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NÃO LIBERAR

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Vultos, aparições, objetos que se movimentam com a força da mente, luzes misteriosas, símbolos e hematomas que surgem no corpo. Indícios de eventos sobrenaturais que afetam o ser humano ou estão presentes em ambientes ditos “mal assombrados” assustam e tiram o sono de muita gente. Mas, na contramão do senso comum, há quem trabalhe desvendando os mistérios paranormais e investigando os fatos com uma metodologia científica reconhecida internacionalmente. Em Pernambuco, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP) oferece o curso de formação em 'parapsicologia', ciência que estuda os fenômenos paranormais.

Se você tem interesse em estudar as paranormalidades e quer fazer disso uma atividade profissional, é possível ir além do hobby e entrar para o mercado de trabalho. O LeiaJa.com entrevistou o parapsicólogo pernambucano Jalmir Brelaz para identificar os principais caminhos que devem ser seguidos pelo aspirante a “investigador paranormal”.

Os caça-fantasmas do Recife e suas histórias sobrenaturais

No IPPP, a especialização não tem reconhecimento formal pelo Ministério da Educação (MEC), mas seu certificado de conclusão tem relevância internacional. O grupo de pesquisadoras tem vínculo com a principal associação de parapsicologia dos Estados Unidos. Segundo a ParanormalSocieties.com, os EUA são líderes no setor, com mais de 3,6 mil integrantes registrados em grupos que investigam casos paranormais no mundo.

Fundado em 1º de janeiro de 1973, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas é uma das mais antigas instituições de Parapsicologia no Brasil. O órgão realiza cursos de parapsicologia, pesquisas de casos espontâneos e em laboratório, e presta, gratuitamente, orientação e aconselhamento a pessoas com problemas de natureza parapsicológica ou dotadas de aptidão paranormal. Em 1982, o instituto começou a oferecer cursos básicos de parapsicologia, destinados ao público em geral. Em 1983, iniciou os simpósios pernambucanos na área que são realizados, anualmente, sem interrupção até os dias atuais.  Em 1988, o instituto iniciou o curso de pós-graduação em parapsicologia destinado à formação do parapsicólogo.

Para o curso de formação, é preciso que o interessado tenha apenas o segundo grau completo. O curso é individual, não requerendo formação de turmas, e é de fluxo contínuo. O aluno será automaticamente matriculado na capacitação no momento que fizer a solicitação através de e-mail e enviar o comprovante de pagamento dos módulos. Cada módulo custa R$ 200. O aluno só será aprovado se obtiver 70% de aproveitamento nas questões objetivas e responder de forma satisfatória pelo menos quatro em cinco questões nas análises de casos.

Há também a pós-graduação em parapsicologia. As exigências são que o aluno tenha feito o curso de formação em parapsicologia (pré-requisito exigido) e seja graduado em qualquer área acadêmica (a graduação precisa ser autorizada ou reconhecida pelo MEC). Por causa da crise financeira, o IPPP se encontra sem uma sede fixa e as aulas estão sendo ministradas exclusivamente pela internet. 

Os cursos ainda contam com aulas práticas. São testes e experimentos, técnicas de pesquisa, exibição de vídeos e comentários, noções de prestidigitação e medidas contra fraude e a hipnose na experimentação parapsicológica. 

Após 30 anos de atuação, pelo menos 40 profissionais já se formaram na pós. O baixo número de alunos formados é reflexo do mercado de trabalho pouco instigante e remunerações quase inexistentes. De acordo com Jalmir Brelaz, um dos parapsicólogos responsáveis pelo IPPP, o grupo se preocupa com qualidade na formação e não com quantidade. Além disso, Brelaz admite que apesar do desejo de trabalhar apenas na área da parapsicologia, a profissão dos sonhos acaba ficando em segundo plano por causa da falta de trabalhos rentáveis na área.

“Cerca de 50% dos nossos alunos possuem um acentuado interesse religioso ou místico, e as desistências ocorridas durante a realização do curso são decorridas pela 'decepção' com a parapsicologia, por contrariar as expectativas místicas de determinado aluno”, diz Brelaz.

O estudante conta com o apoio de um orientador ao longo das aulas e no fim da pós tem que apresentar uma monografia para uma banca examinadora, presencialmente. Só então ganhará o certificado de conclusão de curso. De acordo com Brelaz, o Brasil não tem cursos de graduação na área atualmente e Pernambuco é onde funciona a única especialização em parapsicologia. “Já existiram cursos tradicionais no Rio de Janeiro e Curitiba, mas fecharam com o tempo”, lamenta.

De 1984, 'Os Caça-Fantasmas' é um clássico da atividade paranormal  (Foto/Divulgação)

Uma dose de ceticismo e ciência

Parapsicologia x Religião

J.B: A ciência tem a sua delimitação. Então, a parapsicologia tem o foco no ser humano e as diversas situações e fenômenos que ocorrem com ele. Já a religião tem um enfoque diferente. Quando se fala em Deus ou em uma entidade transcendental, isso não é objeto da ciência. A parapsicologia estuda fenômenos que estão no campo da fé, e embora a fé seja deflagradora de muitos casos por causa do misticismo, mas não é uma profissão de fé, assim como nenhuma ciência pode se basear nisso. Os parapsicólogos usam uma metodologia científica padronizada para investigação e entendimento de determinados fenômenos, que em princípio o ser humano produz.

O título de “parapsicólogo” é reconhecido por quem?

J.B: O reconhecimento do parapsicólogo se faz através das instituições e associações a que pertence e das publicações que faz ao longo dos anos em fóruns, revistas e periódicos especializados. Os parapsicólogos que atendam os requisitos de associações mundiais têm reconhecimento internacional (por exemplo no IPPP há diversos parapsicólogos pertencentes a PA- Parapsychological Association, de atuação mundial). Porém, não existe parapsicólogo solo, que se autoproclama como tal.

Existe resistência ou preconceito da sociedade?

J.B: Por muitas vezes estarmos em volta do campo religioso e do que muitos consideram místico, mesmo que existam ferramentos científicos em nosso trabalho, existe um preconceito da sociedade que nos identificam como nebuloso ou uma fraude. Um outro problema é a própria deturpação de pessoas que dizem estudar a parapsicologia para ter um prestígio científico, mas na verdade são os verdadeiros charlatões e só querem roubar o dinheiro dos outros. A gente sofre por isso e também pela falta de conhecimento de outros cientistas que desconhecem o nosso trabalho e se acham no direito de nos desqualificar. 

Existe essa caricaturização dos profissionais?

J.B: Sabemos do estereótipo de que somos os caça fantasmas por causa das produções fílmicas no cinema, principalmente de Hollywood. É uma deturpação muito comum. O ‘caça fantasma’ é um termo que surgiu por causa de um filme 'Caça-Fantasmas (Ghostbusters, no original)', mas é impreciso. É diferente da nossa profissão diariamente. Existem pessoas que gostam de investigar locais ditos “mal assombrados” e elas são denominadas por esse termo. Mas, eu entendo que não se caça fantasmas, não é uma caçada. Existem instrumentos de medições para se procurar grandezas físicas. Por exemplo, de baixa temperatura no local onde se suspeita uma atividade paranormal, campos eletromagnéticos alterados, para dizer que aqueles locais são estranhos. Mas dizer que há fantasmas é um caminho longo.

As ferramentas de trabalho vão procurar obter a mensurações físicas nos devidos locais investigados. Temos medidor de campo eletromagnético, de temperatura e vibração, gravador de voz e filmadoras. Quando acontece um poltergeist, a gente procura medir isso porque naquele instante há uma deturpação do campo eletromagnético. Muitas vezes, as vozes só podem ser escutadas nos gravadores. Mas não é que a gente pergunta e o outro responde. Não é uma interação inteligente, isso é coisa do cinema. 

Casos marcantes em Pernambuco

J.B: Tinha o caso de um médico ginecologista que se dizia médium, mas a gente não conseguiu explicar porque ele não quis se submeter ao protocolo científico de pesquisa. Mas, em outros casos a gente consegue ter uma breve explicação porque temos um método, nada é feito por um "contato com o mundo transcendetal". Muitas vezes, a família não permite que possamos ir a fundo e investigar os fatos que elas apresentam e é um pouco frustrante. Há cinco anos, uma adolescente de Limoeiro apresentava mensagens em sua pele em algumas situações de estresse. Simplesmente apareciam dizeres e isso nos despertou muito interesse porque é raro. Fomos à cidade e precisávamos trazê-la para Recife no intuito de fazer uma avaliação psicológica. Mas a família era preconceituosa e não deixou que a gente seguisse à frente do caso. Então, o entendimento ficou pela metade porque não seguimos o protocolo de pesquisa.

Investigação x Faude

J.B: A alteração em fotografias ou vídeos é uma problemática que vários campos da pesquisa são impactados atualmente, não só a gente. Até programas de televisão passam por isso e criam quadros para desvendar se certa imagem é um mito ou uma verdade. Temos que aprender a lidar com isso e em alguns casos contratamos peritos para melhor investigar. Tem fotografias falsas que são mais simples de detectar, mas em outras, precisamos de um parecer técnico para avaliar a nossa suspeita. A finalidade do instituto é só se manter, mas ninguém vive disso. Ultimamente não cobramos para realizar atendimentos, pelo contrário. A gente que paga para se descolar e gasta dinheiro porque muitas vezes são pessoas pobres e mais carentes. 

Imagens da investigação no Forte das Cinco Pontas (Arquivo Pessoal)

Curiosidade*

Em 2016, o IPPP realizou uma pesquisa de campo nas dependências do Museu do Recife, conhecido popularmente como Forte das Cinco Pontas. A pesquisa foi efetuada pelo Núcleo de Investigações Psicobiofísicas (NIP), criado para realizar visitas em locais mal assombrados.

Na primeira noite, a equipe formada por oito participantes, dentre os quais dois diretores do IPPP e um sócio da Parapsychological Association, instalaram equipamentos especializados para captar imagens noturnas e realizaram rondas durante toda a madrugada. Para detectar possíveis fenômenos paranormais, a equipe utilizou termômetros, medidores de campo eletromagnético, gravadores e câmeras.

As rondas duraram até a madrugada seguinte. A análise de todo material gerou resultados avaliados como interessantes pela equipe. Foram captadas vozes paranormais muito claras, e uma imagem anômala foi registrada num túnel do Forte, chamado de túnel de fuga. Um relatório do que foi obtido foi entregue à Diretoria do Forte.

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