Os desafios da educação no Brasil hoje não são apenas uma questão de financiamento, mas de como articular recursos e gestão, avalia a presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e da Fundação Tide Setubal, Maria Alice Setúbal. Ela participa do Fórum Estadão Brasil Competitivo sobre Educação, realizado pela Agência Estado em parceria com o Estadão e com patrocínio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Maria Alice apontou ainda que há questões "gravíssimas" em termos de desigualdades educacionais, a despeito do "salto enorme" que o Brasil deu em relação à desigualdade social. "Se não enfrentarmos essas questões, não vamos conseguir dar salto de qualidade que estamos almejando com as diferentes políticas que estão sendo implementadas", disse. Ela mencionou que há ainda 3,5 milhões de alunos fora de escola, contando a educação infantil.
##RECOMENDA##Maria Alice sustentou ainda que é fundamental atrair a população para a carreira de professor, com elaboração de "plano de carreira, salários e formação de qualidade". "É preciso também pensar em como a escola vai responder aos desafios colocados pela sociedade", defendeu Maria Alice.
Segundo ela, o Ideb não pode ser a única medida para análise da qualidade da educação básica. O próprio índice, contudo, mostra que há piores resultados nas periferias de grandes cidades e municípios pobres do Norte e Nordeste, locais "que acumulam uma série de precariedades".
"Há territórios de alta vulnerabilidade social onde se concentram graves problemas em termos de educação", completou. Ela afirmou que há ação do Ministério da Educação para "assumir a função redistributiva e supletiva" da educação, mas é necessário fazer de forma mais eficiente.