Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), arritmias cardíacas, infartos, problemas neurológicos ou estresse são fatores que podem levar um indivíduo à morte súbita. No último sábado (8), Edvânia Florindo de Assis, candidata do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), faleceu devido a um infarto, segundo familiares. De acordo com testemunhas, a candidata desmaiou depois de correr para não perder a prova. A estudante foi socorrida pela enfermeira da escola e pela equipe do Samu, mas não resistiu. Segundo especialistas, o infarto agudo no miocárdio, um músculo cardíaco, é a maior causa mortis do gênero em pessoas jovens.
Segundo o cardiologista Luiz Carlos Santos, a chamada morte súbita também pode ser resultado de algumas doenças cardiovasculares ou cerebrais não diagnosticadas. “Algumas pessoas têm aneurismas cerebrais congênitos, ou seja, que nascem com o indivíduo. Apesar de serem raros, os casos são graves, têm forte fator de hereditariedade e podem ser a causa da morte súbita em jovens”, explica o médico. O cardiologista também informa que doenças como a hipertensão ou síndromes pouco conhecidas podem contribuir para a piora no quadro do indivíduo em casos de morte súbita.
##RECOMENDA##Ainda segundo o médico, até mesmo atletas e praticantes de atividades físicas podem ter problemas cardiovasculares e desencadear um problema de morte súbita. No caso de pessoas ativas e jovens, o problema é raro, mas ainda assim, merece atenção. “Como a atividade física aumenta níveis de adrenalina e de outras substâncias no sangue, indivíduos com deformações cardíacas podem ser prejudicados. Doenças como a miocardiopatia hipetrófica e a Síndrome de Wolff-Parkinson-White são pouco conhecidas e assintomáticas, mas são causadoras de arritmias ou obstrução de saída do sangue do coração”, afirma o cardiologista. “O ideal é procurar um especialista antes de qualquer atividade física ou até mesmo para um check up simples”, recomenda Luiz Carlos.
Mesmo na ausência de doenças cardíacas, o estresse também pode ser uma causa da morte súbita. No caso de Edvânia, candidata ao Enem que não resistiu ao “mal súbito”, os fatores externos podem ter agravado seu quadro de saúde. “Não dá pra saber se a candidata tinha algum problema cardíaco, mas, sem dúvida, o estresse contribui para uma disfunção cardíaca”, afirma Luiz Carlos Santos. Segundo o tio da candidata, Elias Ferreira, a moça teria entrado em um ônibus cheio para chegar ao local de prova e errou o prédio em que faria o exame, o que pode tê-la deixado nervosa.
Primeiros socorros, assistência médica e prevenção
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o socorro médico no caso de Edvânia chegou oito minutos após o registro da ocorrência. De acordo com informações de testemunhas, uma enfermeira do colégio em que Edvânia faria o exame prestou os primeiros socorros assim que a estudante desmaiou. Para o cardiologista Luiz Carlos Santos, apesar de a assistência médica ter demorado pouco para chegar, casos como o da estudante precisam de assistência num período de três a cinco minutos. “Caso o socorro médico ultrapasse esse tempo, as perspectivas de reanimação do paciente tornam-se ainda mais difíceis”, explica o médico.
De acordo com determinações de 2013 do Conselho Federal de Medicina (CFM), qualquer entidade organizadora de eventos artísticos, sociais, competições e/ou treinamentos desportivos, que necessite garantir assistência médica dentre seus dispositivos de segurança, deve ter serviço médico próprio ou terceirizado sejam elas nacionais, regionais ou locais. Ainda segundo a resolução, locais de grande aglomeração de público, como estádios de futebol, precisam ter desde materiais para prestação de primeiros socorros até salas para procedimentos médicos e de enfermagem. A resolução completa pode ser acessada no site do CFM.
Caso não haja um profissional qualificado para atender o paciente, a orientação do cardiologista é desobstruir as vias aéreas, fazer respiração boca a boca e, em seguida, fazer massagens no tórax numa superfície rígida. “O ideal é que todos os locais tivessem uma equipe treinada para fazer reanimações cardiovasculares. Dessa forma, haveria chances de reverter o quadro do paciente antes de o Samu chegar. Cerca de 30% dos casos de infarto não conseguem ser levados em tempo hábil ao hospital”, lamenta o médico.