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Decidir qual carreira irá seguir é um desafio para muita gente. Nem sempre aquilo que se escolhe acaba sendo o melhor caminho. Nas faculdades, é comum casos de desistência, ou pessoas que já tentaram várias graduações sem saber o que os deixam realmente felizes. Mas e quando acontece de alguém decidir abrir mão de uma carreira consolidada para se tornar padre? Por mais inusitado que pareça, é comum nos seminários ouvir a história de pessoas que deixaram família, trabalho e estudos, para se dedicar a vida religiosa.
##RECOMENDA##Paulo Dutra tem 32 anos e é formado em direito. Chegou a trabalhar em consultórios de advocacia e na Secretaria de Turismo do Estado como assessor, mas percebeu que, apesar de sempre gostar da área judicial, não se sentia completo. Foi na religião que Paulo se encontrou. “Você enxerga que onde está não é feliz, então eu atendi ao chamado. É uma busca de plenitude, de sentido”, conta. No Seminário de Olinda, no Alto da Sé, onde mora há dois anos, Paulo convive com outros jovens que desejam seguir uma vida arquidiocesana. “Meu caso é o que chamamos de vocação tardia. Aqui tem gente que chega com 12, 13 anos para começar uma preparação. Mas muitos aqui também deixaram a carreira, até noivados, para se dedicar ao sacerdócio”, comenta.
Diferentemente de apenas trocar de profissão, a pessoa que deseja se tornar padre deve iniciar uma nova vida. “A igreja exige uma postura muito diferente. Você sai de casa, deixa a família. É uma decisão muito difícil. Mas não deixamos de manter contato, eu ainda torço pelo meu time, o Sport”, brinca Paulo. Para ele, a família apresentou resistência à escolha de seguir a vida da igreja. “Normalmente as pessoas acham bonito ter alguém na família que se torne padre, mas ela também espera uma descendência. Minha mãe foi contra a minha escolha”, diz.
Paulo também relata que há uma desistência muito grande, apontando que de cada três seminaristas, dois não se tornam padres. “O seminário é um momento de formação intelectual e de discernimento. Muitos desistem quando percebem que não estão no lugar certo”, conta.
Na tradicional Missa dos Santos Óleos, realizada sempre na quinta-feira da paixão, que abre a Semana Santa, Paulo participou do ritual. O momento é uma porta de entrada naquele mundo que pode ser seu futuro. Abdicar do luxo, dos prazeres seculares, para se tornar um padre é uma decisão muito corajosa, que exige muita reflexão. “Eu não sei por que estou aqui, mas eu preciso. Há uma frase de Dom Bosco que resume nosso pensamento. Ele dizia, ‘eu não disse que seria fácil, eu disse que valeria a pena’”, finaliza, antes de entrar para auxiliar o arcebispo em mais um momento litúrgico.