A Orquestra Criança Cidadã celebrou o seu nono aniversário com um concerto que contou com a participação de alunos, professores e convidados na noite desta Quinta (30). Dentre os músicos que se apresentaram no Teatro Luiz Mendonça, esteve o contrabaixista Antonino Tertuliano Dias. O jovem deixou a Orquestra Criança Cidadã há cerca de dois anos, quando foi aprovado em primeiro lugar no concurso da Orquestra Sinfônica de Goiânia, em Goiás.
De acordo com o rapaz de 21 anos, sua passagem pelo projeto foi fundamental para a sua escolha profissional. "Ingressei na Orquestra aos 13 anos e ainda não tinha ideia do que fazer quando acabasse o ensino médio. O projeto foi uma luz no fim do túnel, me direcionando ao curso de música, onde fui aprovado pela UFPE", relata.
##RECOMENDA##Para Tertuliano, a Orquestra Criança Cidadã tem um papel fundamental não só na formação intelectual, mas também no desenvolvimento social dos alunos: "O projeto surge com um leque de oportunidades, afastando os jovens da criminalidade, contribuindo na formação de meninos e meninas que não dispõem de condições financeiras. É uma iniciativa de inclusão para aqueles que, de certa forma, vivem às margens da sociedade".
Tertuliano passou sete anos no projeto e só saiu de lá após o surgimento de uma nova oportunidade. A abertura de um concurso para a Orquestra Sinfônica de Goiânia despertou ainda mais no rapaz o sonho de viver de música. "Quando o professor João Pimenta nos apresentou o edital, ele frisou que não seria fácil, pois Goiás é um dos centros mais procurados pelos músicos. Mas ele acreditava que tínhamos chance de passar. Eu e mais dois colegas decidimos fazer a prova. Eu conquistei o primeiro lugar, seguido pelos meus amigos, no ranking", conta o músico.
O jovem contrabaixista carrega consigo a humildade e o sentimento de gratidão aos mestres que o incentivaram e acreditaram no seu talento. "A aprovação foi minha, mas o mérito foi do professor, que teve os seus alunos como os três primeiros colocados num concurso nacional", opina.
Antes de seguir para Goiás, Antonino fez um último concerto como componente da Orquestra Criança Cidadã. "Minha ultima apresentação pelo projeto foi quando fizemos a turnê pela Alemanha. A apresentação foi completamente em tom de despedida, tocando e me emocionando. Ficava pensando que não seria um adeus, mas um até logo".
A gratidão à Orquestra não se restringe aos alunos, mas à família dos jovens. Shirley da Silva Moura, irmã de Antonino, acredita que sem o projeto o futuro do rapaz poderia ser diferente: "Ele é um menino muito bom, mas a gente sabe que numa comunidade carente muitas vezes tentam corromper as pessoas para o mal. O projeto no Coque veio como uma alternativa, pois lá é um novo ambiente, onde eles aprendem de tudo. Antonino se descobriu músico no projeto. Devemos isso a eles".
Em busca de novas oportunidades
Antonino vem conquistando espaço no cenário musical. Apesar de ter dado um passo considerável na carreira de contrabaixista, graças à aprovação no concurso do Estado de Goiás, o jovem pretende alçar novos voos. A meta do jovem é integrar uma grande orquestra e ser reconhecido profissionalmente através da música. "Não vou parar de estudar, pois tenho pretensões de tocar em uma Orquestra renomada, em qualquer lugar do país. Não quero criar raízes. Sei que o mercado em Recife é difícil, porque a única orquestra que temos aqui no Estado (A Orquestra Sinfônica do Recife, que acabou de completar 85 anos) não abre concurso há doze anos. Mas vou seguir em frente, pois estou disposto a seguir o meu sonho pelo país a fora", finalizou.