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Uma grande multidão acompanhou nesta terça-feira (9) a procissão anual do "Nazareno Negro" pelas ruas de Manila, nas Filipinas, em uma das manifestações mais importantes da fé católica, na qual os fiéis tentam tocar a estátua a que atribuem poderes milagrosos.

Homens, mulheres e crianças sobem uns em cima dos outros para alcançar a estátua do Cristo de dimensões humanas, que carrega uma grande cruz negra sobre os ombros, convencidos de que esta pode curar doenças e trazer boa sorte.

A estátua, exibida sobre uma carruagem puxada pelos fiéis com grandes cordas, abandonou durante um dia a basílica do Nazareno Negro em uma lenta procissão de cerca de 20 horas pelas ruas da cidade velha de Manila.

Uma enorme multidão lotou as ruas para a passagem da procissão, gritando "Viva!", enquanto as pessoas tentavam tocar a estátua com um pano branco, convencidas de que absorveriam seus poderes milagrosos.

"É realmente difícil tocar o Nazareno. Me esmagaram, pisaram no meu rosto, mas eu conservo a minha fé", explica à AFP Honey Pescante, dona de casa de 24 anos da província Bataan, ao oeste da capital deste arquipélago, onde 80% da população é católica.

A estátua é chamada de Nazareno Negro devido à sua cor escura provocada, segundo a lenda, pelo incêndio de um navio que a trouxe do México em 1606.

- Dois mortos em 2016 -

Mais de 700 pessoas ficaram feridas na procissão nesta terça-feira pelos empurrões em torno da estátua, segundo a Cruz Vermelha, que indicou que um homem sofreu uma lesão na coluna vertebral ao cair quando tentava subir à carruagem do Nazareno Negro. Em 2016, duas pessoas morreram nesta procissão.

Este balanço com frequência é recordado pelos que denunciam o fato de que esta procissão se assemelha demais à idolatria.

Os responsáveis da Igreja e alguns sociólogos alegam que este acontecimento é visto como um desafio pelos fiéis.

"O catolicismo filipino defende a ideia de que o Espírito santo pode ser sentido através do corpo" e do sofrimento, explica à AFP Maria Yohana Frias, pesquisadora de etnologia no Museu nacional das Filipinas.

"Para alguns, participar descalço na procissão é também uma maneira de provar sua fé", acrescenta.

A crença nas virtudes milagrosas da estátua foi reforçada também, ao longo dos séculos, pelo fato de que esta sobreviveu a um grande número de incêndios e terremotos, e ao bombardeio de Manila em 1945.

"Os filipinos que vêm a Quiapo têm o sentimento de estar perto do Senhor, de que o Senhor os toca, os acompanha em suas vidas difíceis", explica o padre Marvin Cruz, vigário da paróquia de Quiapo, um bairro da capital filipina.

Em uma calçada, Julio Castillo, de 61 anos, seguia a procissão nesta terça-feira, sentado em sua cadeira de rodas, após uma dupla fratura dos pés em um acidente de moto.

"Venho aqui porque sou um homem de fé", diz. "Espero que minha família conserve a saúde, que tenha prosperidade, que nunca estejamos doentes e que eu me cure".

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