Tópicos | Oscar honorário

O diretor americano Mel Brooks, de 97 anos, recebeu na terça-feira (9) um Oscar honorário pela sua carreira, mais de meio século depois de ter ganhado sua única estatueta por "Primavera para Hitler".

Durante a gala, Brooks brincou dizendo que se arrependia do ocorrido com seu Oscar anterior, de melhor roteiro original.

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"Sinto muita falta. Nunca deveria ter vendido", disse ele. "Não vou vender este, juro por Deus", afirmou.

Mestre da comédia em Hollywood, Brooks é um dos poucos cineastas a ganhar os maiores prêmios do cinema, entre eles o Oscar, o Emmy, o Tony e o Grammy.

Além de "Primavera para Hitler" (1967), alguns de seus filmes mais conhecidos são "Banzé no Oeste" (1974) ou "O Jovem Frankenstein" (1974).

Esta estatueta honorária foi apresentada durante o Governors Awards, organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que homenageia anualmente quatro veteranos da indústria.

A atriz Angela Bassett, de 64 anos, duas vezes indicada à cobiçada estatueta e conhecida por interpretar Tina Turner em "Tina - A Verdadeira História de Tina Turner" (1993), também recebeu um Oscar honorário.

Ao receber o prêmio, Bassett enfatizou que foi apenas a segunda atriz negra a receber esta estatueta honorária, depois de Cicely Tyson.

A intérprete também quis homenagear outras atrizes negras pioneiras de Hollywood, como Hattie McDaniel, que ganhou o Oscar por "E o Vento Levou", em 1940.

Meio século depois, outra atriz negra, Whoopi Goldberg, ganhou um Oscar.

"A minha esperança é que deixemos esta indústria mais rica, mais avançada e mais inclusiva do que a encontramos", disse Bassett.

Ator com os filmes mais rentáveis da história, Samuel L. Jackson nunca havia ganhado um Oscar até esta quinta, quando recebeu a estatueta honorária da Academia.

O artista de 73 anos, conhecido por seus trabalhos com Spike Lee ou Quentin Tarantino e suas aparições regulares nas sagas da Marvel ou Star Wars, só havia recebido uma indicação ao Oscar por seu papel em "Pulp Fiction".

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Jackson recebeu o prêmio honorário pelos sucessos de sua carreira em uma festa de gala cheia de estrelas de Hollywood, dois dias antes da cerimônia de entrega do Oscar.

"152 títulos de filme, 27 bilhões de dólares em bilheteria, mais que qualquer outro ator na história", disse Denzel Washington apresentando o homenageado, que estava sentado junto ao diretor Quentin Tarantino.

Quando subiu ao palco, o ator recordou sua longa carreira que também inclui "Jurassic Park" ou "Duro de Matar 3: a vingança".

"Foi um prazer deixar uma marca inapagável na audiência como "o gangster número dois", "o homem do assalto" ou o "inesquecível cara negro", para dizer alguns", brincou.

Liv Ulmann

Também receberam esse reconhecimento a atriz norueguesa Liv Ulmann, uma das preferidas do diretor sueco Ingmar Bergman, célebre por seus papéis nos filmes clássicos "Quando duas mulheres pecam" e "Cenas de um Casamento", e Elaine May, que rompeu barreiras para as mulheres na comédia e na direção.

Ulmann, de 83 anos, ganhou duas indicações ao Oscar como melhor atriz nos anos 1970 por "Os Emigrantes" e "Face a Face".

"Aos poucos que asseguram que ela nunca foi considerada uma de nossas grandes atrizes sem Ingmar Bergman, os responderia que Bergman provavelmente não teria sido considerado um dos nossos grandes cineastas sem Liv Ullman", disse John Lithgow ao apresentar o prêmio.

O humorista Bill Murray foi o encarregado de apresentar o prêmio de Elaine May, de 89 anos, nomeada ao Oscar de melhor roteiro com "O Céu Pode Esperar" ou "Os Segredos do Poder".

Os prêmios honorários são entregues a cada ano para reconhecer a trajetória de um artista e são celebrados em um evento distinto desde 2009.

Durante a cerimônia também foi entregue um prêmio, por seu ativismo político, a Danny Glover, de 75 anos, estrela da franquia "Arma Letal" e do filme de Steven Spielberg "A Cor Púrpura".

Glover organizou, em seus 40 anos de carreira, campanhas por múltiplas causas, desde o movimento de direitos civis nos Estados Unidos à luta contra o Apartheid na África do Sul.

Diretoras reafirmaram no domingo o objetivo de alcançar a igualdade de gênero em Hollywood, quando a atriz Geena Davis e a cineasta Lina Wertmuller receberam Oscars honorários em uma cerimônia repleta de estrelas e centrada na diversidade.

Davis, uma das protagonistas de "Thelma e Louise", afirmou durante o Governors Awards em Los Angeles como este 'road movie' feminista a incentivou a lutar pelo equilíbrio de gênero no cinema.

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"'Me fez perceber de uma maneira muito poderosa as poucas oportunidades que damos às mulheres de sair de um filme sentindo-se empolgadas e empoderadas por personagens femininas", disse Davis sobre o filme de 1991.

A atriz, que venceu o Oscar de coadjuvante por "O Turista Acidental" (1988), recebeu a estatueta honorária por seu trabalho para ressaltar a falta de mulheres em filmes. Em 2004 fundou um instituto que compila dados sobre preconceitos de gênero.

Ela pediu aos cineastas que revisem os projetos atuais e "risquem muitos nomes de personagens do elenco e coadjuvantes e os transformem em mulheres".

A diretora e atriz Olivia Wilde afirmou que Geena Davis "estava 20 anos à frente do movimento #TimesUp".

Wertmuller, de 91 anos, finalmente recebeu um Oscar honorário, mais de quatro décadas depois de se tornar a primeira mulher indicada ao prêmio de direção (por "Pasqualino Sete Belezas").

Ela recebeu a estatueta ao lado das estrelas italianas Sophia Loren e Isabella Rossellini, que traduziram o apelo da diretora para que o prêmio receba um novo nome, feminino.

"Ela gostaria de chamar de 'Anna'. Mulheres no salão, por favor gritem: 'Queremos Anna, um Oscar feminino", afirmou Rossellini.

A origem do apelido "Oscar" não está clara, mas se acredita que deriva da semelhança da estatueta com um parente de um dos primeiros integrantes da Academia.

- "Estava na hora" -

Várias estrelas compareceram à cerimônia no salão Ray Dolby de Hollywood, incluindo Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Quentin Tarantino, Eddie Murphy, Scarlett Johansson e Jennifer Lopez.

O protagonista de "O Último dos Moicanos", Wes Studi, se tornou o primeiro ator nativo americano a receber um Oscar.

"Eu gostaria apenas de dizer: já estava na hora", declarou Studi, muito aplaudido. "Tem sido uma viagem selvagem e maravilhosa", completou.

Studi foi apresentado por Joy Harjo, o primeiro poeta nativo americano premiado, e pelo ator Christian Bale, que classificou o momento como "muito aguardado".

"Poucas oportunidades no cinema, nos dois lados da câmera, foram concedidas a artistas nativos ou indígenas, Estamos em uma sala cheia de pessoas que podem mudar isso", disse Bale, que protagonizou com Studi o filme "Hostis", de 2017.

Os protestos do #OscarsSoWhite na temporada de 2016 chamaram a atenção sobre os problemas de diversidade da premiação.

O prêmio de Studi acontece quase meio século depois de Marlon Brando rejeitar o Oscar de melhor ator por "O Poderoso Chefão" em protesto pelo tratamento que a indústria do cinema dava aos nativos americanos.

A música indígena canadense Buffy Sainte-Marie venceu o Oscar de canção original em 1982, prêmio compartilhado com mais dois compositores.

A noite começou com um Oscar honorário para David Lynch, indicado três vezes ao prêmio de melhor diretor, mas que nunca venceu a estatueta.

Considerado um dos principais cineastas americanos de sua geração, Lynch é o diretor de clássicos cult como "Veludo Azul" e "Mulholland Drive" (Cidade dos Sonhos), assim como da série de TV "Twin Peaks".

Ele foi apresentado por Laura Dern e Kyle MacLachlan, que atuaram em vários de seus filmes, e descreveram Lynch como um "homem renascentista moderno".

"David é um homem que ousa inventar, criar e desafiar a si mesmo, todos os dias", afirmou Dern.

Os Oscars honorários são entregues todos os anos para homenagear as carreiras de grandes figuras do cinema. A cerimônia passou a acontecer em um evento separado em 2009 para tentar resolver a questão do tempo apertado da noite do Oscar.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas entregará um Oscar honorário em outubro aos diretores David Lynch e Lina Wertmüller, e aos atores Geena Davis e Wes Studi, anunciou a entidade em um comunicado publicado nesta segunda-feira.

David Lynch, diretor de filmes como "O Homem Elefante", "Veludo Azul" e "Cidade dos Sonhos", receberá um Oscar honorário na cerimônia do Governors Awards, após ter sido indicado várias vezes ao Oscar sem ter ganhado nenhuma estatueta.

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Geena Davis, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por "Turista por Acidente" em 1988, "é uma ativista apaixonada em favor da igualdade de sexos". Fundou um instituto destinado a combater a desigualdade e os estereótipos que as mulheres sofrem no cinema e na televisão, lembrou a Academia em seu comunicado.

David também criou o festival de cinema de Bentonville para promover uma maior diversidade na indústria do entretenimento.

A estrela de "Thelma & Louise" receberá em 27 de outubro o Prêmio Humanitário Jean Hersholt, um Oscar atribuído pela Academia em reconhecimento a um indivíduo "cuja ação humanitária honrou a indústria do cinema".

Wes Studi, um americano de origem cherokee, também receberá um Oscar honorário em outubro, algo inédito para um ator ameríndio. "Sinto-me muito lisonjeado", tuitou o intérprete de "Dança com Lobos", "O Último dos Moicanos", "Fogo contra Fogo" e "Avatar".

Studi, de 71 anos, "dedicou muito tempo à política e à militância a favor dos ameríndios" após ter se alistado no exército para lutar durante a guerra do Vietnã, indicou a Academia.

Lina Wertmüller, de 92 anos, foi a primeira mulher indicada a um Oscar de "melhor diretor" pelo filme "Pasqualino Sete Belezas", em 1976.

Famosa por suas sátiras da sociedade e dos costumes italianos, a cineasta, que foi assistente de Federico Fellini em "Oito e meio", dirigiu também filmes como "Amor e Anarquia".

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