Tópicos | Ocupação Maria Firmina dos Reis

Uma criança de três anos deu entrada em estado grave no Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife, nessa terça (5), após cair do quarto andar de um prédio na Rua do Hospício. O edifício que já foi sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualmente é moradia de mais de 250 famílias da Ocupação Maria Firmina dos Reis.

A criança teria sido deixada sozinha e caiu do apartamento após se desequilibrar. Ela foi socorrida por vizinhos para o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), também na área central, e de lá foi transferida ao HR.

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O menino foi alocado na UTI da unidade com politrauma e passou por cirurgia. De acordo com o hospital, ele segue internado em estado grave e recebe acompanhamento da equipe multiprofissional.

 

 

Famílias da ocupação Maria Firmina dos Reis, no Recife, foram as organizadoras de um protesto, na manhã desta quarta-feira (29), no bairro da Boa Vista. Desde 8 de março deste ano, data que marca o Dia Internacional da Mulher, pessoas em situação de vulnerabilidade social e sem moradia fixa têm intensificado a movimentação de ocupação de imóveis inutilizados na capital pernambucana. O Maria Firmina, que já havia sido ocupado entre 2010 e 2011, fica localizado na rua do Hospício, ao lado do Ginásio Pernambucano, e comporta mais de 250 famílias. 

O prédio pertence ao governo federal e já foi sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no passado. De acordo com Denety Ferreira da Silva, coordenador filiado à União Nacional Por Moradia Popular, o edifício está desocupado há anos e era protegido por segurança privada. O medo da ocupação agora é de que, com a perda do vigor da Campanha Despejo Zero, que se encerra nesta quinta-feira (30), os moradores voltem às ruas. 

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“Ocupamos esse prédio em 2010 e saímos em 2011. De 2011 pra cá, esse prédio não recebeu nenhum benefício, uso ou melhoria. Nós saímos com esse mesmo tipo de ordem, não existia a lei do Despejo Zero, então fizeram a reintegração de posse”, disse o coordenador ao LeiaJá. “Ocupamos novamente pedindo moradia digna, que é um direito a todo cidadão brasileiro. Temos aqui pessoas de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e Natal. Várias famílias que tiramos da rua. Pessoas que vieram tentar a sorte em Recife, que era conhecida como a cidade da oportunidade, e nós não podemos mais dizer isso”, acrescentou. 

Ainda segundo o coordenador, a ocupação não foi procurada nem pela prefeitura do Recife e nem pelo Governo de Pernambuco para dialogar sobre possibilidades de ocupação ou realocação. Os moradores sobrevivem com o apoio de projetos sociais, sobretudo de distribuição de refeições, que se dividem no Centro do Recife para comportar toda a população.  

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Campanha Despejo Zero 

O Projeto de Lei 4253/21, criado com base em dados da campanha Despejo Zero, prorrogou até 30 de junho de 2022 os efeitos da Lei 14.216/21, que proibia até o final do ano passado o despejo ou a desocupação de imóveis urbanos em razão da pandemia de Covid-19. Além disso, o texto em análise na Câmara dos Deputados estende a vedação aos imóveis rurais. 

A autoria do projeto é de Natália Bonavides (PT-RN) e outros 41 parlamentares que acompanharam favoravelmente o texto. Os deputados argumentaram que aquela lei, oriunda de proposta surgida na Câmara, e uma liminar do Supremo Tribunal Federal favoreceram aproximadamente 11,3 mil famílias na pandemia. 

Apesar disso, os autores estimam que mais de 123 mil famílias estão sob o risco de remoção forçada e mais de 23,5 mil foram efetivamente despejadas entre março de 2021 e outubro de 2022. 

A atendente de loja Ilanne Olindina dos Santos Monteiro, de 36 anos, é uma entre as centenas de mães temendo o despejo nesta quinta-feira (30). Ela chegou ao prédio Maria Firmina dos Reis em 11 de março, três dias após o retorno da ocupação, ao passar pela triagem. 

“A gente precisa saber quem vai ocupar, é na triagem que a ocupação sabe quem é quem. Já que a gente vai conviver todos os dias, precisa ser tranquilo. A necessidade foi o ponto crucial para minha mudança [à ocupação], e também a oportunidade de ter uma moradia digna com a minha família. No momento estou desempregada, mas tenho uma função, sou atendente de loja”, compartilhou ao LeiaJá. 

Ela continuou: “Meu marido e eu não conseguimos pagar um aluguel, fazer feira, nem dar o melhor para a nossa filha. A gente às vezes vai vender água, vender pipoca, mas o que a gente quer mesmo é carteira assinada. Nossa fonte de renda atualmente é o Auxílio Brasil, mas no momento não faço parte de nenhum cadastro de habitação”. 

Confira imagens da ocupação: 

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