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O Prêmio Nobel de Literatura deste ano, Mo Yan, comparou nesta quinta-feira a censura às averiguações de segurança realizadas nos aeroportos pelo mundo, sugerindo se tratar de um ato desagradável, mas necessário. Os comentários do escritor chinês foram feitos em Estocolmo, onde receberá na próxima semana o Nobel de Literatura.

Mo Yan, primeiro escritor chinês a ser agraciado com o Nobel, disse não acreditar que a censura deva ser usada para impedir a divulgação da verdade, mas pode ser empregada - e às vezes chega a ser necessária - para impedir a disseminação de rumores e de difamações. As informações são da Associated Press.

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O escritor dissidente chinês Liao Yiwu, refugiado na Alemanha, criticou severamente esse sábado (13) a atribuição do prêmio Nobel de literatura ao seu compatriota, Mo Yan, a quem considera um "poeta de Estado".

Mo Yan é "um poeta de Estado" que "se retira ao seu mundo habilitado quando é necessário", disse Liao Yiwu em uma entrevista ao semanário Der Spiegel.

Segundo Liao, seus amigos na China lhe perguntaram, após a atribuição do Nobel na quinta-feira, se o "Ocidente se vê como a prolongação do sistema chinês".

Mo Yan, de 57 anos, conquistou o Nobel de literatura de 2012 com uma obra que descreve com "realismo alucinatório" a agitada história do seu país e seu apego às paisagens da China oriental de sua infância, segundo o comitê Nobel.

O escritor foi criticado por outros colegas chineses por não apoiar os autores dissidentes.

Em 2011, Liao Yiwu recebeu o Prêmio da Paz das livrarias alemãs, uma das recompensas literárias mais importantes do país.

O Prêmio Nobel de Literatura chinês Mo Yan respondeu nesta sexta-feira as críticas de dissidentes que não aceitam sua proximidade das autoridades do país comunista, ao mesmo tempo que declarou que certas concepções em termos de arte do fundador do regime, Mao Tse-Tung, lhe parecem razoáveis".

Ele também defendeu a libertação do vencedor do Nobel da Paz de 2010, o ativista Liu Xiaobo.

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"Acredito que muitos de meus críticos não leram meus livros. Se tivessem lido, perceberiam que foram escritos sob muita pressão e que me expuseram a grandes riscos", disse Mo Yan à imprensa.

"Penso que alguns comentários de Mao Tse-Tung sobre a arte são razoáveis, como por exemplo seus pontos de vista sobre as relações entre a arte e a vida", completou.

Ao mesmo tempo, o escritor afirmou que deseja a libertação do dissidente e Prêmio Nobel da Paz de 2010, Liu Xiaobo.

"Espero que possa obter a liberdade o mais rápido possível", declarou Mo Yan em sua cidade natal, Gaomi (leste da China).

Liu cumpre desde 2009 uma condenação de 11 anos de prisão por "subversão", depois de ter sido um dos redatores de um texto que pedia reformas democráticas na China.

Também nesta sexta-feira, o chefe de propaganda do Partido Comunista da China, Li Changchun, felicitou Mo Yan pelo Nobel de Literatura.

"O Prêmio Nobel concedido a Mo Yan encarna a riqueza da literatura chinesa, assim como o aumento constante da força e da influência internacional da China em geral", declarou Li Changchun, membro do Comitê Permanente do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista.

Na mensagem de felicitação, Li convidou os escritores "a situar o povo no centro de suas preocupações, baseados na realidade, na vida e nas massas".

Em uma entrevista publicada antes do anúncio do prêmio pelo Comitê Nobel em Estocolmo, Mo Yan destacou a necessidade do escritor de abordar temas políticos e sociais, além de exercer o espírito crítico.

"Um escritor faz parte da sociedade e por isto a vida que descreve engloba a política e uma ampla gama de problemas sociais", declarou Mo aos site do jornal Dazhong Ribao, de sua província natal de Shandong.

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