Tópicos | Lavagem do Bonfim

A festa mais tradicional da Bahia começou nesta quinta-feira (4). Baianos e turistas se reúnem, desde então, para celebrar o sagrado e o profano. Para alguns baianos o ano só começa após a primeira e maior celebração religiosa do Estado que iniciará com uma novena em homenagem ao Senhor do Bonfim, na Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim, no Largo do Bonfim, em Salvador.

Um palco será montado em frente à igreja e quem dará início às homenagens será o Coletivo Rumpilezinho, sob regência do Maestro Letieres Leite. Na primeira sexta-feira do ano, as missas se iniciaram a partir das 5 horas da manhã; a novena será às 19 horas e se estende até dia 10. A Lavagem do Adro da Basílica Santuário do Senhor do Bonfim será no dia 11 (próxima quinta-feira), com saída às 9 horas da Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio.

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O cortejo segue a pé até o alto do Bonfim onde as baianas usam vassouras e água de cheiro para lavar as escadarias da Igreja do Bonfim. No dia 12, a novena retoma seu horário normal, às 19 horas. O tema da Novena é a “Origem, identidade e missão do amado Jesus, Senhor do Bonfim” e o lema “Quem dizes os homens ser o Filho do Homem (Mt 16,13)” e os temas serão desdobrados em cada noite de festejo. Dom Murilo Krieger, arcebispo primaz do Brasil, celebrará a missa solene no último e maior dia de festa.

Um dia antes da realização, a Festa do Senhor do Bonfim, conhecida como Lavagem do Bonfim, recebeu nesta quarta-feira (15), o título de Patrimônio Imaterial Nacional. O cortejo multirreligioso na Cidade Baixa de Salvador é feito desde 1773.

"O reconhecimento traz para o Estado a obrigação de garantir a manutenção do evento", diz a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado.

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Em ano eleitoral, evento com potencial para atrair 1 milhão de pessoas, como a Lavagem do Bonfim, em Salvador, é artigo de luxo para postulantes a cargos públicos. Em especial se, na ocasião, os políticos têm a oportunidade de conversar com os potenciais eleitores e colher deles impressões sobre sua própria imagem. "A Lavagem do Bonfim é um banho de povo, uma oportunidade para (os políticos) testarem sua popularidade", diz o historiador Ubiratan Castro de Araújo, membro da Academia Baiana de Letras.

No cortejo de oito quilômetros entre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Basílica de Senhor do Bonfim, hoje em Salvador, as agremiações políticas desfilam em blocos, como os de carnaval, entre a multidão que se aglomera nas ruas da Cidade Baixa.

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Grosso modo, os blocos dividem-se, ao longo do trajeto, de acordo com a afinidade política. Tradicionalmente, abre o cortejo, logo após a ala das baianas - com suas 300 integrantes -, o bloco do partido do governador, seguido pelos blocos das legendas da base aliada. Mais atrás, aparece o bloco do partido do prefeito, com seus apoiadores, e depois, os demais blocos partidários, de oposição.

Este ano, porém, o prefeito João Henrique Carneiro (PP), optou por não participar da festa. Mal avaliado pela população, preferiu não interromper as férias nos Estados Unidos. O vice-prefeito, Edvaldo Brito (PTB), o representou, mas integrou a comitiva do governador Jaques Wagner (PT).

O bloco governista, aliás, estava concorrido. Praticamente todos os secretários de Wagner, pertencentes ou não ao PT, e deputados federais e estaduais e lideranças petistas acompanhavam o grupo, seguido por centenas de pessoas. Entre os mais animados estavam o pré-candidato do partido à prefeitura de Salvador, Nelson Pelegrino, e os dois mais cotados para a sucessão de Wagner: o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o deputado Rui Costa, recém-empossado secretário da Casa Civil do governo baiano. O bloco do PP, aliado dos petistas no governo do Estado, partiu logo depois, com o secretário da Casa Civil - e pré-candidato à sucessão de João Henrique -, João Leão, à frente. Os pepistas foram embalados por uma banda de sopro por todo o trajeto.

Um pouco atrás, os três maiores partidos de oposição do governo da Bahia, DEM, PMDB e PSDB, que tentam articular uma candidatura única ao Palácio Thomé de Souza, iniciaram o cortejo juntos, mas mostraram que ainda não chegaram a uma sintonia no discurso. Dos nomes apontados pelas legendas para a disputa eleitoral, apenas um, o deputado ACM Neto (DEM), compareceu ao evento. O radialista Mário Kertész (PMDB) e o deputado Antonio Imbassahy (PSDB) faltaram. "Mário vai desfilar no ano que vem, como prefeito", disse o cacique peemedebista na Bahia, Geddel Vieira Lima. ACM Neto negou que haja um consenso para que Kertész seja o candidato das oposições e descartou abrir mão da candidatura. "Vamos definir o candidato em março", afirmou.

"Em todo ano eleitoral, o clima (do evento) esquenta um pouquinho", observa o governador. "O bom é saber que estamos todos sob o guarda-chuva do Senhor do Bonfim."

Um milhão de baianos e turistas cumpriram um ritual de 258 anos, a Lavagem do Bonfim, para agradecer e fazer pedidos ao Senhor do Bonfim - sincretizado, no candomblé, com Oxalá -, na manhã de hoje, segunda quinta-feira do ano, em Salvador. A celebração começou na frente da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, às 8 horas, com um cerimônia interreligiosa ecumênico na qual representantes de várias religiões reuniram-se para pedir paz.

O cortejo até a Basílica de Senhor do Bonfim teve início em seguida, por volta das 9 horas. Liderados por um grupo de cerca de 300 baianas tipicamente trajadas e portando potes de água de cheiro para a lavagem das escadarias da igreja, autoridades políticas, grupos artísticos, afoxés, blocos afro, representantes sindicais e indígenas e muitas famílias percorreram, sob sol forte, os oito quilômetros que separam as duas igrejas.

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Integrantes da escola de samba carioca Portela, que este ano homenageia a Bahia em seu desfile no carnaval, também participaram do evento. Levados pelos tambores do Olodum, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Jéferson Souza e Jeane Martine, e duas passistas deram um toque diferente ao cortejo.

Era por volta das 11h30 quando as baianas chegaram ao topo da Colina Sagrada, onde fica a basílica, e deram início à lavagem das escadarias. Ali, milhares de fiéis aproveitaram para amarrar as famosas fitinhas no gradil que cerca a igreja, renovando a fé no Senhor do Bonfim.

"No ano passado, pedi pela recuperação da minha filha, que nasceu com um problema cardíaco e corria risco de morrer", conta a comerciante Maria Lydia Pessoa, de 33 anos, que levou a pequena Maria Clara, de 2, para o cortejo. "Vim agradecer a recuperação dela e pedir mais proteção."

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