Tópicos | Operação Mãos à Obra

O juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, condenou o ex-secretário de Obras da prefeitura do Rio, Alexandre Pinto, a 23 anos, 5 meses e 10 dias de reclusão na Operação Mãos à Obra, desdobramento da Lava Jato no Rio. Pinto também terá de devolver a importância de R$ 804,9 mil obtidos de vantagens indevidas pedida aos representantes das empreiteiras Carioca Christiani Nielsen e Construtora OAS.

As duas construtoras eram participantes dos consórcios responsáveis pela execução das obras da Transcarioca e da recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá e teriam pago propina de 1% do valor de cada uma das obras realizadas para as Olimpíadas Rio 2016. Alexandre Pinto foi secretário de Obras durante o governo Eduardo Paes, que não foi citado na sentença.

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Esse dinheiro da propina foi usado por Alexandre Pinto para a compra de imóveis e salas comerciais, colocados em nome de sua família. Dois imóveis foram colocados em nome de seus filhos. Toda a culpa foi assumida por Alexandre Pinto, que excluiu a responsabilidade dos parentes e confirmou em depoimento à Justiça que agiu sozinho.

Na decisão, o juiz Bretas escreveu ser elevada a culpabilidade de Alexandre Pinto, “tendo agido contra a moralidade e o patrimônio público, motivado por mera ganância e ambição desmedidas (motivação), a despeito da sua responsabilidade perante o atendimento das necessidades básicas dos cidadãos do município do Rio de Janeiro, na seara de sua competência administrativa, no caso destes autos, praticando a lavagem de capitais obtidos ilicitamente em crimes de corrupção praticados no âmbito da Secretaria de Obras deste município”.

 

 

O ex-secretário de Obras do prefeito Eduardo Paes (MDB), Alexandre Pinto, preso nesta terça-feira, 23, pela Polícia Federal, é acusado de usar a mãe e os filhos para ocultar propinas recebidas em empreendimentos do município. A informação foi divulgada nesta terça na nova denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal no Rio (MPF) contra o ex-secretário. Ele é acusado de vários crimes de lavagem de dinheiro.

O MPF identificou repasses feitos por empreiteiras contratadas para executar as obras da Transcarioca e da recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá. De acordo com a denúncia, uma das formas usadas pelo ex-secretário para ocultar a origem dos recursos era receber depósitos, em dinheiro, na conta poupança de sua mãe, de R$ 305 mil, mas que era movimentada exclusivamente por ele.

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Alexandre Pinto também teria adquirido imóveis e realizado investimentos com valores obtidos com os crimes de corrupção em nome de seus filhos para ocultar a propriedade dos bens e a origem dos recursos, segundo o MPF.

Em 2016, ele teria transferido imóveis para a empresa Atlas Administração de Imóveis Próprios, constituída em nome de seus filhos, de acordo com a denúncia, "exclusivamente com a finalidade de administrar o patrimônio imobiliário do ex-secretário de Obras".

Segundo a denúncia, os filhos do ex-secretário, jovens de 20 e 21 anos à época dos fatos, afirmam apenas ter assinado os papéis a pedido do pai. "Alexandre Pinto da Silva ocultou sua condição de real proprietário dos imóveis, tendo por objetivo blindar o patrimônio adquirido como proveito dos crimes antecedentes de corrupção passiva e distanciar ainda mais os imóveis adquiridos da origem criminosa dos valores utilizados para sua aquisição", afirmam os procuradores da República.

A propina combinada por Alexandre Pinto, que foi preso pela segunda vez nesta terça-feira, 23, correspondia a cerca de 1% um do valor total de cada uma das obras.

O MPF identificou o pagamento ao ex-secretário de Obras de ao menos R$ 750 mil da Carioca Engenharia e R$ 750 mil da OAS para garantir o direcionamento do processo licitatório das obras da Transcarioca ao Consórcio Transcarioca Rio.

Nas obras de recuperação da Bacia de Jacarepaguá, foram pagos pelo menos R$ 500 mil reais pela Carioca Engenharia, de acordo com o MPF.

A reportagem está tentando contato com a defesa do ex-secretário Alexandre Pinto, mas ainda não obteve retorno.

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