Tópicos | Luiz Carlos Trabuco Cappi

A 4.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região determinou, na terça-feira (13), o arquivamento de ação penal, no âmbito da Operação Zelotes, contra o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Ele era acusado de envolvimento em esquemas de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Financeiros, o Carf.

O presidente do banco era réu, ao lado de outros nove executivos, acusado de negociar com um grupo que comprava decisões no Carf, espécie de tribunal que avalia débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal. As investigações da Polícia Federal mostraram que um grupo investigado por corromper integrantes do Carf conversou com executivos do banco a respeito de um "contrato" para anular um débito de R$ 3 bilhões com a Receita. Na época do anúncio do suposto envolvimento do banco, o Bradesco negou as conversas entre executivos da instituição e também a contratação da empresa investigada na Zelotes.

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"A Turma, à unanimidade, concedeu a ordem de habeas corpus para determinar o trancamento (arquivamento) da ação penal (...) em curso na 10.ª Vara Federal/DF, em relação ao paciente Luiz Carlos Trabuco Cappi, por falta de justa causa, nos termos do voto do relator. Prosseguindo a ação em relação aos demais acusados", diz o processo. Significa, na prática, que Trabuco não pode ser mais incriminado no processo.

Com a notícia, as ações do banco fecharam ontem em alta de quase 4%. No entanto, no acumulado de um mês, ainda contabilizam perdas de 15,13%.

A Zelotes investiga advogados lobistas e agentes públicos que teriam agido em favor de empresas no Carf e na Receita. No caso do inquérito do Bradesco, a PF diz ter detectado reuniões dos lobistas com executivos do banco. A PF afirma que, antes de um desses encontros, na sede do banco, Trabuco teria aparecido para cumprimentar os lobistas.

Grampo

Um grampo telefônico flagrou conversa em que o advogado Mario Pagnozzi Junior, apontado como lobista, conta a Eduardo Cerqueira Leite, ex-chefe da delegacia da Receita em São Paulo, que o presidente do Bradesco agradeceu pelo "empenho em ajudar" o banco. "Mario disse que em princípio ficou um pouco confuso, mas de uma coisa ele tinha certeza: de que os vice-presidentes que estariam negociando com o grupo do Mario Pagnozzi estariam reportando todas as tratativas para o presidente Trabuco", afirma a PF no documento.

Além de Trabuco, foram denunciados três altos funcionários do Bradesco: Mario da Silveira Teixeira Junior, ex-integrante do Conselho de Administração; Domingos de Abreu, diretor vice-presidente; e o diretor-gerente de relações com investidores, Luiz Carlos Angelotti - os dois últimos são citados como os responsáveis pela negociação.

A investigação não encontrou provas de contatos diretos do presidente do banco com os acusados de integrar a organização criminosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O conselho de administração do Bradesco propôs, em reunião realizada na segunda-feira, 5, a elevação do limite de idade para o exercício do cargo de diretor presidente de menos de 65 para menos de 67 anos. Com isso, Luiz Carlos Trabuco Cappi, que completa em outubro próximo 65 anos, terá mais dois anos para ficar no comando do banco.

O substituto de Trabuco seria eleito na próxima Assembleia Geral Ordinária de acionistas, que ocorre tradicionalmente em março de cada ano. Com a ampliação da idade limite, o Bradesco adota decisão já tomada pelo seu concorrente, o Itaú, que também postergou a idade limite para a saída de Roberto Setubal da presidência.

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"A decisão possibilitará ao Bradesco o aproveitamento da experiência profissional e vivência administrativa adquirida na função de diretor-presidente, especialmente neste momento de integração das operações do HSBC, em que se vislumbram importantes ganhos de sinergia", destaca o Bradesco, em comunicado assinado por Luiz Carlos Angelotti, diretor-gerente e de relações com investidores da instituição.

Segundo o Banco, a elevação da idade limite altera parágrafo único do artigo 18 do seu estatuto social. O tema será submetidos à deliberação dos acionistas em assembleia marcada para 7 de outubro.

A especulação em torno do substituto de Trabuco aumentou após os desdobramentos da Operação Zelotes, que apura suposto esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou, em julho, denúncia do Ministério Público Federal contra Trabuco e outros executivos da instituição. O Bradesco negou, na época, envolvimento no esquema que compraria decisões no Carf, espécie de tribunal que avalia débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal.

Antes disso, no entanto, o acidente que vitimou Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros e vice-presidente do Bradesco, cotado para substituir Trabuco, já havia levantado dúvidas quanto ao futuro presidente do banco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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