 2,4 mil hectares, tamanho, segundo o Cimi, insuficiente para abrigar a população indígena local, que ultrapassa 13 mil pessoas.

Com isso, grupos indígenas montaram acampamentos próximos a reserva, como forma de reivindicar a retomada de terras tradicionais ocupadas por fazendeiros.

Em 2007, a Funai e o Ministério Público Federal assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para agilizar a demarcação das áreas reivindicadas no entorno da Terra Indígena (TI) Dourados Pegua.

A Agência Brasil entrou em contato com a Funai e aguarda retorno.

A Fiocruz Pernambuco se prepara para lançar, em uma transmissão ao vivo em seu canal no Youtube, marcada para às 15h desta quinta (23), a versão digital do livro  Pohã Ñana: nãnombarete, tekoha, guarani ha kaiowá arandu rehegua, ou Plantas medicinais: fortalecimento, território e memória guarani e kaiowá. Com 350 páginas, a publicação foi escrita por pesquisadores da instituição em parceria com estudiosos da Fundação Oswaldo Cruz e de outras instituições, com auxílio de um grupo de jovens indígenas da comunidade.

O livro conta com texto de dez autores e foi organizado pela pesquisadora da Fiocruz-PE Islândia Carvalho, pela historiadora Aparecida Benites e pelo médico Paulo Basta. Nele, são revelados saberes repassados entre sucessivas gerações de habitantes de seis localidades do território Guarani-Kaiowá, no Cone Sul do Mato Grosso do Sul (Centro Oeste), a exemplo de práticas tradicionais de cura. Resultado de uma pesquisa de seis anos, o material poderá ser acessado no site no ObservaPICS e deve ser disponibilizado nas livrarias em breve.

##RECOMENDA##

A live será conduzida por Carvalho e mediado por Basta, tendo participação da antropóloga kaiowá Lúcia Pereira, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Sociocultural da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), de Benites, do líder indígena kaiowá Tonico Benites, doutor em antropologia e pesquisador visitante da Universidade Federal de Roraima (UFRR), além do antropólogo Fábio Mura, professor associado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do procurador da República no Mato Grosso do Sul Marco Antônio Delfino de Almeida, doutorando em história indígena. A programação inclui apresentação de cantos tradicionais de cura da ñandesy (rezadora) kaiowá Orida Vilhava.

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), pediu nesta quarta-feira, 15, a presença da Força Nacional no município de Caarapó, região de Dourados, onde no dia anterior o líder indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, foi morto a tiros que atingiram outras seis pessoas, incluindo uma criança.

De acordo com o Instituto Sócio Ambiental (ISA), "às 10h da manhã de anteontem, cerca de 70 fazendeiros deslocaram-se com caminhonetes até o território indígena de Toro Passo e atacaram a tiros os cerca de 100 indígenas, que haviam retomado a área, sobreposta à Fazenda Ivu e a outras propriedades, na noite de domingo".

##RECOMENDA##

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, servidores da Funai declararam que "o número de feridos deve ser ainda maior porque os indígenas se dispersaram pelo território, em fuga, com a chegada de cerca de 200 caminhonetes, motocicletas, cavalos e trator usados por pistoleiros, capangas e homens que chegaram atirando contra o acampamento em que os Guarani e Kaiowá estavam na Fazenda Yvu, incidente sobre a terra indígena, atualmente em processo de demarcação pelo Ministério da Justiça."

Vídeos obtidos pelo ISA com indígenas mostram o momento em que as caminhonetes avançam e motocicletas dos indígenas são incineradas.

Em nota, o governo do Mato Grosso do Sul lamentou a morte do indígena e a agressão de policiais militares que teriam ido ao local para prestar socorro aos índios feridos. "Três policiais militares foram rendidos por indígenas, feitos reféns, agredidos e tiveram as armas roubadas, sendo elas três pistolas calibre .40, uma escopeta calibre 12 e três coletes."

O objetivo do pedido de reforço da Força Nacional, segundo o governador Reinaldo Azambuja, é "restabelecer a segurança e garantir a ordem, em apoio às forças estaduais". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando