Tópicos | Operação Trapiche

A Justiça Federal mandou soltar dois homens que estavam presos preventivamente na investigação da Polícia Federal (PF) sobre uma rede de brasileiros que teriam sido cooptados pelo Hezbollah, grupo paramilitar xiita do Líbano.

Um mês após as prisões, a própria PF pediu que eles fossem colocados em liberdade. O Ministério Público Federal (MPF) concordou. Os alvarás foram expedidos pela juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 2.ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, nesta terça.

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A investigação foi aberta em outubro, depois que a Polícia Federal recebeu um memorando da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, por meio do Escritório do Adido Legal do FBI, alertando para as suspeitas de ligação entre brasileiros e terroristas.

"O FBI identificou viagem suspeita ao Líbano de um pequeno grupo de indivíduos possivelmente envolvidos em atividades criminosas no Brasil, tais como atividades criminosas, tráfico de drogas, e potencialmente atividades terroristas", dizia o documento.

- Haissam Housin Diab, libanês naturalizado brasileiro;

- Mohamad Khir Abdulmajid, sírio naturalizado brasileiro, dono de tabacarias em Belo Horizonte;

- Jean Carlos de Souza, Michael Messias e Lucas Passos Lima, brasileiros que viajaram para o Líbano.

"O FBI acredita que uma investigação dos indivíduos mencionados iria revelar uma rede de atividades criminosas ao redor do mundo", sugere o ofício.

O inquérito, conduzido pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda, investiga se os brasileiros têm conexão com organizações terroristas e se estavam envolvidos em planos de atentados.

"Conforme a comunicação de fato, tais indivíduos teriam se deslocado recentemente para o Líbano, onde permaneceram poucos dias e retornaram ao Brasil, o que, considerando a rotina, situação financeira e falta de conexão com o país estrangeiro, levantam suspeitas sobre a licitude das viagens", diz um trecho da portaria que instaurou o inquérito.

Mohammad Khir Adbulmajid, apontado como elo entre o Hezbollah e os brasileiros investigados, está na lista de difusão vermelha - mais procurados - da Interpol. Segundo investigadores, ele estaria no Líbano.

 

Depoimentos

Os brasileiros foram presos na Operação Trapiche. O autônomo Lucas Passos Lima, 35, foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando voltava do Líbano, o técnico em plásticos Jean Carlos de Souza, 38, foi preso próximo a um hotel onde estava hospedado no centro da capital paulista, e o músico Michael Messias foi detido no Rio de Janeiro. Todos negaram envolvimento no planejamento de atos terroristas.

Lucas narrou que viajou ao Líbano porque recebeu uma proposta de "crescimento de negócio". Ele trabalha com regularização de imóveis, corretagem e venda de grãos, segundo relatou na audiência de custódia. A defesa dele entrou com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso ao inquérito.

Michael disse aos investigadores que viajou com despesas pagas por libaneses que conheceu em um casamento no Alto da Boa Vista, na zona oeste do Rio de Janeiro, e que se "interessaram por sua música". Ele afirmou que a viagem foi um "intercâmbio musical".

Jean Carlos afirmou que vive uma rotina de viagens de trabalho, sem qualquer ligação com grupos extremistas.

O músico Michael Messias, terceiro preso por suspeita de envolvimento com o Hezbollah, grupo paramilitar xiita do Líbano, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que viajou a Beirute duas vezes com despesas pagas. A primeira, no final de 2022, foi para fazer turismo, segundo o depoimento, e a segunda a trabalho, para se apresentar. "Intercâmbio musical", afirmou aos investigadores.

O suspeito narrou que, no ano passado, tocou em um casamento no Alto da Boa Vista, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde "conheceu dois libaneses que se interessaram por sua música". Um deles teria pago sua primeira viagem ao Líbano.

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Messias afirma que não sabe quem custeou a segunda viagem. Ele sustenta que recebeu ligação pelo WhatsApp, de uma pessoa desconhecida, que teria se oferecido para pagar suas passagens e estadia. Os bilhetes e comprovante de reserva do hotel teriam sido encaminhados na sequência. Ao chegar no hotel, ele teria sido procurado por um homem, que não era brasileiro, e os dois teriam conversado apenas sobre o "intercâmbio musical".

O Estadão apurou Michael Messias teria ligação com Mohammad Khir Adbulmajid, apontado como elo entre o Hezbollah e os brasileiros investigados.

Também na mira da PF, o nome de Mohammad está na lista de difusão vermelha - mais procurados - da Interpol. Segundo investigadores, ele estaria no Líbano.

Os dois primeiro presos pela PF na investigação negaram, em audiência de custódia na 5.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, participação em planos terroristas.

Os presos são o autônomo Lucas Passos Lima, 35, detido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, quando voltava do Líbano, e o técnico em plásticos Jean Carlos de Souza, 38, preso próximo a um hotel onde estava hospedado no centro da capital paulista.

Morador de Brasília, Lucas Lima narrou que viajou ao Líbano porque recebeu uma proposta de "crescimento de negócio". Ele contou que estudou até o oitavo ano e trabalha com regularização de imóveis, corretagem e venda de grãos.

Jean Carlos mora em Joinville (SC). Ele afirmou, na audiência de custódia, que vive uma rotina de viagens e, por isso, já foi parado e revistado inúmeras vezes pela Polícia Federal (PF), mas nunca sob acusação de terrorismo.

As primeiras informações divulgadas pela Polícia Federal indicam que os presos e outros brasileiros investigados planejavam ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil. A PF afirma que sinagogas estavam sendo monitoradas e fotografadas.

O inquérito foi aberto a partir de um alerta dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel. Como mostrou o repórter Marcelo Godoy, do Estadão, a general americana Laura Richardson havia alertado para "intenções malignas" do Hezbollah no Brasil.

Crise

A Operação Trapiche provocou uma crise entre o Ministério da Justiça e o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, que deu declarações públicas sobre a suposta presença de representantes do Hezbollah no Brasil. O ministro Flávio Dino reagiu e afirmou que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal" e que o caso está sob investigação.

A Polícia Federal (PF) prendeu mais um suposto integrante do grupo ligado ao Hezbollah que estava planejando ataques terroristas contra prédios da comunidade judaica no Brasil. A detenção foi realizada no Rio de janeiro no final da tarde deste domingo (12).

A prisão é desdobramento da Operação Trapiche, inicialmente aberta na quarta-feira passada, dia 8. Na ocasião, foram presos dois alvos: o autônomo Lucas Passos Lima, 35, detido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, quando voltava do Líbano, e o técnico em plásticos Jean Carlos de Souza, 38, preso próximo a um hotel onde estava hospedado no centro da capital paulista.

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Segundo apurou o Estadão, o terceiro preso da investigação é um músico ligado a Mohammad Khir Adbulmajid, apontado como elo entre o Hezbollah e os brasileiros sob suspeita. Em depoimento, o novo alvo da Trapiche alegou que foi contratado para fazer um show no Líbano.

Também na mira da PF, o nome de Mohammad está na lista de difusão vermelha - mais procurados - da Interpol. Segundo investigadores, ele estaria no Líbano.

A Operação Trapiche provocou uma crise entre o Ministério da Justiça e o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, que deu declarações públicas sobre a suposta presença de representantes do Hezbollah no Brasil. O ministro Flávio Dino reagiu e afirmou que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal" e que o caso está sob investigação.

Os dois homens presos pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento com o Hezbollah, grupo paramilitar xiita do Líbano, negaram, em audiência de custódia na 5.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, participação em planos terroristas.

Os presos são o autônomo Lucas Passos Lima, de 35 anos, detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando voltava do Líbano, e o técnico em plásticos Jean Carlos de Souza, de 38 anos, capturado perto de um hotel onde estava hospedado, no centro da capital paulista. As prisões temporárias foram decretadas pela Justiça Federal de Belo Horizonte, como parte da Operação Trapiche.

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Morador de Brasília, Lima narrou que viajou ao Líbano porque recebeu uma proposta de "crescimento de negócio". Ele disse que estudou até o 8.º ano e trabalha com regularização de imóveis, corretagem e venda de mercadorias, como café, grãos e até ouro.

Na audiência, ele afirmou não ver sentido na acusação. "Sair de um lugar, com a idade que eu tenho, para fazer parte de um grupo que está em guerra?", declarou Lima. O investigado relatou, ainda, ter tido uma prisão anterior, por posse de arma, há sete anos.

Souza mora em Joinville (SC) e afirmou trabalhar com "captação de negócios". Ele disse, na audiência de custódia, que vive uma rotina de viagens e, por isso, já foi parado e revistado inúmeras vezes pelas autoridades.

"Sempre que a Polícia Federal me para, eles têm o intuito de procurar drogas na minha bagagem", afirmou. "Sair de uma acusação de um tráfico, onde você vai esclarecer na hora, e me jogar em terrorismo é algo muito sério", alegou. Souza se dispôs a cooperar com a investigação e passou a senha do celular, que foi apreendido. "Vou ficar 30 dias respondendo por algo absurdo, que não vai dar em nada."

A audiência de custódia serve para analisar se a prisão foi legal e se o preso sofreu algum tipo de violência. As prisões de Lima e Souza foram mantidas.

Investigação

Segundo as primeiras informações divulgadas pela PF, os presos e outros brasileiros investigados planejavam ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil. Os investigadores afirmaram, ainda, que sinagogas estavam sendo monitoradas e fotografadas e relataram o recrutamento de pessoas para atuar com grupos terroristas que atuam no Oriente Médio.

O inquérito foi aberto a partir de um alerta dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel. Comunicado do governo israelense mencionou o apoio do Mossad, serviço secreto do país, nas prisões. Como mostrou o colunista Marcelo Godoy, do Estadão, a general americana Laura Richardson havia alertado para "intenções malignas" do Hezbollah no Brasil.

A Operação Trapiche provocou uma crise entre o Ministério da Justiça e o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, que deu declarações públicas sobre a suposta presença de representantes do Hezbollah no Brasil, insinuando que os terroristas teriam apoio no País.

O ministro Flávio Dino reagiu e afirmou que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal" e que o caso está sob investigação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao menos desde o começo dos anos 2000, autoridades brasileiras investigam relações entre o grupo terrorista Hezbollah, do Líbano, e a organização criminosa PCC. Essa parceria teria como principal foco o domínio na fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina, em uma batalha pelo controle de umas das rotas de drogas e armas na América Latina. Nesta quarta-feira, 8, supostos integrantes do grupo foram presos e outros foram alvo de busca e apreensão por parte da Polícia Federal por suspeita de planejarem ataques a prédios da comunidade judaica no país.

Sobre a relação com o PCC, porém, o assunto sempre foi tratado com cautela pelo governo brasileiro e pouco se fala sobre as relações entre os grupos criminosos. O tráfico de drogas é uma das portas para financiamento de terrorismo e seria o principal motivo para presença do Hezbollah na América Latina. Em troca, o PCC receberia armamento para atuação criminosa.

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Na Justiça Federal, um acusado de integrar o PCC foi preso em fevereiro de 2018, no Rio de Janeiro. Em uma busca realizada por policiais, documentos serviram como provas de um suposto envolvimento de Elton Leonel Rumich da Silva, apontado como um dos líderes da facção paulista, com o grupo terrorista do Líbano.

"Conforme informações da SEAP, quando Elton Leonel foi preso em 27/02/2018 (portando documento falso em nome de 'José Carlos da Silva Júnior', foram encontrados, pela polícia, aparelhos celulares e uma caderneta no apartamento em que Elton Leonel morava. A análise do material apreendido permitiu apurar que existiam indícios de que Elton Leonel possuía ligação com o Hezbollah. O requerimento da SEAP ainda destacou a participação de Elton Leonel na guerra pelo controle das rotas de drogas na fronteira com o Paraguai, sendo suspeito de ser o mandante da morte de Jorge Toumani Rafaat, conhecido como Rei da Fronteira, em julho de 2016", diz trecho de uma decisão judicial do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, que negou habeas corpus a Rumich da Silva. O Estadão procurou a defesa do acusado, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

Na ação desta quarta-feira, além de dois brasileiros presos e de outros dois integrantes procurados no Líbano, agentes da PF ainda fizeram buscas em onze endereços de três Estados - Minas Gerais (7), Distrito Federal (3) e São Paulo (1). As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Belo Horizonte.

De acordo com a PF, os recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo. As penas para tais delitos, somadas, pode chegar a 15 anos de reclusão.

Nos últimos anos, a atuação do Hezbollah na América Latina chamou atenção do governo americano. A general americana Laura Richardson havia alertado para "intenções malignas" do Hezbollah no Brasil, ao citar como as atividades do grupo radical na América Latina são uma "preocupação".

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