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Na última quinta (25), policiais Civis da 8ª Delegacia de Atendimento à Mulher de Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, prenderam dois suspeitos investigados pelos crimes de estupro de vulnerável contra uma adolescente, maus tratos, exercício irregular da medicina, estelionato e associação criminosa. A vítima sofria de problemas psiquiátricos relacionados ao uso de drogas, tendo sido internada na clínica irregular em que a dupla atuava. Ainda segue foragido um terceiro investigado, que era o gerente da clínica também com mandado de prisão.

De acordo com a delegada Maria de Lourdes Ferreira de Andrade, da 8ª DEAM - Goiana, ninguém no instituto tinha formação na área de saúde, inclusive o dono, um dos presos, e o funcionário que praticou o estupro, também detido. “Esta clínica funcionava de forma clandestina, não havia documentou ou alvará. O espaço atendia pessoas com problemas mentais e usuários de drogas, de adolescentes a idosos, muitos deles dormindo no chão e recebendo alimentação inadequada, sofrendo maus tratos. Quando chegamos lá, eles haviam mudado a clínica para outro local, que logo fechou, por conta própria”, explica.

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A 8a DEAM cumpriu ainda três mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e no imóvel onde funcionou o escritório da clínica.  Durante as buscas, Na foram apreendidos vários documentos relacionados aos crimes investigados.

As diligência continuam, no sentido de capturar o terceiro membro da clínica identificado. Os suspeitos já presos foram encaminhados para cadeia pública de Goiana, em prisão temporária, pelo prazo de quinze dias, que poderá ser prorrogado.

Alice* já duvidava da qualidade de seu trabalho e da própria sanidade quando precisou aprender a lidar com os comentários preconceituosos sobre os transtornos de ansiedade e depressão que enfrentava. “Pedi demissão do trabalho por não suportar as crises. Tive que ficar em casa e ouvir de familiares que eu não saia porque era preguiçosa. Isso me deixava muito mal, com ainda mais vontade de chorar”, lembra. Em tratamento há cerca de quatro anos, a jornalista é mais uma pessoa acometida por distúrbios psíquicos que teve seu processo terapêutico atrapalhado pela psicofobia, o preconceito contra vítimas de transtornos psiquiátricos. O comportamento é tão comum que a Associação Brasileira de Psiquiatria dedica o mês de abril à sua campanha de “Enfrentamento à Psicofobia”. 

Para Alice, a cobrança é o pior caminho quando o assunto é lidar com alguém que sofre de distúrbios mentais. “A pessoa que está doente deseja ser compreendida. Acontece uma coisa muito grave: é preciso dizer o que está sentindo para ganhar empatia. Ninguém sabe a dor que outro está passando, então o negócio é ser gentil sempre”, comenta. A jornalista lembra que, embora a escuta dos amigos seja importante, ela não substitui o tratamento médico. “É importante se mostrar presente, mas sem tentar achar uma solução, porque a solução é buscar ajuda profissional”, defende. 

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De acordo com o médico psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL), o ator Chico Anysio é patrono da campanha, por ter sido um grande defensor do combate à psicofobia. Em referência à data do aniversário do artista, doze de abril foi escolhido para ser o dia nacional de enfrentamento ao preconceito contra pessoas acometidas por transtornos mentais. “A psicofobia leva a várias consequências, como a não procura a tratamento psiquiátrico ou a interrupção dele, além de perdas escolares, familiares, de trabalho e até suicídio”, comenta Antônio.

O especialista alerta ainda que a psicofobia não parte apenas de familiares e amigos. “Não temos estudos detalhados sobre quem costuma praticar, mas, devido à falta de auto aceitação, o preconceito pode partir da própria pessoa acometida pelo transtorno”, completa.

"Você sente que ninguém te entende", relata vítima de psicofobia. (Arte/Chico Peixoto)

Desde os 19 anos de idade, Angélica* se submete a tratamento médico para ansiedade e depressão. Dezesseis anos depois, ela segue enfrentando as doenças e os comentários preconceituosos. “Acho que a pior coisa de se ouvir é que a gente não consegue se curar, porque não quer. Você sente que ninguém te entende e fica com medo de falar sobre o que está acontecendo, porque parece que as pessoas não vão te entender, mas recriminar”, lamenta.

Angélica, no entanto, acredita que, com o passar dos anos, a psicofobia vem perdendo força. “É o que posso dizer com a minha vivência. Acredito que depressão e ansiedade estão mais em pauta na internet e nos meios de comunicação. No fim, preconceito é falta de informação”, conclui.

Mais informações sobre a campanha “Enfrentamento à Psicofobia” podem ser obtidas no site da Associação Brasileira de Psiquiatria. Confira, a seguir, o vídeo oficial da ação:

 

*Nome fictício

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