Tópicos | Kit entubação

O secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, coronel Luiz Otávio Franco Duarte, declarou nesta quinta-feira, 25, que os estoques de medicamentos do chamado "kit intubação" devem ser para no máximo sete dias e, ainda, defendeu ações em nível regional para remanejar estoques acima dessa meta entre as redes de saúde. "Essa interlocução tem que ter o discernimento que acima de 7 dias de estoque é luxo para atual situação", afirmou, referindo-se ao agravamento da pandemia da covid-19 no País.

"Hoje, é um luxo um estabelecimento de saúde ter mais de 7 dias desse 'kit intubação'. Se estiver ultrapassando 7 dias, por obséquio, empreste a medicação para o hospital ao lado", disse em audiência pública na Câmara dos Deputados.

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O coronel afirmou que a orientação do ministério sobre esse tema precisa ser repassada regionalmente, inclusive em relação aos estoques de hospitais particulares. "Não temos que fazer diferença do setor público e privado. Se eu tenho a medicação de posse do setor público e o setor privado não tem essa medicação, por favor, passe para o setor privado. E vice-versa."

Ele destacou que essa "equalização" dos estoques pode ser feita pelos conselhos regionais de Farmácia. Segundo ele, a produção atual e as medidas de requisição de estoque feitas pelo ministério são suficientes para garantir abastecimento para as próximas duas semanas. "Iremos respirar, no mínimo, para 15 dias", apontou, embora diversos municípios e Estados tenham relatado desabastecimento ou risco de falta de remédios.

Mais cedo, na mesma audiência, o coronel defendeu a atuação da pasta. "A única finalidade nossa, nesse momento, é salvar vidas. E, nesse momento, a maior quantidade possível."

O coronel ainda disse que o governo federal tenta fazer uma aproximação com o setor da aviação civil para que possa ampliar o transporte aéreo de oxigênio líquido. Hoje, esse tipo de procedimento é feito exclusivamente pelas Forças Armadas, pelo risco de explosão.

‘Quantos cilindros tem disponível hoje no mercado? Nenhum’, diz assessor especial do Ministério da Saúde

Na mesma audiência pública, o assessor especial de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Fernandes, resumiu que, hoje, "tudo é problema" no abastecimento de oxigênio medicinal. "Quantos cilindros tem disponível hoje no mercado? Nenhum. Tudo o que tinha, nós estamos requisitando, adquirindo, transportando e entregando pra quem nos pede socorro", declarou. "Estamos em tempo de guerra."

Ele voltou a dizer que a maior dificuldade é obter insumos para municípios do interior e pequenas unidades de saúde, pois grande parte depende do produto na forma gasosa, que tem um transporte mais limitado e demorado. "Estou com dificuldade imensa para conseguir 1 mil cilindros para alguns problemas que estão surgindo, Rondônia, Acre, Ceará, Rio Grande do Norte, agora no Mato Grosso, região Sul", citou.

"O maior gargalo, a parte mais importante que precisa ser atacada urgentemente, é com relação aos pequenos hospitais, as unidades de pronto atendimento, que funcionam no interior. Particularmente as do interior, mas também atinge algumas unidades de pronto atendimento das capitais", salientou. "Oxigênio em cilindro: esse hoje é o maior gargalo", comentou. "Pode acreditar: a situação no interior está bastante complicada. Os cilindros cada vez se sente que são em quantidade menos suficiente."

Ele disse que a instalação de tanques para armazenamento do produto líquido é inviável neste momento, pelo tempo e recursos exigidos. Uma alternativa é a implantação de miniusinas de produção, que o general disse também estar com uma demanda limitada hoje.

Além disso, falou que há dificuldade para a compra do cilindro para envasamento e de carretas para o transporte de oxigênio. Sobre o primeiro, disse que a pasta pediu ajuda à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e ao Ministério das Relações Exteriores, "mas não é uma coisa fácil", diante da alta demanda mundial.

Por isso, defendeu a compra de compressores de oxigênio como uma alternativa "fora da caixa" para atender pacientes menos graves, que necessitam de um menor fornecimento de oxigênio por minuto. Segundo ele, esses equipamentos são portáteis, geralmente de uso no tratamento doméstico de pacientes e têm o tamanho de um ar condicionado, com um custo médio de R$ 5 mil. "É (como se fosse) um cilindro que se enche sozinho."

Fernandes anunciou que o governo federal está com uma negociação avançada para a compra de 5 mil unidades dos Estados Unidos e da China. Parte desse material, segundo ele, será doado pela iniciativa privada. "Vai ajudar muito, aliviando o consumo de pacientes de baixa e média gravidade, em consequência reservar cilindros para pacientes mais graves."

Em relação às carretas, ele anunciou que uma das principais empresas atuantes no País vai conseguir importar 13 veículos usados do Canadá. "Tenho certeza que, quando chegarem, automaticamente serão empenhadas", comentou. "(Hoje) Não tem uma carreta disponível no Brasil".

Além disso, o general afirmou que o ministério fez a requisição de mil cilindros industriais do Grupo MAT após a liberação do uso desses vasilhames para o oxigênio medicinal. "Tinha linha produção que poderia ser ampliada. Automaticamente, requisitamos toda a produção extra", apontou, embora admita que o número é "muito pouquinho" para a necessidade atual.

Outro ponto que abordou aos deputados é de tomar ações legislativas para liberar as fabricantes de oxigênio de cumprirem contratos com indústrias (que também compram oxigênio) neste momento de crise e, ainda, de taxas adicionais de empresas de fornecimento de energia elétrica pelo aumento do consumo na pandemia.

Em Pernambuco, o ‘kit intubação’, como é chamado o conjunto que comporta até 12 medicamentos essenciais aos pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), estará em estoque pelos próximos 30 a 120 dias, dependendo da medicação, segundo o secretário estadual de Saúde, André Longo. A informação foi comunicada durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (18), ao lado dos secretários de Planejamento e Gestão, Alexandre Rebêlo e do Secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua.

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O conjunto medicamentoso é utilizado nos pacientes que precisam ou podem precisar da intubação orotraqueal, ou que precisarão passar um tempo em ventilação mecânica, sob uso de respirador. Segundo o secretário, existe uma expectativa de que os novos kits cheguem antes do tempo estimado para o esgotamento, mas ressalta que a indústria nacional já comunicou ao Ministério da Saúde que há dificuldade para acompanhar a demanda, assim como o estado também enfrenta dificuldades de compra.

“Nunca tivemos tantos doentes intubados e em ventilação mecânica ao mesmo tempo no Brasil. É um problema nacional, que precisa de coordenação nacional do ministério. Esperamos que o novo ministro dê a isso atenção. O Ministério da Saúde precisa fazer novas compras para garantir esses estoques, do ponto de vista nacional”, esclareceu Longo.

O chefe da pasta também comentou a situação das vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Pernambuco tem 2.413 leitos dedicados à SARG, dos quais 1.324 são de UTI. Apesar do estado apresentar um dos melhores desempenhos na abertura de leitos, a demanda não consegue ser abarcada. Até esta quinta-feira (18), havia 196 solicitações ativas de UTI, e o número chegou às 300 solicitações de internamento nos últimos dias.

Ainda segundo o secretário, a capacidade de internação tem ficado na faixa dos 240 leitos. Nos últimos 18 dias, 302 novos leitos foram abertos em Pernambuco, mas a taxa de ocupação ainda beira os 96%. Longo diz que, como medida estratégica, as equipes estão ‘girando leitos’ e estabelecendo prioridade pelo tipo de ocorrência respiratória.

“As pessoas são elencadas pela gravidade. Os que estão em condição mais grave normalmente estão sob uso de ventila mecânica, numa sala vermelha ou em UPAS. Estão assistidos e monitorados, mas num ambiente que não é de UTI. Às vezes eles são tão graves que não tem condições de transporte. Quanto maior a demanda, maior a dificuldade de encaixá-las”, explicou.

Emergência Pediátrica

André Longo comentou a crescente na busca por vagas em emergências pediátricas, e apesar de confessar dificuldade em fechar equipes para atendimentos a este público, frisou que os casos nem sempre são de Covid-19.

“Há dificuldade de abrir leitos de UTI pediátrica. Mais ainda no interior do estado. Estamos precisando de profissionais que possam assumir esses postos de trabalho no interior. Desde novembro do ano passado tínhamos a autorização de dez leitos da maternidade Brites de Albuquerque e não tínhamos como formar equipes. Conseguimos essa semana mais dez no IMIP. Tínhamos a expectativa de nos próximos 30 dias abrir a primeira UTI neonatal no Sertão do Araripe”, esclareceu.

Sobre a variedade de doenças que circulam nesse período, o especialista explicou ainda que, entre a segunda quinzena de fevereiro e os meses de abril e maio, é comum que Pernambuco tenha outros vírus circulando, e ainda ressaltou que essas outras doenças tem maior potencial de acometimento em crianças do que a Covid.

Vacinas

Perguntado sobre a compra de vacinas Sputnik, André Longo confirmou a transação com o Fundo Soberano Russo, através do Consórcio do Nordeste, para o total de 37 milhões de vacinas. Segundo ele, o objetivo é acelerar a vacinação em todo o território brasileiro, já que estas vacinas, a priori, não seriam distribuídas apenas no Nordeste e manteriam a ordem prioritária. A expectativa é que as doses cheguem entre abril e julho.

“O que os governadores do Nordeste trataram com o Ministério da Saúde é que as doses adquiridas pelos estados ficariam, a princípio, à disposição do Programa Nacional de Imunização. A expectativa é que o Governo Federal possa ressarcir os estados por esta compra. Se o Governo Federal não exercer o poder de compra após a aquisição dos estados, aí sim, proporcionalmente, cada estado vai poder usar as vacinas. Foi acertado com Pazuello e espera-se que continue com Queiroga”, completou.

Nova variante

Por último, comentou brevemente a nova variante da Sars-Cov-2 no estado e a possibilidade de um aumento no período de quarentena. O mapeamento da nova cepa segue em andamento e ainda não é possível confirmar a gravidade, mas estima-se que ela tenha um período maior de evolução e também que seja mais grave.

O secretário de Saúde de Pernambuco pede o apoio da população durante os 11 dias de quarentena, iniciados na manhã desta quinta-feira (18), dizendo para que os pernambucanos sejam “conscientes e menos egoístas” e que o Brasil está dando exemplo de que não consegue conviver. O vírus mata. Se negar o vírus, tem grandes chances de contrair a doença, adoecer e morrer”.

 

A Operação Quarentena foi iniciada nesta quinta (18) e vai até o dia 28 de março, podendo se estender, sob necessidade, segundo Antônio de Pádua. A ação deve executar medidas mais rígidas e tentar diminuir o número de pessoas transitando, e conta com cinco mil policiais nas ruas do estado. Ainda segundo o responsável pela pasta, é possível denunciar irregularidades através do 190 ou do e-mail ouvidoria@ouvidoria.pe.gov.br.

 

 

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