Em agosto de 1962, há exatos 59 anos, acontecia a estreia daquele que seria um dos maiores e mais populares heróis do mundo dos quadrinhos, o Homem Aranha. A revista que serviu como palco para apresentar o personagem foi a "Amazing Fantasy". Naquela edição número 15, aparecia pela primeira vez a história sobre um jovem adolescente, Peter Parker, que recebe a picada de uma aranha geneticamente modificada, e assim consegue os poderes do inseto. Ao longo dos anos, o herói foi apresentado em diversas histórias além dos quadrinhos, seja nos cinemas, na televisão ou nos videogames e ganhou popularidade em todo mundo.
De acordo com o quadrinista Hugo Maximo, existe um motivo central que levou o Homem Aranha a se tornar um fenômeno: a identificação. “Peter Parker é um perdedor, como a maioria de nós, na escola. É fácil vestir sua pele, seja nas revistas, no cinema, ou nos games. Diferente de um herói de dois metros de altura, com o Homem Aranha não precisamos fingir”, contextualiza o quadrinista. Hugo ressalta dizendo que essa mesma identificação aconteceu com ele. “Comecei a ler o personagem pouco depois dos 10 anos, logo após a morte de meu pai. A identificação foi imediata, não apenas pela perda da figura paterna do Tio Ben, mas também do Capitão Stacy”, explica.
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Além disso, o quadrinista comenta que existe um olhar mais humanizado, quando se trata dos heróis da Marvel, e mesmo que Peter Parker não tenha sido o primeiro personagem a fazer isso, foi com ele que essa ideia se cristalizou. “Os personagens da DC Comics são deuses tentando ser humanos. Já os da Marvel, humanos que tentam ser deuses. Ou seja, na DC, os heróis precisam se lembrar que apesar dos poderes, ainda são humanos. Já o Homem Aranha, estabelece para si um patamar muito alto, ‘com grandes poderes vêm grandes responsabilidades’. E o fardo é pesado demais”, esclarece Hugo.
É por conta desse tipo de dilema, que os leitores e fãs conseguem se enxergar no personagem. Segundo Hugo, este é um fenômeno que acontece há muito tempo. “A palavra herói significa semideus. Muitos acreditam que os gregos lidavam com sua religião, da mesma forma que lidamos com as nossas. E isso não é verdade. A mitologia grega era muito mais utilizada como metáfora do comportamento humano. Hoje a mitologia foi substituída pelos personagens da cultura pop. É em suas aventuras que refletimos sobre as nossas”. O quadrinista completa citando uma frase de Stephen King sobre o assunto: “pessoas de mentira revelam nossas verdades”.
Legado
Hugo explica que existe um legado deixado pelo herói aracnídeo. “Homem Aranha é sobre amizade. Sobre responsabilidade, família. Sacrifício. O personagem me ajudou a lidar com a perda quando eu era apenas uma criança. Esse é o seu papel na cultura pop”. O quadrinista ressalta que assim como aconteceu com ele, muito provavelmente existe alguma pessoa no mundo, que está consumindo as histórias do Homem Aranha, e estão se identificando e se sentindo melhor.
Recomendações de histórias do Aranha
Além de trabalhar como quadrinista, Hugo é fã das histórias do herói e recomenda algumas aventuras de Peter Parker para todos aqueles que gostam do personagem. Nos quadrinhos, Hugo cita que a edição 31-33 de "The Amazing Spider Man", chamada “Se Este For Meu Destino” (1965) é um dos grandes arcos que todo fã deveria ler. Já no cenário dos videogames, o jogo “Spider Man” (1982) para o console do Atari é interessante para dar uma nova perspectiva aos jogadores. E nos cinemas, a nova versão do herói, interpretado por Tom Holland, também vale a pena conferir.