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O depoimento do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi marcado para segunda-feira, 31. A delegada da Polícia Federal, Renata da Silva Rodrigues, também está programado para o mesmo dia os depoimentos de André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva, supostos operadores financeiros.

"Na data de ontem, foram também cumpridos os mandados de prisão temporária de Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, André Gustavo Vieira da Silva e Aldemir Bendine, os quais serão ouvidos em 31 de julho de 2017, uma vez que imprescindível processamento ao menos parcial do material arrecadado", afirmou a delegada.

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Os três foram presos nesta quinta-feira, 27, na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. Bendine é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht.

Aldemir Bendine presidiu a estatal petrolífera entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016. Antes de assumir o cargo, foi presidente do Banco do Brasil entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015.

A força-tarefa da Lava Jato afirma que Aldemir Bendine pediu propina de R$ 17 milhões à época em que era presidente do BB, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.

Os delatores Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, da Odebrecht, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do banco.

Os procuradores apontam que, após deixar o cargo no banco, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, em 6 de fevereiro de 2015, Bendine e um operador financeiro seu novamente solicitaram propina a Odebrecht e a Fernando Reis.

O pedido teria sido feito para que o grupo empresarial não fosse prejudicado na estatal e também em relação às consequências da Lava Jato.

Os delatores relataram que, em decorrência do novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrolífera, a Odebrecht optou por pagar a propina de R$ 3 milhões.

O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 e 24 de junho e 1.º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas.

Em 2017, um operador financeiro que atuava junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, "mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil", segundo a força-tarefa da Lava Jato.

Os investigadores dizem que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.

"Não foi apresentado nenhum material relativo à alegada consultoria e não foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a ausência de contrato escrito para serviços de valor milionário e o motivo da diminuição do valor de tais serviços, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo próprio operador, de R$ 17 milhões, para R$ 3 milhões", afirma a Procuradoria.

"Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações."

O advogado Ademar Rigueira, que defende os publicitários André Gustavo Vieira e Antônio Carlos Vieira, afirmou nessa quinta-feira (27), que a decretação das prisões pelo juiz federal Sérgio Moro é "precipitada".

A Lava Jato constatou que André Gustavo Vieira, apontado como "operador financeiro" do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, tinha "negócios consolidados" em Portugal. A Operação Cobra encontrou apenas passagem de ida de Bendine para o país. Os investigadores também foram atrás do morador do apartamento da Rua Sampaio Viana, em São Paulo, endereço onde a propina para o ex-presidente da Petrobras teria sido entregue.

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Eles afirmam ter descoberto que o imóvel, no período entre 22 de abril de 2014 e 22 de abril de 2016, esteve alugado para Antônio Carlos Vieira, irmão e sócio de André em diversas empresas, como a Arcos Propaganda Ltda., a MP Marketing, Planejamento Institucional e Sisitema de Informação Ltda. ME e outras.

Rigueira, no entanto, afirmou que André Gustavo Vieira vem se manifestando e contribuindo. De acordo com o advogado, ele comunica a Moro todas as viagens que faz e que a ida a Portugal foi avisada à Justiça. Rigueira disse também que a prisão não "parece necessária" por que o cliente "não se furtou" a colaborar desde o início e se pôs à disposição do Judiciário.

Já Antônio Carlos Vieira não tem nenhuma relação com o caso, disse o advogado. De acordo com Rigueira, ele não é citado em nenhum momento nem pelos delatores da Odebrecht, nem por nenhuma outra pessoa. "Isso, para mim, é uma grande injustiça, uma pessoa presa sem qualquer vinculação com isso", declarou.

Leia a íntegra da declaração da defesa dos irmãos:

"Há uma precipitação em relação ao André. Ele vem, desde que o inquérito se encontra no Supremo, ele vem se manifestando, vem peticionando. A própria competência do juiz Sérgio Moro foi determinada pelo ministro Fachin e dessa decisão nós agravamos. Não há ainda nenhuma manifestação do Supremo sobre a competência.

Há uma dúvida ainda sobre a competência, então, me parece precipitado o juiz ter decretado a prisão temporária antes mesmo do Supremo delimitar qual é o juiz competente para apreciar o feito. Independente disso, ele vem contribuindo, já trouxe a versão dele nos autos, ele vem comunicando ao juiz Sérgio Moro todas as viagens que faz.

Essa viagem (para Portugal, hoje) foi comunicada ao juiz Sérgio Moro desde o início da semana com passagem de ida e volta, local de hospedagem, motivo da viagem. Não nos parece necessária essa prisão. A discussão de indícios de autoria, de prova ou materialidade vão ser auferidas duramente o inquérito, durante o processo.

Não se furtou a colaborar desde o início. Ele se coloca a disposição em completo respeito à decisão. A relação mesmo de mérito foi um negocio feito com a Odebrecht, foi procurado pela Odebrecht, se colocou para resolver um problema, resolveu e cobrou os honorários.

Ele tem uma relação de conhecimento, de amizade com o ex-presidente do Banco do Brasil, foi colocado para ele um problema, ele se prontificou a ajudar, identificou qual era o problema, levou para Odebrecht e o corpo técnico do Banco do Brasil solucionou o impasse.

Já houve auditoria do Banco do Brasil que comprovou que tudo foi feito dentro da legalidade. Ele apenas facilitou os trâmites legais. Ele não é economista, não deu parecer. Mas ele resolveu a identificar o problema e facilitar um diálogo com a Odebrecht e cobrou por isso.

O Antonio não tem nenhuma relação, ele é irmão de André Gustavo. A relação que se fala do apartamento em que foi feito um pagamento, que ele era o locatário de um apartamento em São Paulo que servia a ele e ao irmão André Gustavo, e um pagamento foi feito lá. Não tem nenhuma vinculação. Ele não é citado em nenhum momento se fala no nome dele. Nem os delatores da Odebrecht, nem nenhuma outra pessoa. Isso para mim é uma grande injustiça, uma pessoa presa sem qualquer vinculação com isso."

O juiz federal Sérgio Moro decretou o bloqueio de até R$ 3 milhões do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, seus supostos operadores de propina André Gustavo Vieira da Silva e de Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior e a empresa MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação Ltda. A decisão atende a pedido do Ministério Público Federal.

O montante a ser bloqueado se refere à propina supostamente recebida por Bendine da Odebrecht. Os R$ 3 milhões teriam sido repassados em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em um apartamento em São Paulo, alugado por Antônio Carlos.

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Os pagamentos, segundo a força-tarefa da Lava Jato, ocorreram em 2015, nos dias 17 e 24 de junho e 1º de julho pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da empreiteira que abasteceu centenas de políticos.

O bloqueio será implementado pelo BacenJud, sistema do Banco Central acionado para executar ordens dessa natureza. Moro mandou juntar o comprovante do confisco nos autos da Lava Jato.

A MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação é controlada por André Gustavo Vieira da Silva. Segundo a Lava Jato, a empresa é "de fachada" e "o quadro de empregados da empresa durante toda sua existência foi absolutamente exíguo ou nulo".

"Apesar de sustentar que os R$ 3 milhões pagos em São Paulo são lícitos e se referem à consultoria prestada pela MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação Ltda à Odebrecht, André Gustavo faz questão de registrar que seu irmão Antônio Carlos, alvo da Operação Xepa, 'desconhece os fatos completamente e não possui qualquer responsabilidade no recebimento de tais valores', o que causa estranhamento, pois Antônio Carlos também é sócio da MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação Ltda e seria natural que estivesse a par de um contrato de consultoria com valor tão expressivo", afirma a Lava Jato.

"A empresa MP Marketing de André Gustavo claramente não tem atividade e foi criada apenas para emissão de notas relacionadas a contratos fictícios de recursos de origem criminosa."

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

Por meio de seus advogados, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine - preso nesta quinta-feira, 27, na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato -, pediu ao juiz Sérgio Moro reconsideração da ordem de prisão temporária. A defesa alega que Bendine vai "colaborar com o esclarecimento de qualquer questão".

Os advogados de Bendine - criminalistas Pierpaolo Bottini e Cláudia Vara San Juan Araújo - informaram Moro que no dia 7 de julho entregaram petição à Procuradoria da República em que o ex-presidente da Petrobras abriu espontaneamente seu sigilo bancário e fiscal, disponibilizando as cópias de suas Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física referentes aos anos de 2011 a 2016. Também disponibilizou extratos e demonstrativos bancários dos últimos cinco anos.

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"Não há dúvidas que a liberdade de Bendine nunca colocou em risco a colheita da prova; ao contrário, ele sempre pretendeu prestar os esclarecimentos sobre os fatos e contribuir com as investigações, de forma que sua liberdade não apresenta risco à instrução penal", pondera Pierpaolo Bottini.

A defesa afirma que no comando da estatal petrolífera, Bendine empreendeu "importantes mudanças na governança da Companhia, com a criação de um rígido e sólido programa de compliance, antes inexistente e, ainda, com a realização de sensíveis alterações na forma de tomada de decisões: foram abolidas as deliberações individuais, passando-se a priorizar-se as decisões colegiadas, em camadas e por alçadas, a exemplo do que ocorria no Banco do Brasil durante sua gestão".

A defesa sugere que o suposto rigor de Bendine atingiu inclusive a Odebrecht, cujo ex-presidente é um dos delatores do ex-mandatário da Petrobras.

"Nota-se que a política de Bendine à frente da estatal pautou-se pela rigidez, em especial em relação ao Grupo Odebrecht."

Os advogados entregaram a Moro cópia da passagem de volta de Bendine de Portugal.

O Ministério Público Federal alegou que, por meio da quebra de sigilo de e-mails do alvo principal da Operação Cobra, descobriu-se que ele havia comprado passagem só de ida a Lisboa, marcada para esta sexta-feira, 28. O bilhete entregue pela defesa mostra que ele pretendia retornar ao Brasil no dia 18 de agosto.

"Sua (de Bendine) liberdade em nada compromete as investigações ou a colheita da prova do inquérito policial", sustentam Pierpaolo Bottini e Cláudia Vara San Juan Araújo. "Ele prestará seu depoimento e esclarecerá à autoridade policial tudo quanto for perguntado."

Na varanda fechada de uma residência do Lago Sul, em Brasília, o então presidente da Petrobras Aldemir Bendine reuniu-se com o empreiteiro Marcelo Odebrecht. O motivo do encontro foi a propina de R$ 3 milhões exigida por Bendine, segundo os investigadores da Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato.

Bendine foi preso nesta quinta-feira, 27, em Sorocaba, interior de São Paulo, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. No pedido de prisão do ex-presidente da estatal petrolífera, o Ministério Público Federal fez uma minuciosa reconstituição dos passos de Bendine para corroborar a delação premiada de Odebrecht.

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Bendine havia exigido, inicialmente, R$ 17 milhões. Nessa ocasião, junho de 2014, ele ainda ocupava a presidência do Banco do Brasil.

Seis meses depois, em dezembro de 2014 - Lava Jato a todo vapor - Odebrecht recusou-se a pagar o montante, equivalente a 1% do montante previsto em três processos de crédito que as empresas do grupo tinham junto ao banco - R$ 600 milhões para o Estaleiro Enseada Paraguaçu, € 150 milhões para financiar a aquisição da EGF (processo de privatização em Portugal) e R$ 2,9 bilhões de crédito para a Odebrecht Agro Industrial.

Em fevereiro de 2015, na véspera de assumir o comando da Petrobras com a missão de estancar a corrupção na estatal e a ela dar um novo modelo de governança, Bendine voltou à carga e exigiu R$ 3 milhões.

O ponto de partida da força-tarefa da Lava Jato para cercar o ex-presidente da Petrobras foram as delações de Odebrecht e de outro executivo do grupo, Fernando Reis.

Com base nas revelações dos delatores, os investigadores correram atrás das provas. Uma delas é o endereço em Brasília, na SHIS QI 3, conjunto 10, Casa 2, Lago Sul. O imóvel pertence ao publicitário André Gustavo Vieira, apontado como operador de Bendine.

Os investigadores descobriram que nesta casa Bendine se reuniu com Odebrecht para ajustar a forma de repasse da propina - paga em três parcelas de R$ 1 milhão cada, entre junho e julho daquele ano.

A referência à casa foi encontrada entre os prints efetuados pelo próprio Bendine em diálogos mantidos com André no aplicativo Wickr. Uma mensagem se refere ao endereço do operador, "justamente o local de encontro na noite do dia 18 de maio de 2015".

Em seu depoimento, Odebrecht relatou que na residência de André "a conversa com Aldemir Bendine ocorreu em uma varanda fechada".

Os investigadores fizeram pesquisa no sistema Google Maps e confirmaram que "no endereço de André Gustavo há, de fato, uma varanda fechada, circunstância que corrobora os dizeres de Marcelo Odebrecht".

Na reunião na casa de André, além de Bendine e do empreiteiro, estava o executivo da Odebrecht, Fernando Reis.

"Acertou-se o pagamento de propina para o presidente da Petrobras no importe de R$ 3 milhões", afirma o Ministério Público Federal.

Em seu relato, Odebrecht disse que se curvou ao fato de Bendine ter chegado à Petrobras por indicação direta da então presidente Dilma Rousseff.

O relato do empreiteiro:

"E foi isso que aconteceu, ele chegou, basicamente a conversa, a gente sentou, era tipo uma varanda fechada da casa do André, e a gente basicamente conversou sobre as dificuldades que estava levando a Lava Jato, a questão dos bloqueios, a questão de tudo, a questão dos financiamentos, ele se colocando sempre como a pessoa que, uma das pessoas que o governo tinha escolhido interagir com as empresas para resolver esses problemas, e ai veio, como a gente tinha esse negócio para a pessoa não falar especificamente de senha, claramente, apesar de a pessoa não falar, 'olha, eu tô pedindo a vocês 1% por conta do empréstimo', ele claramente disse aquilo que o André disse que ele ia falar e que estaria mencionando a questão do 1% do achaque. Aí, eu saí da reunião e falei: Olha, Fernando, eu acho que a essa altura a figura mudou um pouco de, quer dizer, a coisa mudou de figura. Quer dizer, o cara é nomeado por ela, recém-eleito presidente na Petrobras, a gente cheio de problemas na Petrobras, Lava Jato, muda de figura! Vamos fazer o seguinte, administra com o André o pagamento, a gente vai administrando, eu não acho que a gente vai pagar 17, mas vamos administrando."

As três parcelas de R$ 1 milhão cada em dinheiro vivo foram pagas pelo Setor de Operações Estruturadas, o famoso departamento de propinas da empreiteira. A investigação mostra que as entregas foram realizadas nos dias 17 e 24 de junho e 1º de julho de 2015 - Odebrecht foi preso no dia 19 de junho, ou seja, duas parcelas de R$ 1 milhão foram entregues a Bendine mesmo após a Lava Jato pegar o empreiteiro.

A investigação mostra que as entregas ocorreram no Edifício Option Paraíso, na Rua Sampaio Viana, 180, apartamento 43, em São Paulo.

Os valores foram providenciados pelo doleiro Alvaro José Galliez Novis, responsável pela conta "Paulistinha", segundo a planilha de propinas da empreiteira.

O endereço no Paraíso para entrega dos recursos em espécie havia sido fornecido por André a Eduardo Barbosa, subordinado de Fernando Reis que, por ordem dele, encaminhava as requisições de pagamento para o Setor de Operações Estruturadas.

A indicação do endereço foi dada durante visita de André ao escritório da companhia na mesma semana em que Marcelo Odebrecht foi preso, possivelmente no dia 15 ou 16 de junho de 2015. Na oportunidade, Eduardo Barbosa anotou o endereço e passou para André as senhas "Oceano", "Rio" e "Lagos", que deveriam ser pronunciadas pelo recebedor dos valores no ato das entregas, para confirmação de sua autenticidade.

Outra prova contra Bendine foi encontrada na planilha de propinas da Odebrecht, onde aparece o codinome "Cobra", suposta referência ao ex-presidente da Petrobras. A Polícia Federal apreendeu a planilha na 23.ª fase da Lava Jato, denominada "Acarajé".

"Aldemir Bendine, conforme apontado por Fernando Reis, foi apelidado com o codinome 'Cobra'. Em decorrência da busca e apreensão na 23.ª fase da Operação Lava Jato (Operação Acarajé), foram apreendidas na posse de Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária do Setor de Operações Estruturadas da ODEBRECHT, registros de requisições de pagamento para codinome 'Cobra' e as senhas 'Oceano', 'Rio' e 'Lagoa'", diz a Procuradoria da República.

Na posse de Maria Lúcia também foi localizado extrato do sistema Drousys, no qual estão registradas as três entregas de R$ 1 milhão, cada, referentes ao codinome "Cobra".

Os investigadores foram atrás do morador do apartamento da Rua Sampaio Viana, em São Paulo, endereço onde a propina para Bendine foi entregue. Eles descobriram que o imóvel, no período entre 22 de abril de 2014 e 22 de abril de 2016 esteve alugado para outro publicitário, Antonio Carlos Vieira da Silva Junior, irmão e sócio de André Gustavo em diversas empresas, como a Arcos Propaganda Ltda, a MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação Ltda ME e outras.

O emissário indicado para receber os pagamentos, Marcelo Marques Casimiro, segundo a Lava Jato, "possui estreitos relacionamentos com Antonio Carlos e André Gustavo".

Segundo o Ministério Público Federal, André Gustavo "assumiu que recebeu os valores relacionados a Aldemir Bendine, embora tenha adotado condutas para ocultar e dissimular a origem e a natureza criminosa dos valores auferidos".

"A propina chegou às mãos de Aldemir Bendine de forma sub-reptícia por parte de André Gustavo e Antonio Carlos. De se ver que, após o pagamento da propina pela Odebrecht, André Gustavo e Aldemir Bendine, por, pelo menos, duas ocasiões, tiveram encontros presenciais. Além disso, parte dos valores foi repassada por meio de pagamentos de fornecedores de serviços, sem a identificação dos beneficiários, tudo com intuito de omitir a origem e natureza criminosa dos valores."

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foi confirmado no cargo em fevereiro de 2015, com a missão de ajustar o balanço da companhia e contabilizar as perdas com a corrupção diante do escândalo que já fazia a petroleira sangrar desde março de 2014. Dias antes, sua antecessora, Graça Foster, havia renunciado ao cargo diante da pressão por conta dos desdobramentos das investigações. Bendine foi preso nesta quinta-feira (27), na 42ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Cobra.

Vindo do Banco do Brasil, Bendine era um nome de confiança do ex-presidente Lula e foi indicado ao cargo pela então presidente Dilma Rousseff. A indicação foi uma surpresa para o mercado e foi recebida com mau humor pelos investidores. No dia de sua confirmação no cargo, as ações da Petrobras fecharam em queda de 6%, mas chegaram a recuar 9% durante as negociações.

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Durante a gestão de Bendine, a Petrobras contabilizou em abril de 2015 o prejuízo recorde de R$ 6,2 bilhões por conta de baixas contábeis relacionadas à corrupção entre 2004 e 2012. O resultado referente ao ano de 2014 ficou negativo em R$ 21,6 bilhões, o primeiro anual da estatal desde 1991.

Bendine renunciou à presidência da Petrobras em maio de 2016, ainda durante a interinidade de Temer na Presidência da República. Naquele momento, a ex-presidente Dilma Rousseff acabava de ser afastada do cargo para responder ao processo de impeachment, concluído em agosto daquele ano.

Em seu lugar ficou Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil e do Planejamento do segundo governo Fernando Henrique Cardoso. O executivo tem uma gestão elogiada pelo mercado e, apesar dos cortes nos empregos e nos investimentos, a Petrobras voltou a mostrar resultados positivos sob seu comando.

Banco do Brasil

Bendine se tornou presidente do BB em abril de 2009, quando substituiu Antonio Francisco de Lima Neto. Também foi membro do Conselho de Administração da instituição. Assumiu a instituição na fase mais aguda da crise financeira global, com a missão de executar duas tarefas da agenda do ex-presidente Lula: ampliar a oferta de crédito para estimular a economia e liderar uma competição mais aguerrida com os bancos privados, para forçá-los a reduzir os juros. Seu antecessor não seguiu a cartilha do Planalto e foi retirado do cargo.

À frente do BB, Bendine conduziu o processo de redução dos juros e a ampliação do crédito. Como consequência, o BB aumentou a participação no mercado em meio à retração dos bancos privados. Pelos dados mais atualizados - do 3º trimestre do ano passado - o BB tem a maior carteira de crédito entre as instituições financeiras brasileiras, correspondente a 21,1% do mercado de crédito nacional.

O BB é o maior banco da América Latina, com mais de 100 mil funcionários e mais de 60 milhões de clientes. Bendine começou no banco aos 14 anos, como office-boy num programa chamado Menor Aprendiz. Sob seu comando, o volume de ativos do BB ultrapassou a marca de R$ 1,2 trilhões.

À frente do BB, ele não se importou com críticas de que o banco é um braço do governo na aplicação da política econômica. "Eu resgatei um pouco esse papel do Banco do Brasil enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. Queria dizer: ele tem um papel de governo, de fato", disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em agosto de 2013.

"Sei que o mercado ainda precifica muito a gente negativamente por causa dessa possível interferência, ou intervenção, governamental", afirmou, na ocasião. "Muitas vezes, as pessoas não entendem a governança no Banco do Brasil. Hoje, ela está num nível igual ou superior à das grandes empresas brasileiras", completou.

É bacharel em administração de empresas e cursou MBA em Finanças e em Formação Geral para Altos Executivos.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendini, preso por volta de 6h desta quinta-feira (27), será transferido para Curitiba, base da Operação Lava Jato. Alvo maior da fase 42 da Lava Jato, denominada 'Cobra', Bendine foi preso em Sorocaba, no interior de São Paulo, a 100 quilômetros da capital.

Os investigadores pediram a prisão de Bendine sob argumento de que ele pegou propina da empreiteira Odebrecht 'na véspera' de assumir a presidência da estatal petrolífera - posto que ele assumiu em 6 de fevereiro de 2015, no auge da Lava Jato que, naquela época, já havia capturado ex-dirigentes da Petrobrás, que ocuparam cargos estratégicos na companhia.

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Na fase 'Cobra' da Lava Jato, também foram detidos por ordem do juiz federal Sérgio Moro dois irmãos, apontados como ‘operadores’ do esquema envolvendo Bendine.

Antonio Carlos Vieira Silva e André Gustavo Vieira Silva, sócios de uma agência de publicidade, foram presos em Recife. André foi localizado no aeroporto da capital pernambucana, quando ia embarcar para Brasília.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

Preso na Operação Cobra, fase 42 da Lava Jato, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine pediu propina ao empreiteiro Marcelo Odebrecht 'na véspera de assumir a presidência' da estatal, afirma o Ministério Público Federal. Bendine assumiu o cargo em 6 de fevereiro de 2015.

Na ocasião, a Lava Jato estava próxima de completar um ano. A fase ostensiva da investigação foi deflagrada em março de 2014.

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A solicitação de propina, afirma a força-tarefa da Lava Jato, foi feita por Bendine e por um de seus operadores financeiros também ao executivo Fernando Reis, da Odebrecht.

Segundo o Ministério Público Federal, 'as indicações são de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato'.

A pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná, a Justiça expediu e a Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta-feira, 27, três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão em nova fase da Lava Jato.

Os focos principais desta operação são, além de Aldemir Bendine, operadores financeiros suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobras.

O principal alvo desta nova fase esteve à frente do Banco do Brasil entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016.

"Há evidências indicando que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial", diz a Procuradoria.

Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil.

De acordo com o Ministério Público Federal, em decorrência deste novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrolífera, a Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, informações colhidas em busca e apreensão na 26ª fase da Lava Jato (operação Xepa) e outras provas de corroboração, optou por pagar a propina de R$ 3 milhões. O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Já neste ano de 2017, um dos operadores financeiros que atuavam junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil. Todavia, a investigação revelou que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.

Além disso, não foi apresentado nenhum material relativo à alegada consultoria e não foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a ausência de contrato escrito para serviços de valor milionário e o motivo da diminuição do valor de tais serviços, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo próprio operador, de R$ 17 milhões, para R$ 3 milhões.

Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações.

"A colaboração premiada dos executivos da Odebrecht foi o ponto de partida das investigações. A partir daí, a investigação se aprofundou e revelou estreitos vínculos entre os investigados e permitiu colher provas de corroboração dos ilícitos narrados", diz a força-tarefa.

Dentre as diligências efetuadas estão análise de ligações telefônicas, identificação junto a hotéis de reuniões secretas, descoberta mediante análise de cartões de crédito de encontros em restaurantes, colheita de comunicações ocultas por aplicativos de celular que eram destruídas em tempo pré-determinado para apagar os vestígios de crimes, bem como exame de anotações que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Aldemir Bendine.

Para o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, "é incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira. Os crimes recentes são a prova viva de que a prisão é necessária para frear o ímpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilhões há mais de década".

"Há quem fale que as investigações contra a corrupção têm que acabar, mas casos como esse deixam claro que os criminosos não vão parar. Pregar o fim da Lava Jato é defender a liberdade para os ladrões do dinheiro público prosseguirem. Se queremos um Brasil com menos corrupção, é preciso ir até onde eles foram e estão dispostos a ir", disse a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili.

"Preocupa a todos nós o arrefecimento do investimento na Lava Jato pela direção da Polícia Federal", destacou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no MPF/PR. "Das últimas sete operações da Lava Jato, seis foram pedidas pelo Ministério Público. É preciso preservar o trabalho da Polícia Federal nas investigações. O Ministro da Justiça e o Delegado-Geral têm poder e a consequente responsabilidade sobre o tamanho do efetivo, que foi reduzido para menos de metade", completou.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

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