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Um ato nacional pelo fim da violência racista convocado por organizações do movimento negro acontecerá simultaneamente em pelo menos 14 estados brasileiros na próxima quinta-feira (24). A mobilização acontece em um momento em que, entre fim de julho e início de agosto, chacinas policiais mataram ao menos 32 pessoas na Bahia, 18 em São Paulo e 10 no Rio de Janeiro. 

Na noite desta quinta-feira (17), ainda, a Iyalorixá e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico, foi executada a tiros dentro do terreiro, na região metropolitana de Salvador (BA). 

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Definidas em uma plenária online feita no último dia 10 com cerca de 250 organizações, as manifestações de rua serão em 24 de agosto por ser este o dia de morte do ativista abolicionista e advogado Luiz Gama. Os atos inauguram uma jornada de lutas que deve ter atividades mensais até o 20 de novembro, dia da consciência negra.

A articulação inclui o Movimento Negro Unificado (MNU), Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Associação de Mães e Familiares de Presxs (Amparar), Frente Nacional de Mulheres do Funk, Geledés - Instituto da Mulher Negra, Uneafro, Unegro, Conen, Uneafro Brasil, entre outras entidades. Muitas delas fazem parte de frentes mais amplas, como a Convergência Negra e a Coalizão Negra por direitos. 

A jornada reivindica que o Supremo Tribunal Federal (STF), com base no precedente da chamada ADPF das Favelas que foi instituída no auge da pandemia de covid-19, proíba “operações policiais com carater reativo” e “grandes operações invasivas em comunidades sob pretexto do combate ao tráfico”. 

As organizações do movimento negro demandam, ainda, uma Lei Federal que exija câmeras em uniformes de agentes armados (estatais e privados); um plano nacional de indenização e apoio à familiares de vítimas do Estado, a federalização da investigação de chacinas policiais; a desmilitarização das polícias; e o fim da guerra às drogas. 

Execuções sumárias 

“O assassinato brutal de uma líder política, quilombola, mulher negra e iyalorixá mostra a face do Brasil real, violentamente racista, machista, misógino, que persegue lideranças negras e é intolerante com as religiões de matriz africana. Mãe Bernadete passou os últimos anos denunciando o assassinato de seu filho Binho, pelas mesmas motivações”, diz nota da Uneafro Brasil, uma das 250 entidades organizando a jornada.  

“Ela estava sim sob risco e pedia proteção ao estado. Era uma situação amplamente conhecida. Porque não foi atendida? Onde está o Estado em seu papel de garantir a segurança e a vida das pessoas? No próximo dia 24 os movimentos negros tomarão as ruas em todo país contra a violência policial e também levará essa exigência: Quem mandou matar Mãe Bernadete e Binho?”, salienta a Uneafro. 

A Bahia, onde Bernardete Pacífico foi executada e palco de chacinas policiais que mataram 32 pessoas entre 28 de julho e 4 de agosto, é governada atualmente por Jerônimo Rodrigues (PT).

Já em São Paulo, sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Operação Escudo na Baixada Santista é a mais letal operação institucional da polícia desde o Massacre do Carandiru, em 1992. Além das 18 pessoas assassinadas, outras 464 foram presas em três semanas.

“Isso não é política de segurança. Isso é execução sumária. Não temos nem pena de morte no Brasil. Mesmo nos países onde há pena de morte, há julgamento para as pessoas. Se o julgamento é justo ou não, são outras discussões. Mas aqui, a polícia prende, julga e executa como um Deus todo-poderoso sobre a vida da população preta, pobre e periférica”, constata Regina Lúcia dos Santos, do MNU.  “Basta de chacina”, finaliza: “O movimento negro no Brasil não vai se calar”.   

Confira os locais já confirmados com atos na próxima quinta (24): 

São Paulo (SP): 18h, MASP, av. Paulista 

Limeira (SP): 18h, Praça Toledo de Barros, Centro 

Belo Horizonte (MG): 17h30, Praça 7 

Recife (PE): 16h30, Praça UR11, Ibura  

Curitiba (PR): 18h, Praça Santos Andrada 

Rio de Janeiro (RJ: 16h, Candelária  

Aracaju (SE): 15h, Praça Camerino  

Vitória (ES): 17h, Praça do Itararé 

Brasília (DF): 15h, Museu nacional, caminhada até o Ministério da Justiça  

Protestos também estão confirmados nos estados do Acre, Rio Grande do Sul, Pará, Piauí, Maranhão e Bahia. Locais ainda a serão divulgados.

Por Gabriela Moncau, para o Brasil de Fato

Nesta terça-feira (3), a partir das 18h, a sede do Instituto SOS Corpo recebe mais uma edição do Projeto Memória. Desta vez, o encontro vai debater a vida do povo negro, especialmente das mulheres negras, além de homenagear Lélia Gonzalez e seu legado para a luta contra o racismo no Brasil.

A programação inclui exposição, vídeo, lançamento de livro e uma roda de conversa com a ex-ministra Luiza Bairros. Também está confirmada a participação da coordenadora executiva da Redeh, Schuma Schumaher, que coordenou essa nova edição do projeto e é resposável pela exposição Lélia Gonzalez - o feminismo negro no palco da história.

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Histórico - Lélia foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), e seu pensamento contribuiu para a formação de uma consciência crítica em relação às desigualdades duramente vividas e enfrentadas pelas mulheres negras. Lélia atuou também como historiadora, antropóloga e filósofa. 

Confira a programação completa:

Projeto Memória “Lélia Gonzalez: O feminismo negro no palco da história”

- Roda de conversa com Luiza Bairros, socióloga e ex-ministra da Seppir

- Lançamento de documentário e livro fotobiográfico + Exposição

Local: Centro Cultural Feminista do SOS Corpo

Endereço: Rua Real da Torre, 593, Madalena, Recife PE, Telefone: (81) 3087.2086

Com informações da assessoria

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) receberá, no dia 9 deste mês, a cerimônia de abertura do evento “Educação e Cultura do Movimento Negro em Pernambuco: Uma memória que não se apaga”. A ação é uma das atividades de comemoração aos 35 anos do Movimento Negro no Estado.

A programação terá festividades e eventos mensais. Estão previstos seminários, aulas públicas e encontros, até o mês de janeiro do próximo ano, quando as atividades serão encerradas.

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Com realização no Centro de Educação (CE), no Campus Recife da UFPE, a cerimônia iniciará às 14h, a base de atividades culturais. Também será realizada uma mesa redonda com a participação da escritora e militante do Movimento Negro em Pernambuco, Inaldete Pinheiro.

O evento é gratuito e aberto ao público em geral. O Campus Recife da UFPE fica na Avenida Professor Moraes Rego, 1235, no bairro da Cidade Universitária, na Zona Oeste da Cidade. Outras informações podem ser conseguidas pelo e-mail movimentonegrope35anos@gmail.com.

A Terça negra continua sua programação de valorizar à música e cultura negras e já está em ritmo de carnaval. Nesta terça (14), a programação é dominada por grupos da zona norte do Recife. Apresentam-se o Coco dos Pretos, de Chão de Estrelas (Campina do Barreto), o Maracatu de Nação Sol Nascente, do Arruda, o Coco Quebrado, de Água Fria e, encerrando a noite, o Afoxé Obá Nidjé.

A Terça-negra é uma parceria entre o Movimento Negro Unificado - MNU e a prefeitura do Recife e
 acontece às 20h, no Pátio de São Pedro, bairro de São José. A entrada é gratuita.
 
Informações: Almir Gandhi (diretor do MNU) – 3251 8464 / 9153 3550

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