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A Polícia Federal de Pernambuco, em colaboração com a Controladoria-Geral da União, deflagrou nesta terça-feira (16), duas operações para investigar a contratações de laranjas para a entrega dos produtos que ajudariam no enfrentamento da Covid-19. As operações encontraram um alvo em comum, o empresário Sebastião Figueroa de Siqueira, suposto líder de uma organização criminosa que, há dez anos, adquire contratos de diferentes itens, junto às prefeituras pernambucanas, incluindo a Prefeitura do Recife. 

Operação Antídoto

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A primeira operação exposta pela PF está relacionada à empresa FBS Saúde Brasil, contratada pela Secretaria de Saúde da Prefeitura (Sesau) em caráter emergencial ou seja, por dispensa de licitação. A investigação foi iniciada após uma auditoria realizada pela CGU a respeito da utilização das verbas da Covid-19, que constatou irregularidades no valor dos contratos e na destinação de dinheiro público. “Conseguimos identificar que esta empresa foi favorecida apenas pela Prefeitura do Recife, por 14 dispensas de licitação - até o momento identificadas - que somariam juntas R$ 81 milhões”, disse a delegada Andréia Pinho, à frente das operações.

De acordo com a delegada, a PCR não teria encaminhado todos os contratos solicitados pela CGU e, mesmo com a falta completa de informações, o órgão teria encontrado empresas licitantes de um mesmo conglomerado que, de acordo com a Andreia Pinho, teriam “curiosamente, apresentado o mesmo preço para todos os itens, montagens de processos com colagem de assinaturas nas propostas para justificar a contratação”. Indicativos de superfaturamento com a contratação de objetos de saúde repetidos, que já haviam sido solicitados pela PCR anteriormente também foram encontrados e a PF investiga se houve entrega dos materiais.

PCR negou acesso à totalidade de documentos

Durante a coletiva, o superintendente da CGU regional, Fábio Araújo, afirmou que a busca e apreensão realizada na Prefeitura do Recife ocorreu por uma falta de cooperação da PCR à auditoria. “Do ponto de vista da CGU a gente entende que, quando se trata de Sistema Único de Saúde o gestor tem que estar disposto a repassar para a fiscalização todas as informações necessárias. Falando especificamente da FBS, quando você tem uma empresa de pequeno porte, com capital social de R$ 100 mil registrado, a própria lei diz que ela teria que ter pelo menos 10% daquilo que ela vai fornecer. Mas ela foi contratada para um aporte de R$ 80 milhões. Dificilmente ela vai ter essa condição de fazer esse fornecimento. Foi a primeira tese que a gente levantou”, afirma o superintendente.

“A gente começou a solicitar todos os processos porque essa empresa de um dia para o outro teve uma série de contratações. A Prefeitura [do Recife] em princípio negou - passando apenas algumas informações. Não recebemos todos os processos, inicialmente”, contou Fábio Araújo. Ele reforça que reiterou o pedido para poder ter acesso aos documentos e seguir com a investigação. “Chegamos a conclusão que esta empresa não tinha aporte suficiente para suportar aquela contratação, era muito possível que ela não fornecesse, seria muito estranho um sócio que não tinha condição econômica suportar o volume de contratação e havia um indício de não entrega. A gente vai confirmar isso nesses documentos que foram apreendidos”, diz.

Os crimes investigados na operação Antídoto são de falsidade ideológica, peculato (desvio de dinheiro público) e dispensa indevida de licitação. Ainda não há servidores ligados à PCR sendo investigados, mas a delegada do caso não descarta a possibilidade. “A investigação está apenas começando”, afirmou.

Uma série de irregularidades em licitações de materiais de saúde foi descoberta pela Polícia Federal de Pernambuco, em colaboração com a Controladoria-Geral da União, envolvendo a Prefeitura do Recife. A Operação Antídoto apontou contratações de laranjas para a entrega dos produtos que ajudariam no enfrentamento da Covid-19. Os detalhes do andamento da investigação, que tem ligação com outra operação da PF, foram divulgadas na manhã desta terça-feira (16).

Envolvendo apenas a Prefeitura do Recife, a Operação Antídoto investiga a dispensa indevida de licitação, com contratações diretas emergenciais, realizadas pela Secretaria de Saúde da Prefeitura em favor da empresa FBS Saúde Brasil. A companhia seria comandada por laranja, uma das quais, admitiu ser faxineira do maior suspeito Sebastião Figueirôa Siqueira, que seria o elo entre as duas operações.

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“Chamou atenção da CGU que havia indicativos de se tratar de uma empresa constituída de laranjas. A Sócia inicial assumiu que não tinha a menor condição [de ocupar cargo de importância mo empreendimento] e que cedeu seu nome a pedido de outrem”, disse a Delegada de Combate a Corrupção, Andreia Pinho.

Crimes de falsidade ideológica, peculato (desvio de dinheiro público) e dispensa indevida de licitação são investigados pelo órgão, que está dando cumprimento a seis mandados de busca e apreensão  - incluindo na PCR, que, de acordo com a delegada, não estaria colaborando de forma efetiva com a CGU na divulgação das licitações necessárias para o andamento das investigações. “A CGU solicitou à Prefeitura do Recife, esses contratos de dispensa, mas a prefeitura não encaminhou todos os contratos. Então, está aí um motivo para termos cumprido um mandado de busca, hoje, lá”, declarou.

De acordo com a PF foram constatados indícios de que a empresa foi favorecida com 14 dispensas de licitação superiores a R$ 81 milhões, durante o período de calamidade pública, mas não teria capacidade operacional para fazer frente aos contratos.

Posicionamento da Prefeitura do Recife

Na manhã desta terça-feira, a Prefeitura do Recife emitiu uma nota afirmando que  “todos os processos dessas empresas foram enviados anteriormente por iniciativa da Prefeitura ao Tribunal de Contas, Ministério Público Federal e, por solicitação, à Polícia Civil”. Além disso, o texto também ressalta que “os materiais comprados já foram recebidos e estão em uso nas unidades de saúde da emergência da COVID-19”.

Veja o posicionamento na íntegra:

A Prefeitura do Recife informa que as compras às empresas Saúde Brasil e AJS Comércio e Representações foram realizadas cumprindo todas as exigências da Lei 13.979/2020.

Todos os processos dessas empresas foram enviados anteriormente por iniciativa da Prefeitura ao Tribunal de Contas, Ministério Público Federal e, por solicitação, à Polícia Civil.

Os preços estão de acordo com os praticados no mercado e toda documentação exigida pela lei foi apresentada.

Todos os materiais comprados já foram recebidos e estão em uso nas unidades de saúde da emergência da COVID-19.

O valor total das compras realizadas e recebidas foi de R$ 7,5 milhões da empresa AJS e R$ 15,5 milhões da empresa Saúde Brasil.

A Prefeitura continua à disposição de todos os órgãos de controle para esclarecer o que for necessário e reafirma que todos os processos cumpriram as exigências legais.

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