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Pelo direito da igualdade dos gêneros e pela libertação da mulher, a Marcha das Vadias foi às ruas do Recife na tarde deste sábado (27). A concentração do evento teve início por volta das 13h na Praça do Derby, área central da cidade, e contou com confecção de cartazes, pintura no corpo, performances, e leitura de poemas.
##RECOMENDA##Chegando ao sétimo ano de realização na capital pernambucana, em 2017, a Marcha trouxe como mote "Feminismo é Revolução", a luta contra o feminicídio, o racismo e a retirada de direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores no governo de Michel Temer. No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Rafaela Amorim, do coletivo Marcha das Vadias Recife, diz que as bandeiras escolhidas pelo movimento neste ano foram pautadas pelas demandas do feminismo. "Trazer a marcha e o diálogo para a rua é super importante porque traz o discurso para outras pessoas que muitas vezes não têm acesso", explicou.
Enquanto pinta o seu corpo com tintas vermelhas, Gabriela Mesquita diz que a pintura é uma forma de discurso. “Eu posso marcar no meu corpo, que é sempre tocado sem a minha autorização e sexualizado, aquilo que dói nele. É uma forma de dizer que eu não preciso falar porque tá escrito nele a dor que eu sinto diariamente”, disse a feminista.
Para ela, feminismo é libertação e a Marcha das Vadias vem trazer essa mensagem às ruas. “Hoje eu marcho por mim, pela minha mãe, pela minha família e por todas as mulheres que estão aqui e sofrem pelas consequências do patriarcado e do machismo que oprime e mata todos os dias”, lamentou Gabriela.
Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%, passando de 1.864 para 2.875. Na mesma década, foi registrado um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade branca e negra.
Apesar da pouca estrutura pra viabilizar o evento no Recife neste ano e mesmo sem energia elétrica, um som improvisado tocava “A Carne”, da cantora Elza Soares. No refrão “a carne mais barata do mercado é a carne negra”, a artista Perlla Rannielly realiza uma performance que remete à escravidão e ao racismo no Brasil ainda vigente no Brasil.
Enquanto assiste à apresentação, a mãe Priscila Mendonça conta que é seu segundo ano participando da Marcha, mas em 2017decidiu trazer a pequena Júlia, de dois anos. “A gente tenta fazer isso em casa nas coisas básicas do dia a dia. Hoje, eu resolvi trazer ela para se ambientar a o movimento, já que antes dela nascer eu não me interessava pelo feminismo e foi justamente por ela que mudei meu s conceitos e estou aqui”, afirmou Priscila.
Milhares de mulheres saíram da Praça do Derby, atravessaram a Avenida Agamenon Magalhães e seguiram pela Avenida Conde da Boa Vista. Além das faixas, cartazes e corpos pintados, os participantes cantam, entoam rimas com músicas autorais ou paródias e tocam tambores de maracatu. A caminhada seguiu em clima de tranquilidade. Equipes da Polícia Militar e da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano acompanharam o protesto.